27 de dez. de 2013

a tal da retrospectiva

"3. Eu estou viva. 2mil&13 me matou um bocadinho. Geralmente os ímpares me matam, nos anos pares eu colho. Parece coincidência, mas não é. Os ímpares matam (morrer é importante, deus me livre ser highlander) os pares acompanham, te dão suporte."
Li isso aqui. Fez total sentido. Talvez não do sentido pretendido, mas é assim não é? As palavras depois de ditas, tomam vida própria.

Esse ano foi maravilhoso, cheio de esclarecimentos e eventos. Mas por que não consigo me sentir assim agora, então? Agora tem o vazio e o sentimento de culpa. Sei que não deveria me queixar, tive um ano incrível e existem tantas outras coisas realmente difíceis. Um coração partido é apenas um coração partido até que ele se complete de novo e o ciclo se repita.

Sinto dor por ter falhado mais uma vez. Uma amiga solteira afirma que ela já sabe com quem vai casar, mas que no momento não é parar eles estarem juntos. Concluí que é isso que eu sinto. Quando finalmente me entreguei a todo sentimento, mandei uma mensagem dizendo que tínhamos todo tempo do mundo, porque eu não me imaginava mais sem ele. Continuo pensando a mesma coisa e estou me complicando.

Agora existem dias em que tudo é maravilhoso e quase não me sinto culpada por sorrir, entretanto a maior parte do tempo me sinto mal por ter provocado uma sensação tão terrível em quem eu amo. Eu queria entender porque eu gosto tanto de ti. Queria entender porque sinto como se nunca fôssemos conseguir ficar juntos. Quem sabe realmente não sejamos feito para estar juntos! Será que estamos insistindo em uma ideia fixa que nunca dará certo? Será que isso é amor?

Eu só queria o teu companheirismo e a tua risada estranha. Queria acordar contigo sempre, só para te ver sem óculos e não ser xingada por isso. Tu vais ficar guardado pra sempre. Agora eu preciso seguir a minha vida, de novo. E sozinha, de novo. Não vou morrer chorando dessa vez. Não vou dizer que nunca mais vou me apaixonar de novo e que o amor é uma merda. As coisas não são assim. O que falta é timming, não amor.

Aproveitando que 2013 foi um ano de descobertas e muito auto conhecimento, entro no clima de 2014. Ainda existem muitos obstáculos (internos e externos), e com certeza tudo que eu sinto agora já faz parte do primeiro desafio de 2014. Que venha o ano par!

3 de dez. de 2013

estação dos plátanos

A primeira coisa que a minha mãe me levou a fazer depois de quase 3 meses em Porto Alegre internada, foi ir até a igreja do calçadão (não sei nomes) e acender uma vela. Durante anos, a cada aniversário ela me levava para acender uma vela. Daqui a 10 dias, completo 20 anos e há uns 5 anos não acendo mais velas. 

A cada consulta em Porto Alegre, eu penso naquela igreja e agradeço. A cada véspera de aniversário e a cada virada de ano, eu agradeço. A cada vez que eu acordo naquela sala branca totalmente higienizada depois de uma cirurgia, ainda meio abobada, eu agradeço. Agradeço mais ainda por não proporcionar aos meus pais um sofrimento tão grande. Eu percebi que não acendia a vela por mim, acendia pela minha mãe que ficou do meu lado no sofá do hospital de uma cidade desconhecida, segurando a minha mão. Ela que rezava todos os dias. Eu tinha 8 meses, eu nem lembro e nem entendia o que acontecia. Hoje eu também agradeço por não lembrar, deve ter sido uma dor muito grande.

Todos são sempre muito gratos por eu ter sobrevivido (alguns me chamam de guerreira) mas eu não lembro! A minha família sim que é guerreira. Eles lembram e eles tem consciência de que podiam me perder. Eu? Só no instinto de sobrevivência. A cada aniversário tem a sessão nostalgia: 'Ela era tão pequeninha, cabia numa caixa de sapato! Agora está aí grande, já está fazendo *insira a idade aqui* anos!' e a fala é seguida de um afago no cabelo. 

A cada ano eu não acendo mais a vela, mas com certeza agradeço. Não sei direito para quem, mas agradeço mesmo assim. Agradeço por fazer parte da melhor família do mundo, por ter tido a oportunidade de conhecer toda essa gente exótica e companheira. Agradeço por todas as coisas boas que aconteceram e sobre como tudo deu certo. Agradeço pelas aventuras que ainda vão se seguir. Agradeço sem pedir nada. Agradeço pelo que vier, seja bom ou mau.

Em todos os momentos em que me sinto pra baixo, penso que se um bebê sobreviveu, eu sobrevivo também e é isso que me faz continuar. Nada é tão grande assim que dê para lidar. De todos esses anos, aprendi a viver a vida a cada dia, com mais calma e agradecendo sempre.

Estamos todos vivos, quer presente maior que esse?


30 de nov. de 2013

a saudade é parte do pacote

Redemption Song me lembra dias ensolarados a beira da piscina, lembra uma amizade linda e muitos gritos cantantes entoando as músicas do Bob Marley. Eu perdi aquele DVD. O momento ficou gravado antes da grande viagem, que mudou tudo. 1 ano é muito tempo e mudar é preciso.

Eu lembro daquela correria, sempre juntos e sempre na casa de alguém. A minha casa fica triste agora, sabe. Não tem mais aquelas gaitadas, a cozinha está sempre limpa, a TV da sala já nem existe mais, o meu colchão nunca mais saiu da minha cama e apareceu magicamente no tapete da sala. Eu fazia tudo isso pra ti.

Sinto falta da tua amizade. Muita. Sinto falta da convivência e das ligações bêbadas no meio da madrugada. Sinto falta das invenções, dos sonhos sempre muito altos. Eu ainda quero fazer aquela viagem de combi hahaha
Pra mim, tu tem cheiro de família. Todo dia eu lembro de ti, seja por algum assunto, seja por alguma memória. A minha casa sente a tua falta e eu sinto falta da tua casa. Espero que tu saibas a tua importância! Tu foi uma das pessoas que ajudou a formar a minha personalidade.

Dezembro já está aí e acho que já podemos começar a comemorar o teu aniversário :D

27 de nov. de 2013

as impressões que ficaram

Hoje eu percebi duas coisas, a primeira é que me atinge profundamente ver tu te destruindo e a segunda é que eu acho que sou rancorosa. Não sei se rancorosa é a palavra certa, mas todo dia que eu te vejo eu lembro de tudo que a gente já passou. Eu lembro de todas as vezes que eu me senti insegura e de todas as vezes que o orgulho foi maior. Lembro dos meus arrependimentos e das decepções, quando eu engolia o orgulho ficando disposta a me 'arrastar' e perceber que eu fui só mais uma, trocada facilmente e na velocidade da luz.

