30 de dez. de 2015

adeus ano velho

Nesse fim de ano todo mundo fica dizendo que 2015 foi terrível, o pior ano de todos. E eu sempre pensava que não, que esse ano foi bom. Até que comecei a me perguntar se realmente foi. 
Ele foi um paulaço na cabeça, isso sim.

Olhando desde a virada, naquela festa estranha com gente esquisita, eu já escolhi voltar pra casa e tomei essa decisão em vários momentos. Me desliguei de, no mínimo, duas pessoas e ainda não sei muito bem as consequências disso. Entretanto existem, para cada uma delas, respectivos momentos onde eu vi que não daria mais certo e, quando sinto compaixão, lembro de como me senti naqueles momentos e volto a sentir raiva, tristeza e decepção.

Chegar nesse ponto tão profundo me fez ver que o meu padrão ainda se repetia e que, na verdade, eu nem tinha total consciência dele. E essa reflexão só aconteceu no inverno! No próximo semestre eu me confrontaria com situações bem mais enraizadas e difíceis de digerir do que o tal mundo externo à minha família.
Algumas mudanças são tão importantes e ocorrem sem que tenhamos qualquer noção do Universo trabalhando, no nosso, segundo plano. E esse ano agradeço por elas terem ocorrido e da forma com que se deram.

Conheci muita gente legal e percebi que consigo manter um distanciamento quando é necessário, vi que aprendi a ler algumas pessoas. Ainda me choco com a ignorância humana e devo aprender muito ainda a como me posicionar sem me anular e sem me remoer por tudo dito, não dito ou não executado. Assertividade é a palavra.

Com certeza toda preparação caótica do ano passado e desse primeiro semestre de 2015 me prepararam pros socos no estômago que eu tomaria, com muita relutância, no segundo semestre. Tirei força de onde eu nem sabia que tinha, voltei pras minhas raízes e me conectei comigo mesma de novo. Não sei onde eu estava com a cabeça na minha adolescência, achava que iria morar em um apartamento, em uma cidade cinza e trabalhar em um cubículo! Não.

Agradeço pelo meu primeiro cactus porque, por mais simples que pareça, foi ele quem me ajudou a expandir a minha personalidade na sua natureza. Hoje, eu sei que sou calma e que posso retornar ao silêncio, mesmo que pareça impossível.

Mesmo com todos atos bons de 2015 e com todas sincronicidades eu ainda me sinto frágil e esse é um dos objetivos pra 2016. Preciso compreender e aceitar a toda culpa que cultivo desde fevereiro deste ano para conseguir compreender e aceitar aquela que cultivo a vida inteira, e que me olha nos olhos todos os dias e me diz 'Bom dia!', antes que eu já não tenha mais oportunidade.

Tive provações de que vale a pena, de que a disciplina compensa e que tudo é correspondido. Parece bobo e aprendemos no colégio essas coisas, entretanto sempre esquecemos e, 2015 fez o favor de me jogar tudo na cara, dizendo pra desconstruir tudo que eu já tinha pensado e pensar tudo de novo. E a caminhada continua...

Gratidão.

6 de out. de 2015

clássico

Saí de casa sem saber se tinha feito certo. Pensei que seria melhor se distrair, atender aos compromissos e renovar os ares afinal o quarto precisa ser arrumado e este não é o momento. Assim como não é o momento para estar aqui escrevendo.
Cheguei novamente em casa com um sentimento de esgotamento, como se tudo tivesse sido trazido à tona, todo aquele cansaço que eu estava ignorando e justificando mentalmente "só até amanhã" havia encontrado sua voz e gritava pra mim.
Foi então que procurei uma leitura encorajadora e encontrei apenas migalhas. Ecos do que já foi, palavras que pareciam olhares descontentes e sisudos. Procurei, e como procurei... só encontrei mágoa, questionamentos ruins, pessoas gritando não. 

Não teria mesmo como dar certo... 
pelo menos até amanhã.

"you'll be on my mind, don't give yourself away..." (TBK)

20 de set. de 2015

Disciplina pra encarar

De novo tenho me identificado bastante com o álbum SETEVIDAS da Pitty. Tem algo que me provoca lá dentro, bem no fundo, tipo um instinto de sobrevivência. Pode ser provocado por saber a história dela e cair na real de que eu posso ultrapassar o obstáculo que enfrento, que eu tenho força.
Voltei a usar a placa dentária que eu estava feliz de não ter precisado por cerca de 3 meses. Tomei vários tapas na cara, aparentemente dados por todo mundo que eu conheço e que me quer bem. Ainda luto com deficiências do corpo mas compreendo que o verdadeiro tratamento se encontra no enfrentamento. 
É engraçado a comparação entre o que nós pensamos de nós mesmos e o que outras pessoas pensam da gente. Eu me julgava A e percebi que ignorava os reais motivos do porque eu sou B. E é mais legal ainda ver como está tudo estampado na minha cara, só eu que não via.
Com sorte nos próximos meses a minha raiva será canalizada para outros lugares e o meu corpo consiga ter um alívio. Quem sabe eu possa voltar a ver o médico e diga pra ele que não aceitei apenas o complexo vitamínico, que aceitei o conselho dele.

