14 de dez. de 2014

ciclos

É tanta coisa! A se fazer, a aprender, a processar! Quando acredito que virá a calma... não.
Estou dispersa, analisando cada atitude. Não consegui processar nada do que aconteceu na última semana. Sabia que seria assim, afinal encaro duas semanas sem fim de semana, de trabalho contínuo. Não sei mais o que é dormir tranquila e as olheiras no meu rosto só aumentam. Não faço questão de escondê-las.

Hoje eu pensei que seria uma destas noites onde tudo se acalma, tu tens amigos banhados por cerveja e risadas. Tolinha!
Ao baixar a guarda, fui testada sobre o que venho me tratando há, pelo menos, 7 meses. Qual o equilíbrio certo, localizado bem no meio do caminho entre ser disponível, ajudar, e ser disponível demais, alimentar uma dependência destrutiva?
A verdade é que eu gosto de passar a mão na cabeça das pessoas porque me sinto útil. O livro que leio fala sobre esse comportamento. Mais uma coisa para mudar!
E não interessa se a bebisse já bate à cabeça, a vida acontece no presente e os problemas não param de vir. Eu ajudei, eu fui disponível. E agora?


Os próximos 3 dias são determinantes e quando olho ao redor, só vejo confusão e teias de relações complexas. Daí eu sinto falta de outras pessoas. De amigos distantes, de quem eu não sei conversar, de momentos de paz e que fugiram por entre as minhas mãos e não se propagaram.
Eu sei que tudo vai ficar bem, para todos nós. Estamos nos últimos suspiros do semestre, só preciso aguentar por mais 4 dias e então, tudo será modificado.
Talvez eu tenha tempo de lidar com os outros aspectos que vem se arrastado e rastejado no chão lamoso, apenas para continuar acompanhando a forma rápida com que o fim de ano vem acontecendo.

Eu já tenho 21 anos e ainda moro com meus pais. Não tenho namorado nem filhos. Mal tenho uma gata, que suspeito se gosta de mim.
O que eu tenho é um afilhado que me admira, no auge dos seus 4 anos e, ontem, enquanto brincava de jogar bola, imaginava levá-lo a Cabo Polônio (UY). Meu momento de paz em um futuro um tanto longe. Agora, me contento em fazê-lo dormir, pensando no dia em que ele achará bobo que eu queira colocá-lo na cama.

Mais um ano... mais conquistas e mais batalhas, principalmente internas e que eu sei... estão só começando.

8 de dez. de 2014

sobre os 5 dias que faltam


A quinta-feira começou feliz, com um dia bonito e super produtiva e foi piorando exponencialmente até que não conseguia fazer nada do que queria e acabei indo viajar brigada com Deus e o mundo, cansada, triste e meio desorganizada, carregando no corpo apenas o essencial. Na sexta de manhã foi muito complicado largar Rio Grande e entrar de cabeça naquela montoeira de informações que eram despejadas nos alunos ao longo dos 5 pontos de parada do dia. Quando chegamos ao pier de Cidreira, naquele semi pôr-do-sol praticamente mar adentro, percebi que eu já não me importava com o futuro emocional e sim, tinha certeza de que estava buscando a profissão (e junto os valores) corretos. À noite eu já não lembrava que havia deixado a tristeza pra trás.

O sábado foi ansioso pela noite, foi lindo, responsável e curioso porque descobri sentimentos aqui dentro. O domingo aconteceu quente e na corrida contra o tempo para a entrega do relatório e, quando o entreguei foi só comemoração. Até que cheguei à óbvia verdade de que estava voltando pra casa, já era noite e eu continuava levemente bêbada. O sentimento que tive ao chegar no Cassino foi o mesmo que tive hoje ao chegar na FURG pela tarde, não sabia como deveria me sentir.

Passei os últimos 3 dias em um estado de felicidade que há muito tempo não vivenciava e finalmente me sentia bem e de acordo com a minha vida. Voltar a realidade está um tanto estressante. Quero continuar sentindo a felicidade que senti mas ainda não desapeguei ou absorvi o que vivi. Não sei como deveria executar o tão falado desligamento e talvez não exista método correto. Eu nunca soube, pelo menos, apenas vou vivendo e aprendendo que 'o que não tem remédio, remediado está'. Sabedoria da minha mãe.

Dói muito ver o sofrimento alheio enquanto eu me sinto cheia de alegria. Dói mais ainda saber que, depois desse tempo de convivência, eu passo a impressão de ser uma pessoa confusa e triste, sem rumo na vida. Não sei como isso aconteceu, mas hoje penso que talvez eu tenha sido um espelho, que refletiu as características de quem se olhava nele.

Sobre as ações que tenho observado, prefiro não pensar. Não por que irei guardar e ser consumida por, mas por que prefiro lembrar dos momentos bons e dos aprendizados que tive e não guardar rancor de quem um dia já me fez tão bem.

A verdade é que as oportunidades passam. Algumas, retornam a nós, entretanto ocorrem pela nossa própria vontade e luta. A cada novo cenário tomamos decisões únicas que nos moldam pela forma com que enfrentamos as consequências e que acabam nos guiando para a próxima decisão a ser tomada. Não podemos esquecer que decidir em tempo hábil é o ponto chave para aproveitar a oportunidade ao máximo.

Me orgulho em dizer que nenhuma atitude drástica que tomei até hoje foi sem luta e sem avaliação. Quem sabe ter olhado a evolução da planície costeira me fez perceber que podemos ter fases de acresção e erosão também, mas que isso faz parte de um ciclo.

Sexta pela manhã acredito que tenha chegado no máximo da minha fase de erosão, a ponto de quase entrar em prantos no meio da Laguna dos Patos. Lembro de outra fase, ainda neste ano, em que a vida voltou a ter cores a partir das 17h de um dia de verão pré-carnaval e pós prova de exame. Viajar é sempre acrescivo e desta vez é o marco do início de um novo ciclo.

O meu problema é me deixar afetar pelos extremos. Penso com o coração e para realmente aprender a lutar apenas nos momentos certos, percebo que devo alterar este comportamento. Espero que a vida continue me surpreendendo com novos ambientes que causem reflexões. Que saiba enxergar o momento no qual posso aproveitar novas experiências e nos quais teria a oportunidade de corrigir os assuntos mal resolvidos.

Talvez agora, a 5 dias dos 21 anos eu esteja criando coragem para unir as duas situações acima. Finalmente me sinto preparada para embarcar em uma nova aventura antiga. Sinto muito medo e vários frios na barriga mas, o que seria da vida sem a incerteza do futuro? Continuo sendo fiel a minha forma de pensar e, desta vez, dando voz ao que o cérebro e o coração concordaram em fazer.

Minha resolução de aniversário será sempre ser fiel a minha avaliação.

Píer de Cidreira - RS. 06/12/2014.