Sim, é verdade que hoje ainda estamos aqui e que então eu não fui trocada, mas demorou muito tempo. Foram anos e anos sozinha e pensando em tudo que se pode imaginar. Tudo que eu senti contigo formou grande parte do meu jeito de ser em relacionamentos. Aprendi a não me deixar ser mais insegura e isso minou o meu ciúme. Ao invés de nunca mais confiar, eu escolhi sempre confiar. Eu escolhi quebrar a cara sim, mas pelo menos sentir alguma coisa. Foi um longo caminho até abrir o peito e pedir tapa na cara ao confiar nas pessoas.

Os meus relacionamentos que se sucederam foram todos na base da confiança, até porque na maior parte do tempo eu nem sabia onde eles realmente estavam e só me restava confiar. E não é confiar-desconfiando, é confiar de verdade, pensar que foi 1 ano difícil, mas sincero.

Eu me comprometi contigo e eu confio, simples. Quem sabe eu poderia ter todos motivos do mundo para desconfiar, mas eu realmente não quero mais ficar pensando no passado.  Dá para ter ciúmes do passado? É o que eu tenho! Tenho ciúmes de todos momentos nos quais poderia ter sido eu quem estava do teu lado mas não estive. Quando me coloquei na linha de frente do fogo cruzado que é a minha família, eu era pra ter pensado também em todos os sentimentos que ainda guardo porque, meu bem, foi tudo muito difícil. 
Eu tive que amadurecer tanto quanto tu. Tive que aprender a deixar as coisas acontecerem fora do meu controle, mesmo sabendo de tudo que aconteceria em seguida. Mesmo assim, tentei estar do teu lado e quem sabe esse foi o meu erro. Me coloquei em uma posição que não deveria e nem tinha emocional para. E mesmo assim eu confiei. Confiei sem nem estar presente na tua vida, confiei quando tudo estava um caos.

Foi muito difícil e me dá orgulho ver que hoje eu sei separar um pouco as coisas. Foi difícil demais para alguém com tão pouca idade. Ver que existem outras pessoas passando por isso hoje, me faz ter empatia porque eu sei como é estar naquele lugar e ter todas aquelas dúvidas que se misturam com raiva e desespero. Quando eu soube, a primeira coisa que eu pensei foi que nada mais seria igual, nunca mais teríamos uma chance. E foi desesperador porque eu sabia que precisava de mais uma chance.

Por isso eu te peço desculpas, eu realmente preciso trabalhar para esquecer isso de uma vez, aceitar que aconteceu e que agora é passado. Preciso não ser tão turrona em algumas opiniões e perceber que nem todo mundo é igual a mim. A grande pergunta agora é: como se esquece de algo que machucou tanto e que vai estar presente todos os dias enquanto a gente viver?

25 de nov. de 2013

together

O meu amor mudou, ficou mais silencioso, compreensivo e contido.
Fiquei mais observadora e prevejo um problema. Eu me preocupo demais. É problema quando tu quer tanto que uma coisa dê certo e então fica pensando em todas coisas que podem dar errado e tentando evitá-las? Entre tudo que pode nos afastar eu consegui reduzir a apenas o que envolve diretamente nós dois. 

Agora penso no que me fez acreditar que nessa chance, daria certo. São essas as metas que eu mantenho erguidas, sem esquecê-las. Eu estou feliz demais e a cada vez que penso nisso, morro de medo das coisas saírem do controle.

Eu me preocupo com os níveis de ansiedade e no que isso representa. Eu posso te ajudar. Vivi com esses mesmos sentimentos durante tempo demais, e não que isso tenha me dado sabedoria sobre o assunto, mas me deu muita dor de cabeça e problema: coisas que eu não quero pra ti. Espero que possamos refletir sobre tudo que nos levou até aqui. Realmente acredito que tudo acontece por um motivo e se nós ainda estamos aqui é por que precisamos passar por essa experiência, caso contrário a gente só vai ficar dando círculos e voltando um para o outro.

Aceitei que preciso passar por essa experiência e agora preciso saber porque. Quero que tu me ajudes me dando coragem, tu sabes como enfrentar as coisas.
Eu quero o auto conhecimento, quero a felicidade das pequenas coisas. Queria ter escrito esse texto ontem, te vendo dormir, roncar, respirar pesado e até resmungar umas coisas sem sentido mas fiquei com medo de te acordar (era óbvio que eu não ia conseguir). A verdade é que me desaponta quando tu vais silenciosamente para a cozinha. Na minha cabeça a gente já passou por tanta coisa que não faz sentido jogar essa ansiedade em velhos vícios, ao invés de voltar na mente e pensar porque mesmo tu canalizas toda esse sentimento em autodestruição?

Eu quero te ajudar mas tu precisas te ajudar. Eu quero te ajudar mas preciso que tu me ajudes. Eu quero me ajudar e preciso a tua ajuda.
Eu te amo.

4 de nov. de 2013

escolhas

Durante essa semana me perguntaram porque eu queria te ver e não soube o que responder. Mais tarde fui descobrindo que a raiz do problema é bem mais profunda e complicada do que a minha resposta pronta 'só para te ver, somos amigos'.
Envolve a auto-sabotagem que insisto em utilizar quando as coisas parecem ótimas. Envolve o medo de tomar decisões sérias e claro, o hábito.

Me desculpa, eu falei que iria te ligar e não liguei. Nem para dizer que não te veria, nem pra nada. Espero que tu entendas que te ver me faria duvidar de tudo que já tomei como certeza. A verdade é que eu queria te ver para ter um motivo de fugir de tudo que sinto como sempre.

Não liguei e nem tenho coragem para chamar na internet porque estou desencantada. Tudo que achei que fosse perfeito para o momento se mostrou inconsistente e um tanto frio demais. Alguém que todos definem como o namorado perfeito pra mim acabou por ser apenas uma ideia maluca e eu sinto muito por ter pensando em algum momento da vida que tudo poderia se resolver com um pouco de boa vontade. Mas principalmente eu peço desculpas pelas vezes que eu te coloquei em situações forçadas.
Mas aqui estou eu com uma pessoa que já tenho historia e que não seria a melhor escolha pros outros. A verdade é que um falta onde o outro ganha e agora os meus requisitos mudaram. Por isso eu não te liguei e por isso eu insisto em não conversar.

Não sei se faz sentido mas eu realmente peço desculpas por tudo que a gente poderia ter sido e por tudo que eu sempre quis que fôssemos. O que eu preciso agora mudou e eu tive que manter a decisão, para o meu bem.

"Carol, tu tens que escolher, ou um ou outro. Pra que tu vai ver ele? Pra te abalar? Não é hábito?"

Fica para uma próxima.

1 de nov. de 2013

a positividade após a preguiça

A verdade é que eu já estava decepcionada com o Universo. O último mês foi repleto de altos e baixos onde eu me apaixonei e desapeguei rápido demais. 
Estou acreditando em nós e espero que depois de 7 anos ambos tenham amadurecido individualmente o suficiente. Me agrada ver que tu tenhas objetivos que caibam na minha concepção de vida.

Espero que tu saibas o quanto isso está significando pra mim porque eu com certeza vou enfrentar muita gente de quem a opinião pra mim, conta. Realmente acho que seja a coisa certa a ser feita e acho que depois de todo esse tempo, a gente merece.
Sempre exaltei o que não daria certo mas esqueci o quanto eu me divirto do teu lado e o quanto eu me sinto segura.

Existem coisas que são problemas teus e tudo que eu posso fazer é te apoiar. Finalmente compreendo que eu não ganho a tua vida junto, eu escolho fazer parte dela. Acredito que eu possa te ajudar, acredito que tu possas me ajudar a descolar o final do cordão umbilical que eu insisto em ter. Tenho visto que existe uma abertura maior da tua parte e é essa abertura que me surpreendeu.

Precisava de uma injeção de felicidade, obrigada.

Good Times Bad Times - Led Zeppelin

16 de out. de 2013

coitados dos que não sorriem

Sabem aqueles dias onde nada vai te fazer sorrir e tudo parece trabalhoso? Foi ontem. Acordei bem, mas de mau humor e a medida que o tempo foi passando, foi tudo piorando. Até que me peguei no meio da aula de física olhando para a classe, melancolicamente emocionada. Aquele branco parecia um creme e olhava fixo para a minha alma.

Mas ontem não foi de todo perdido! Tenho certeza que ao olhar para trás vou lembrar da vez que aproveitei a gaveta de aulas para uma pausa no bar próximo ao campus e vou lembrar da conversa filosófica da beira da calçada. Puro momento de amizade! Nem vou lembrar que estava triste.

O dia de ontem valeu pela conversa e pelo ninho de batatas, bacon e queijo que me permiti de janta e ao meu ver, já são dois bons motivos. O dia de hoje está valendo pela aula que terminou mais cedo e me permitiu voltar para casa tomar chimarrão no meio da manhã e almoçar com a minha família. E, bem, olha o sol entrando pela janela.

A vida é trabalhosa mas a todo dia existem confirmações de que vale a pena.

14 de out. de 2013

não quero fazer besteira

Finalmente me conscientizei de que sou impulsiva e instintiva e acredito que a combinação seja extremamente perigosa. Não sei agir devagar e quero tudo pra ontem, numa dessas sempre meto os pés pelas mãos.

Quando eu gosto, eu gosto. Não encaro como cobrança, até porque não gosto que me cobrem, eu pergunto. Sobre tudo. E sem medo que me respondam o que uma guria normalmente não gostaria. E se responderem, eu ainda comento. Mas claro, até que a pessoa me conheça, eu posso passar por exigente e louca. Mas eu me conheço e sempre acho que não tem nada demais porque eu não vejo problema.

Espero que os meses de discussão psicológica se mostrem e me acalmem um pouco.

sinto muito?

to aqui de novo pra falar de ti. te pedir desculpa. acho que não tenho coragem de falar isso pessoalmente. acho que coragem não é a palavra, talvez necessidade seja melhor. olha a gente, vê tudo que a gente já passou! realmente acho que pedir desculpa é importante, mas quem sabe um dia.

tu tem um espacinho guardado no meu coração e tudo que eu já te falei foi verdade. acho que nunca tive emocional pra lidar com o 'nós' e aí vai mais um pedido de desculpas. durante um tempo eu não sabia o que sentia por ti, se eu ainda gostava, se era raiva, indiferença ou tudo junto. eu gosto, sempre vou gostar. raiva? de já ter 'cantado a pedra', de ver tudo se 'desfazendo'. indiferença eu acho que nunca consegui (embora que por um tempo tenha desejado).

muito prazer, sou a Carol. conhecidos então?

9 de set. de 2013

timidez mata o pseudo-futuro

Hoje pode ter sido a última vez nos próximos anos que eu te vi assim, ao vivo. Como sempre eu fiquei apavorada, mãos tremendo e estômago embrulhado e tudo. Sempre penso no que poderíamos ter sido, mesmo que o mais provável fosse continuar não sendo nada.

Quando entrei no ônibus e vi o teu olhar perdido através da janela, pensei na merda que eu tinha feito ao falar tudo que eu sentia, há alguns meses atrás. E fiquei mais nervosa ao pensar que tu podias estar pensando nisso também. Nesse meio tempo eu fiquei pensando no teu sorriso ao me dar oi e nas confusões que aconteciam sempre que tentávamos passar do 'oi, tudo bem?'. Quando tu saíste do ônibus já havia mudado de ideia, não me arrependo. 

Eu acho que gostaria de escutar as coisas que falei pra ti. Gostaria de saber que sou importante pra alguém que participou da minha vida por alguns dias, há muito tempo atrás. Vejo hoje tanta gente que deu errado e eu penso em ti e vejo o cara que evoluiu demais. A verdade é que espero ouvir muito o teu nome e sempre vou pensar com carinho no que 'escapou'. 

6 de set. de 2013

sobre a sociedade e valores

Rio Grande, cidade pequena querendo virar cidade grande mas no momento só tendo problemas de cidade grande.
Nunca vi tanta gente se matar como estou vendo. Quase todo dia a jornalista fala sobre um homicídio e eu fico pensando que tipo de avanço é esse. Pra mim a gota d'água foi quando um homem claramente com problemas (sejam eles mentais ou adquiridos) atirou a esmo e acertou em um inocente. A jornalista foi lá ser jornalista e gravar a notícia na frente da casa do cara que atirou, que por sinal tem uma mãe velhinha. As pessoas tacaram pedras e tudo mais.

Isso é civilização? Ok, o cara matou uma pessoa mas ele também é uma pessoa. Tem uma mãe velha que tenta cuidar dele quando ele deveria cuidar dela. Ele tinha problemas com drogas e era mentalmente instável, pelo que disseram. E a mãe, como se sente com isso? Daí quem era pra manter a neutralidade vai lá expor a família do cara que matou para que todos sejam execrados pela população!

Cadê a empatia? Sim, ele tirou uma vida humana mas a mãe dele não merece isso. Com certeza ela tentou pelo menos um pouco salvar o filho. Vejo muitas pessoas se colocarem no lugar da vítima mas e do assassino? Melhor, da família do assassino que tem que lidar com isso no mundo real? E alguém já tentou pensar que se o mercado de drogas não fosse tão livre isso talvez nunca teria acontecido? Porque claramente a metade dos homicídios que estão acontecendo são ligados ao tráfico de drogas.

É isso então e eu preferia que Rio Grande continuasse pequena.

29 de ago. de 2013

Carta Aberta

A gente perdeu o timming e sei lá eu mais o quê.
Perdemos o ponto da paixão onde tudo que importa é a outra pessoa e acho que isso não tem volta. Virou teimosia e uma série de tentativas em capítulos diferentes. Será que a gente sempre vai ser paralelos? Se acompanhar, de longe?
Porque sempre que as coisas vão dando errados e caindo, uma a uma, eu penso em ti? Mania louca essa e autocontrole maior ainda. Queria saber porque a ideia de estar juntos nos faz tão bem, se na verdade a execução é desastrosa. Será que só eu acho desastrosa?

Não sei se eu confio em ti e um dia eu queria que tu fosse sincero comigo. Quem sabe em 2015 a gente sente pra conversar e fique claro porque coisas como fazer ciúme no outro e monitorá-lo se tornaram usuais.

Maior situação não resolvida (será?) da minha vida.

"Love is our resistance,
They'll keep us apart and they won't stop breaking us down"

20 de ago. de 2013

a tal da simplicidade

Acho que tenho um gosto bem bagual. Na verdade, eu sou bagual. Bagual... grossa, rude.
Me interesso por uma literatura direta, sem floreios e para alguns, até desagradável. Na pintura vejo confusões, 'coisa de gente louca'. De certa forma, o mais simples pode ser o mais complicado. Nirvana. Até na música!

Isso é reflexo da personalidade, de alguém que nunca se importou em comunicar, simplesmente. Sinceramente não entendo o que mascarar a realidade pode colaborar. O engraçado é que sempre que posso, mascaro a verdade de mim mesma.

A única coisa que me importo é que talvez eu seja má interpretada pelas pessoas que amo e é por isso que tento ser um pouco mais delicada no meu jeito de falar. 
Na verdade, acredito que eu era outra pessoa por que acreditava que seria feliz numa floresta de concreto, trancada em um escritório, enfrentando trânsito pesado para voltar para um apartamento de um quarto. Vida cinza não é o que eu quero pra mim.

Quero o simples, quero aproveitar o sol e poder ter um pátio. Quero poder ser abagualada e poder ter uma duna dentro de casa e quero também não depender de alguém para cortar a grama e varrer a duna para fora da minha casa. Quero uma grade de horários que mude, assim como eu. Quero todas experiências que eu puder ter.

Quero poder continuar tendo ideias mirabolantes dentro do ônibus e não ir a um café com o notebook, mesmo que isso soe bem melhor. 
O importante é que a única coisa cinza seja o meu husky.

13 de ago. de 2013

Vincent

Setembro de 1888

(...) Parece que no livro Minha Religião Tolstói insinua que, independentemente de qualquer revolução violenta também haverá uma revolução íntima e secreta nas pessoas, da qual ressurgirá uma nova religião, ou melhor, algo totalmente novo, que não terá nome, mas que terá o mesmo efeito de consolar, tornar a vida possível, que outrora tivera a religião cristã.

Parece-me que este livro é bem interessante, acabaremos fartos de tanto cinismo, de tanto ceticismo, de tanta zombaria, e desejaremos viver mais musicalmente. Como isto se dará, e o que encontraremos? Seria curioso poder predizê-lo, mas ainda vale mais pressentir isso em vez de ver no futuro absolutamente nada além de catástrofes, que contudo não deixarão de se abater como raios terríveis sobre o mundo moderno e a civilização através de uma revolução, ou de uma guerra, ou de uma bancarrota nos Estados carcomidos. Ao estudarmos a arte japonesa, veremos então um homem incontestavelmente sábio, filósofo e inteligente, que passa seu tempo como? Estudando a distância da Terra a Lua? Não. Estudando a política de Bismarck? Não. Apenas estudando um talo de capim.
Auto-retrato (1888) 

Mas este talo de capim leva-o a desenhar todas as plantas, a seguir as estações, os grandes aspectos das paisagens, enfim, os animais, e depois a figura humana. Assim ele passa sua vida, e a vida é muito curta para fazer tudo isso.

Ora, não é quase uma verdadeira religião o que nos ensinam estes japoneses tão simples que vivem na natureza como se eles próprios fossem flores?

E não poderíamos estudar a arte japonesa, parece-me, sem que nos tornássemos muito mais alegres e mais felizes; e é preciso que voltemos à natureza apesar de nossa educação e de nosso trabalho num mundo de convencionalismos.

(...)
Retirado de Cartas a Théo pg. 271 e 272

11 de ago. de 2013

essa gente estranha na minha cidade

Acho que faz parte do ser humano exaltar o lugar onde nasceu e seu modo de vida. Aqui no sul existem muitas coisas erradas mas ao meu ver, nada supera um domingo frio e ensolarado na Praia do Cassino. Ali tem alegria (de uma família pouco descompensada para o riso), comida boa, o barulho do mar revolto algumas quadras para baixo, chimarrão, (a criança mais linda do mundo), uma gritalhada, as árvores sem folhas, e quando vamos embora o cheirinho de lenha queimando na lareira alheia.

Agora que sou obrigada a ter convívio com um pessoal de todos os cantos do Brasil, sinto que é a minha obrigação mostrar o lado bom do meu lugar e fazê-los sentir como em casa. Assim como sei que quando eu for visitá-los, me tratarão da melhor forma possível. Mas e quando as pessoas não aceitam?

"Será que você está realmente onde gostaria de estar?" Acredito que não importa o motivo da mudança, tu vieste e deu, agora é lidar com a adaptação. É ignorância negar a cultura local, falta de humildade em admitir que quem mora aqui sabe sim, muito mais, do que tu que recém chegaste. Os costumes podem parecer tolos para ti, mas sempre lembra que a recíproca pode ser verdadeira também.

Não é querer acreditar em destino ou força maior, porém eu acho que se tu tomaste uma decisão, foi por um motivo e tu deves estar (ou entrar) em equilíbrio emocional e viver com ela. Caso contrário, vai logo pro lugar onde tu queres estar, senão tudo que emanas é energia negativa e insatisfação.

Englobar não é renegar. Aceitar que o Brasil é enorme e que as pessoas desenvolveram técnicas de adaptação não quer dizer que as técnicas daqui são melhores que as de lá. A faculdade é mais uma das formas de aprendizagem e ter o jogo de cintura de agregar e (permitir) ser agregado vale mais (no mundo real) do que saber toda teoria.

Acima de tudo, saber para onde se está indo e perder um pouco de tempo pesquisando sobre o estilo de vida local pode te impedir de tomar alguma decisão errada ou cometer uma gafe. Como falam, se a vida te deu um limão, faz uma limonada. Ajuda dar o braço a torcer também.


verãozão, calorão, cassinão
Por isso, não enche o meu saco.

23 de jul. de 2013

ó frio

Descobri mais uma mania: tocar nas coisas. Pode ser interferência do meu afilhado que assim como qualquer criança quer tocar em qualquer coisa que vê pela frente (felizmente ele aprendeu que nem tudo deve ser colocado na boca). Agora eu vejo tecidos e quero senti-los.

Pois então veio a massa de ar polar que, aparentemente, nem tem muito a ver com tudo. O grande problema é a incapacidade que tenho em aquecer as mãos. E alguém sabe como é bater o dedo gelado? Parece que vai cair!
Num passe de mágica parei de tocar em tudo que via pela frente e o mais engraçado é que eu não uso luvas justamente para não perder o tato. Fico com dedos gelados, medo de esbarrar em algo e perder a mão e sem as sensações incríveis de experimentar o mundo como uma criança querendo expandir seu conhecimento em texturas.

Porque isso é relevante? Por que eu acredito que o dia só vale a pena se experimentamos alguma sensação diferente.

22 de jun. de 2013

com organização, existe tempo pra tudo

Eu nunca entendi direito o porque as pessoas não gostam de estudar. Quando o professor te coloca empecilhos e tu realmente não gosta da matéria, tudo bem. Mas e quando tu escolheu o que estudar? Porque não gostar?

Estudar em um sábado de sol, a tarde não é pra todos mas é melhor que estudar à noite... ou no domingo. Eu escolhi o curso da minha faculdade, eu tenho que gostar do que eu estudo senão é perda de tempo e daí, qual o ponto? Ok, não é toda grade curricular que tem seu lugar no meu coração mas se começar a estudar é tão ruim assim pra ti, começa pelo que tu gosta mais, só pra pegar o ritmo.

Na faculdade as pessoas precisam entender que as tuas notas (e a frequência linda) vão ser, inevitavelmente, um reflexo quase determinante de quem tu é na hora de te escolherem para uma bolsa ou um intercâmbio. Ou ainda, o teu conhecimento vai ser o valor determinante do teu emprego e consequentemente do teu salário e da tua felicidade ao longo da vida. 

Eu acho que o fim de semana é supervalorizado, mas este problema interfere no alto consumo de álcool e com a ideia de quem é legal é porque fica muito bêbado e pega todo mundo. Interfere também nas coisas que as pessoas fazem obrigadas durante a semana porque ou não sabem construir seu horário ou realmente não tem escolha.
Sim, o fim de semana é folga, tempo livre para curtir a vida. Às vezes a semana é muito pequena ou a grade com poucos horários livres. Eu pessoalmente prefiro fazer tudo continuamente por que funciona melhor no meu dia-a-dia. Se pra ti funciona fazer tudo na última hora, tranquilo. Mas por favor, não vem me dizer que porque é sexta-feira não é um bom dia de estudar. Eu, por exemplo, não estudo as quartas, é sagrado! Eu entendo que quarta-feira é dia de futebol e eu bebo em plena quarta, sim.

É tudo relativo mas nem por isso eu vou lá e digo que quem estuda quarta é retardado ou 'loser'. Por favor, parem de ser tão estereotipados e pensem no futuro. Principalmente, pensem no presente e no devido funcionamento de cada um. Não é porque eu sou diferente que sou pior. 
Mais respeito por favor, um comentário pequeno pode machucar.

17 de jun. de 2013

vem pra rua!*

Nessa semana participo da Semana Acadêmica de Oceanologia e durante a solenidade de abertura fomos convidados a entoar o Hino Nacional Brasileiro, tudo na maior normalidade. Entretanto a minha cabeça fervilhava de ideias! Sim, fui tocada pelo amontoado de manifestações que eclodiram em todo Brasil. Atualmente, eu nem dou muita importância pelo ideal que iniciou toda essa confusão e eu não falo sobre os R$ 0,20. Falo sobre os movimentos partidários contra o governo atual e toda essa politicagem que sabemos estar envolvida.
Acontece que agora eu acho que isso já foi ultrapassado. Os próprios manifestantes estão repudiando quem leva bandeiras nos protestos. Já estamos tão desgastados que o problema não é mais quem fez, porque falando a verdade, todos fazem... é só pegar um livro de história do Brasil.
Eu que sempre dizia ser antes gaúcha do que brasileira, senti o chamado.

Hoje, depois de todo esse arrepio ao cantar o Hino do Brasil, esperei o Hino do Rio Grande do Sul, que sempre toca sequencialmente nas solenidades daqui... e ele não veio. Estranhei e olhei ao redor. Ninguém estranhou! Eu estava em uma sala com gente de todos os cantos do país, onde o que nos unia era a Oceanologia e o Brasil. Só. Não existia lugar para bairrismo.

As pessoas estão ignorando o futebol e protestando por mais saúde, educação e etc! Isso é real e é demais! Ainda não acho que mudaremos o Brasil mas ver toda essa gente saindo as ruas, saindo do seu comodismo e se unindo por uma causa, é notável, no mínimo. Talvez falte organização, tenha dado alguns problemas de vandalismo e outras coisas mas faz tempo que atos como este não são realizados e estamos enferrujados.
Eu lembro de ler sobre as Diretas Já e ouvir o depoimento da minha mãe que pintou a cara e foi as ruas e pensar que devia ser muito legal ter esse sentimento grande dentro do peito. Agora é a minha vez e eu não vou me sentir manipulada pelo partido X porque não é mais essa a questão, embora ela tenha colaborado para a disseminação do movimento.

A verdade é que o poder está recuando e aos poucos vão pipocando notícias que demonstram isso. Eu que pena que a guria aquela teve que tomar borrachada na cara para que a mídia começasse a ser um pouco menos idiota nas suas coberturas, mas fazer o que!
É válido participar, é válido mostrar sua insatisfação e continuar mostrando sua insatisfação porque existem MUITAS questões erradas e agora, o que poderá nos colocar nos livros de história é a constância do movimento e o protesto pelas causas certas, grão após grão. 

Hino nacional - protesto paulista 17-06


*Vem pra rua: Uma das sacadas mais geniais que eu vi nos últimos dias.

27 de mai. de 2013

certas provas da vida

Com tanta gente longe e de longe, a minha vida tá uma loucura. Ao ver os meus novos coleguinhas darem adeus a vida que levavam na sua cidade e vir pra minha, sem pais e aparentemente sem responsabilidades (só no final do primeiro mês que essa parte vai importar), decidi acompanhá-los e fazer só festa também.

As comparações são inevitáveis, seja com o curso de Física, seja entre as diferenças nos hábitos que pessoas do mesmo país têm, e percebi que com pouco mais de duas semanas de aula nós já nos entrosamos demais, apesar dos pesares. Daí surgem as minhas loucuras psicológicas de começar a traçar um perfil das pessoas. Está todo mundo iniciando sua vida adulta, morando sozinho e tendo responsabilidades como lavar roupa, fazer supermercado (ler com sotaque interiorano paulista) e arrumar a casa. E eu? Eu lavo roupa e cozinho, mas não me sinto adulta. Não me sinto solta!
Comecei a pensar e se quero (tentar) acompanhá-los, tenho que, no mínimo, começar tendo a coragem que eles tiveram. Tem gente da Bahia! Eu não sei se teria coragem de me mudar pra Bahia só pra fazer faculdade!

Falei. Falei tudo que estava preso na minha garganta. E cansei de falar! E me tremi de tão nervosa! E tenho me sentido muito melhor. Eu tinha medo de conhecer tanta gente nova, essa é a verdade.
Parei de tentar e fui ser, junto dos meus coleguinhas, tendo certeza de que é esse tipo de vida que eu quero pro futuro, afinal, estamos todos no mesmo barco.

2 de mai. de 2013

a vida é realmente muito curta...

cá estou eu num início de noite chuvosa. tenho lido bastante (mais do que o normal) sobre intercâmbios e em todas maravilhas do mundo lá fora. sinto aquela vontade desesperadora de ir, levantar da cadeira, fazer uma mala equilibrada e sair caminhando, simplesmente.
sempre tive essa vontade mas também sempre fui medrosa. tinha medo até da minha sombra e normalmente tenho esses picos de coragem/medo. tem alguma coisa mudando em mim (ó a terapia).

em uma das 'últimas' conversas com um grande amigo ele meio que falou sobre o meu futuro (vidente?), sobre como as nossas vidas seriam incríveis e sobre como nos visitaríamos nesses lugares incríveis. sonhadores. mas ele, eu sempre enxerguei como, além de sonhador, um obstinado. eu, sempre me vi como sonhadora apenas.
por mais que aquela conversa tenha se apagado pela fumaça e pelo frio, eu acho que agora está na hora de planejar o plano prático de toda teoria que eu tenho adquirido nestes anos de internet. agora que eu estou a duas semanas de realmente começar a estudar a minha profissão, acho que está na hora de pegar um caderno, decidir as prioridades e DAR VIDA aos meus delírios.

não é de hoje que a confiança em mim mesma está aumentando e eu realmente quero aproveitar todo o meu potencial, me testar. até resolver um problema de assistência técnica eu consegui (depois de quase 3h de telefone)! 

daqui


agora, só o céu é o limite. por enquanto.

17 de abr. de 2013

XXXVII

"De tuas cinzas nascerão
tchecoslovacos ou tartarugas?

Tua boca beijará cravos
com outros lábios vindouros?

Mas sabes de onde vem
a morte, de cima ou de baixo?

Dos micróbios ou dos muros,
das guerras ou do inverno?"


Pablo Neruda

4 de abr. de 2013

gente estranha e autentica

Acho engraçado como os idosos puxam assunto com estranhos. Não sei se é só comigo mas em qualquer lugar que eu estiver, com ou sem fones de ouvido, se eu estiver esperando alguma coisa ao lado de alguém, essa pessoa vai puxar assunto comigo.

Hoje eu estava esperando o ônibus e quando cheguei, já havia um senhor ali. Depois de uns cinco minutos, o senhor aproveitou para perguntar se tal ônibus passava por ali e me contou que o neto dele não queria nada com nada, daí mandaram o guri (que devia ter a minha idade) pro exército. Falou ainda da diferença que a cidade estava, cheia de gente de fora e que nós daqui éramos burros que não havíamos nos qualificado e agora só sobrava emprego ruim e que, acho que que por causa disso, ele não via dinheiro na casa dele.

Chegou o meu ônibus e eu tive problemas em me despedir. Não sei porque mas nunca sei o que falar, porque embora eu sempre pegue ônibus no mesmo local, nunca mais vou ver aquela pessoa e mesmo que eu veja, não sei se vou me lembrar. Não sei se me despeço friamente porque a pessoa geralmente conta coisas que eu considero íntimas. Sempre falo um 'chegou meu ônibus, vou indo, bom dia'. Na Páscoa teve até uma senhora que me deu três beijinhos.

De certa forma já até me acostumei com as pessoas vindo conversar comigo e já conto com essas informações da vida dos outros que as pessoas compartilham espontaneamente. Todo dia é um novo dia, todo dia é dia de conversar com estranhos (e ter vergonha de conversar com quem está ali do lado?).

3 de abr. de 2013

tua alma, minha alma.

Eu decidi que não ia te escrever naquela madrugada da tua despedida, quando estava deitada, tapada até as orelhas e escutando o barulho do mar. Eu te enxergava iluminado pela luz do notebook e sabia que aquele silêncio da madrugada, com o barulhinho do mar bem ao longe, resumia tudo que tinha pra ser falado. Provavelmente tu nem viu, mas eu estava sorrindo.

Da conversa na madrugada, eu falei que a ficha não tinha caído ainda. E realmente não caiu. Tu já estás até na cidade maravilhosa e eu ainda acho que tu estás em Pelotas. Ainda  não me desesperei ao entender o fato de que tens pelo menos 4 anos longe de mim.
Pra falar a verdade, acho que nem vou me desesperar. Não é que a amizade não é mais a mesma, pelo contrário, acho que se fortalece cada vez mais, mas é que eu vi o teu olhar quando fomos pro Rio. 
Lembro do teu olhar, percebendo o lugar e analisando cada cantinho e verificando que o lugar era mil vezes melhor que o que tinham te falado. "Como eu fiquei tanto tempo sem vir aqui?" era o que tu falavas.

Acho que é por isso que eu não dei muita bola. De certa forma, eu já sabia que a despedida era iminente. De certa forma, eu sempre me preparei pra te dar 'até mais' e te encontrar após algumas horas de viagem. Digamos que me preparar para te dar tchau é o que tenho feito nesses meses de terapia.
Tu resumes o que eu busco para a minha vida, queria que tu soubesses disso. Tu é um poço de coragem e alegria. Eu te levo muito a sério porque eu sei que a tua presença na minha vida sempre vai me fazer uma pessoa melhor.

Mas aqui estou, escrevendo; acho que escrevo para que a ficha caia. Acho que escrevo para exaltar a diferença entre as duas despedidas. O coração aperta mas eu lembro que o Rio é a tua cara e que é logo ali! Pra ti nada é impossível e eu quero te acompanhar pro resto da vida. Aos poucos eu vou me livrando das minhas inseguranças e das coisas que me atrasam e vou criando um mundo novo, sem coisas impossíveis. 
Te amo demais, obrigada por tudo que tu já me ensinou e espero que tu possas me ensinar mais coisas ainda. Me orgulho de ser tua amiga.


"Mande notícias do mundo de lá
diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
tô chegando"


20 de mar. de 2013

idiot wind*

Saí do auditório pronta para tomar um banho de chuva e pouco me importando se chegaria em casa um pinto molhado. Até pensava que compraria material escolar novo (viva a greve e as papelarias vazias). Vi que a mãe tinha mandado mensagem e meio distraída atravessei a rua do campus e me abriguei na parada de ônibus. Ventava muito e respingava, dia típico de inverno. Esboçava um sorriso enquanto digitava com dificuldade. A mensagem não foi enviada porque aparentemente eu falo demais ao celular, então liguei a cobrar. Foi quando percebi que a guria do meu lado chorava de soluçar.

Olhei pra ela porque sabia o que ela estava sentindo. Há um mês atrás eu saí daquele mesmo auditório enxugando as lágrimas que, teimosas, caíam. Pensei em tentar consolá-la mas não saberia o que responder se ela teimasse que o ano dela estava 'perdido'. Achei que ela acharia muito estranho.

Esperei alguns minutos, pensando no que fazer e com o número da mãe ali, pronto para ser discado. Pensei na vez que liguei pra mãe dando a notícia de que haviam chamado 4 pessoas e eu era a 5º. Pensei na baita 'injustiça' que era, eu ali agora contando que já tinha sido matriculada e a guria querendo uma matrícula. Vai saber se ela queria medicina? Vai saber se ela já tinha sido reprovada em outras universidades? Será que ela estudou mesmo? Senão não estaria chorando de soluçar!

Me contentei em sair do abrigo e contar para a mãe o mais longe possível. Na hora que todos teus sonhos foram aparentemente destruídos, tu só queres chorar mesmo. Aquela era a hora dela de achar que tudo estava dando errado e que o mundo era uma droga. Deixa ela chorar em paz.

Só queria dizer que no fim, as coisas podem sempre dar certo, como deram pra mim. 
Tomara que chamem ela. Nem que seja em maio.


17 de mar. de 2013

sobre a primeira vez que fiz uma criança dormir.

Eu, no meu 'poder' de neta mais velha, assisti a algumas crianças chegarem depois de mim. A família é muito unida e 8 crianças vieram tirar o meu lugar de criança mais nova da família. De todas essas oito, a única que eu tive o contato - e a responsabilidade - de fazer dormir foi a Catarina, nove anos mais nova, e admito que mais a agitei do que a acalmei. Ela já era grande, tinha uns quatro ou cinco anos, mas ainda dormia depois do almoço e todos dias eu deitava com ela na cama da vó e contava uma estória. Lá no meio da estória, eu já não lembrava o que de fato tinha acontecido e de propósito, começava a inventar histórias com abdução de alienígenas bonzinhos, roubos de cofres, acidentes e toda a sorte de filmes manjados que passam na Rede Globo. Obviamente caíamos na risada e eu aproveitava para brincar de 'monstro' e fazer o Massacre da Serra Elétrica (uma brincadeira (da nossa família?) que envolve cosquinhas).

Não teve nenhuma criança depois da Catarina, até que em 2010 a minha tia anunciou que estava grávida do meu afilhado. Hoje, depois de uma tarde ensolarada de brincadeiras embaixo da figueira, veio a hora da manha, quando a criança quer brincar mas os olhos já vão se fechando sozinhos. As minhas instruções eram que, quando essa hora chegasse, eu ligasse pra casa da minha tia que ela atravessaria as 4 quadras de distância e viria buscá-lo para a hora da soneca.
A minha avó, atrapalhada, ficou de fazer a ligação. Já o meu afilhado, se deitou na cama e eu fui junto para esperar. Mas ele dormiu. Comecei a contar a estória dos Três Porquinhos e de repente ele ficou de costas pra mim, achei que ele fosse fazer alguma graça, mas não. Sabe quando tu queres olhar pra ver se a pessoa está dormindo mas tens medo que acorde? Fiquei cuidando a respiração, olhando aquelas costas pequeninhas que já vão fazer 3 anos.

Quando tomei coragem de me levantar, fiquei na beirada da cama olhando a primeira criança que eu consegui fazer dormir na vida. Ele parecia tão sereno e as mãozinhas estavam posicionadas da mesma forma que estavam na primeira vez que o vi, recém nascido e no colo da mãe. Saí do quarto e disse pro meu avô: já dormiu.

13 de mar. de 2013

interação social: uma merda.

Nunca se sabe como as pessoas realmente são. 
É sempre incômodo pra mim passar por alguém que um dia significou grande parte de um período na tua vida, e perceber que hoje em dia, não resta mais nada.
Estava voltando pra casa depois de um dia corrido, distraída lendo e pelo jeito de andar, percebi que conhecia a pessoa que tinha entrado no ônibus. Esperei um oi, um tudo bem ou na melhor das hipóteses aquelas perguntas sobre o que ambos andam fazendo. Na minha cabeça é o que faria sentido, pois a nossa amizade não terminou em brigas nem nada, ela simplesmente foi deixada de lado. E a verdade é que eu nunca entendi porque paramos de nos falar. E depois de hoje, continuo sem entender como ela pode ser tão fria de não querer mais saber como eu estou.

Eu sentia falta dela, até que desisti. Do lugar onde eu estava, no ônibus, ela poderia ter dado um sorriso e ido embora... Foram pouco mais de 4 anos de convívio diário, era o mínimo que eu esperava. Não recebi nada e espero que o motivo foi que ela realmente não me viu. Se ela me viu e escolheu não me cumprimentar...

daqui


Porque eu sempre espero o melhor das pessoas?

1 de mar. de 2013

fortaleza

Mesmo depois de tudo que tenho passado e visto, a maior banda do universo conseguiu me fazer sentir, de novo, que o meu lugar é aqui e agora.

25 de fev. de 2013

dias melhores, pra sempre.

Em um intervalo de 4 horas eu me apaixonei 3 vezes. Saí de casa meio triste por ter algumas dúvidas importantes para a prova de quarta-feira. Cheguei na faculdade, encontrei um amigo e fiquei sentada em um banco, tomando um pouco de sol e lendo. Quando percebi que estava tão compenetrada no livro que, devido ao vento em demasia, meu coque estava desmoronando, liberando os cachos mal penteados e os malditos fiapos que as mulheres tanto lutam contra; me apaixonei.

Quando estava no ônibus, voltando para casa, um guri de camisa escura, fones de ouvido e cabelo nos ombros entrou no ônibus e sentou na minha frente. Não sei que perfume usava (talvez nem usasse nenhum e o cheiro bom viesse dos cabelos molhados), mas me fez retirar a atenção do meu livro apaixonante e mirar aquela nuca apaixonante. Desci do ônibus sem ver o seu rosto, só a barba e bochechas. Pra sempre vou ficar curiosa para ver sua fisionomia e isso também me encanta.

Antes de voltar para casa fui fazer o meu curativo diário (queimei a mão direita) e, atendida rápido  por uma enfermeira meiga, a mesma médica que me atendeu para iniciar a série de curativos, me falou que a partir de hoje eu não precisaria mais fazer nenhum curativo. Me apaixonei.

Hoje o dia está sendo produtivo.

21 de fev. de 2013

na prática, a teoria é outra.

Drain You e Heart-Shapped Box são duas músicas que me fascinam. Já vi gente falando que não são românticas, mas sim doentes. Eu que devo ser doente então porque as acho extremamente românticas. Heart-Shapped Box combina com o momento atual, quando eu só posso ficar olhando através da tela fina retangular. 

Tenho sentido coisas estranhas dentro de mim, sabe. Vontades incontroláveis de apertar, tipo a Felícia. Custo a aceitar o que sinto e nem sei porque tenho tal comportamento. Até escrever é complicado. 
O que sei é que algo mudou, em pleno carnaval! Só prestei atenção quando acordei feliz, na rede. Outra situação que me fez ver o quanto já mergulhei de cabeça em tudo isso - e nem havia reparado - aconteceu ontem, ao notar a maneira com que me olhas durante as minhas longas histórias cheias de detalhes entediantes.
Não sei se faz sentido mas eu me vi em ti e te vi em mim e não haveria outra saída que não, dizer que gosto de ti. Tenho adorado ver a evolução do teu olhar e das tuas sentenças.


Espero que algo tenha mudado dentro de ti também porque quero que alguém me ajude a descobrir o que é isso. Por mim, tu poderias me ajudar pro resto da vida.

One baby to another said: "I'm lucky to have met you."
Drain You - Nirvana

19 de fev. de 2013

♪ ela é carioca

poucas pessoas são consideradas maravilhosas aos 15 anos. já fazem 5 anos que eu te conheço e 5 anos que eu te acho louca mas extraordinária. eu queria te falar que sempre tive orgulho de ti e agora, a cada vez que lembro de ti (ou seja, diariamente) meu coração se enche de alegria e inspiração.

Amanda louca, eu nunca achei que ficaríamos tão amigas, o que eu sinto por ti é foooorte! todo dia eu até rezo para que estejas bem e que tu aguente firme nessa loucura e longe da gente. fico esperando que tu me contes que anjos apareceram na tua vida aí. tudo que eu mais quero é que, na hora da despedida, as coisas fiquem um pouco mais fáceis porque olha, hoje em dia é complicado.

é impossível pôr em palavras a felicidade de te ter longe de mim hahahahaha


Ela é carioca

por que fazer hoje o que se pode deixar pra lá.

sempre admirei quem escreve semanal ou diariamente; quem mantém a rotina e acaba precisando da válvula de escape do dia. acho que a minha vida seria muito mais fácil (e sem menos drama) se eu introduzisse essa meta nos meus dias. mas eu acho que não tenho assunto para todos dias. acho que interromperia a meta quando vivesse um daqueles dias onde nada de extraordinário acontece.
admiro quem, antes de sair de casa, veste um batom. eu até tento usar batom mas me sinto estranha. quem sabe esse seja mais um drama que eu invento e que provavelmente não teria.

talvez eu comece a tentar me impor metas, novamente. talvez o que tenha me desandado foi a falta de metas, ou pior, as metas flexíveis.
a facilidade com que esqueço ou desconsidero as coisas, na maioria das vezes, julgo como qualidade mas ultimamente acho que fui pega na minha armadilha.

14 de fev. de 2013

hey, let's go!

em dias de calor dos infernos e mão queimada é fácil ficar feliz. digo isso sem ironia, mesmo. é fácil ficar feliz quando não se sabe o que será exatamente do resto do teu ano porque se sente aquele frio na barriga que a incerteza trazé fácil ficar feliz quando a tua lista de livros a ler é sempre maior que a lista de livros lidos.

é bom ficar feliz de ficar teimando quando se defende uma ideia. cozinhar com a mão queimada pode não ser muito inteligente mas perceber que mesmo sem poder cortar os legumes corretamente, o teu julienne não saiu de todo  errado.
mas o que me leva à felicidade extrema são as visitas e eu acho que elas se contagiam com a minha felicidade. sai mau humor.

daí é fácil ficar feliz.

Instant Karma! - John Lenon

7 de fev. de 2013

o problema (fútil) da vida real.

O problema todo é que eu encaro o zero na matéria ridícula como um fracasso na minha vida. Fico pensando que só estudo, só tenho essa responsabilidade e consigo zerar! Alguém sabe o que é o zero? O zero é igual ao nada, ou seja, tu ficaste o bimestre inteiro fazendo (ou tentando fazer) algo e no fim chega alguém e diz que tu não fez nada!

De dois meses inteiros da tua vida, ganhasse um zero, nada valeu, foi tudo jogado fora.
Claro que o zero é acadêmico e que a vida é feita mais de inter relações do que notas. É claro também que estou sofrendo por antecedência, afinal eu ainda nem sei se vou tirar o zero, mas aqui estou surtando.

Espero que pelo menos role uns décimos, ou um. Um é maior que zero e, embora também signifique o fracasso, pode ser interpretado como uma falta de interesse ou justificado por causa de um livro maravilhoso que te impediu de fazer qualquer outra coisa. Zero é muito forte, tipo a palavra nunca, ninguém deveria passar por isso.

Cadê a justificativa quando a gente tira zero?