Que ambição! Que ano! E é só setembro.


Flavia Melissa - Sobre perdão, aceitação e egoísmo - a empatia é o caminho para a libertação!

25 de ago. de 2015

Buk

"Aprende que quando você está com raiva, tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel..."

-Willian Shakespeare.



23 de ago. de 2015

onde existia o equilíbrio

Este ano é das despedidas.
Quando tu compras uma blusa nova é porque uma velha vai ser aposentada. Quando tu realmente gostas daquela blusa, tu luta para que ela fique lá no teu guarda-roupas e a usa mesmo que ela já esteja rasgada e surrada; e qualquer blusa que tu compre, pode até tentar, mas não vai substituir aquela que tu adorava. Acho que a analogia se aplica ao momento.

Vim guardando e tentando processar tudo que aconteceu nos últimos 3 anos. Houveram muitos momentos de descontrole, muitos de resgate... Com certeza foram aprendizados muito grandes. Consegui me abrir, analisar os outros e a mim, procurar os principais motivos de tais atitudes, montar o background e então tomar uma decisão com calma e serenidade.
Demorou. Foi bem doloroso e um caos enorme que muitas vezes explodiu de forma radial.

Durante um período tudo que eu queria era voltar à forma com que tudo transcorria. Mudanças são desgastantes. Maiores ainda quando a reforma é em ti e nos outros. Precisei alterar os padrões de toda minha família.
E ainda falta tanto...

Seria tudo bem mais fácil se o meu pessoal tivesse se mantido calmo e constante... não, foi uma série de desilusões e faltas de timming. Foi tentar resgatar tudo que eu havia deixado dormente ao longo da minha caminhada.
Principalmente ao longo deste tempo, minha autoconfiança foi muito oscilante. Aceitei a minha imagem, minhas qualidades e meus defeitos. Tentei mobilizar tudo que me afeta e processá-los internamente.
Talvez seja preciso resolver tudo do passado que ainda te assombra no presente para seguir para o futuro.

Muitas vezes tive pena de quem assistia aos meus dramas. Eu sabia que havia me desviado do caminho, sabia como corrigir tudo e mesmo assim eu ainda seguia, cada vez mais profundo, no caminho errado. Surrando ainda mais todo um emocional já fragilizado e em desordem.
E tu estavas lá, na mesma hora a cada semana, esperando para me mostrar o lado positivo das coisas erradas que eu fazia.
No penúltimo mês eu sentia vontade de te contar as coisas, de ver o teu sorriso de aprovação, de orgulho do teu próprio trabalho e de como tudo evoluiu.

No início desse ano eu conheci o trabalho da Flavia Melissa e, acompanhando todo desenrolar da caminhada dela, descobri outra destas raras conexões. Então, com o projeto 300 dias de Gratidão senti a vontade de colocar em prática muitas das teorias e desejos que passei a ter.
No início deste mês, quando recebi a notícia, logo pensei na situação da Flavia Melissa. A cada dia que passa sinto mais gratidão pelo trabalho que desenvolvemos e compreendo a necessidade deste momento em nossa caminhada.
Mas também não deixo de sentir tristeza e insegurança. Vou dizer adeus a uma das pessoas mais queridas que já conheci e admirei e no lugar que ela ocupa, virá alguém diferente.

Talvez agora, com estas duas últimas e fortes despedidas, eu esteja mais preparada para esta terceira. Saber que o motivo é muito nobre também ajuda.

Até na despedida tu me ajudas. A única coisa que posso fazer sobre estes 3 anos é agradecer por toda ajuda, paciência e positividade que tivestes.
Desejo, do fundo do meu coração, que tudo dê certo, pra nós duas.

11 de ago. de 2015

tarefa para quinta-feira

"Podemos criar um exemplo metafórico para explicar a tese de Parmênides e, com esse exemplo, contrastá-la com a tese de Heráclito. 
Pense em um pouco de água sendo fervida em uma chaleira até que toda a água seja evaporada. De acordo com tese de Heráclito, aplicado nesse exemplo, poderíamos dizer que houve diversas mudanças substanciais no Ser que compõe a água, tornando-o não-ser. Isto é, esse processo representa a morte da água, passando da existência para a não-existência. Contudo, Parmênides rejeita essa tese, afirmando que essa “morte” da água é apenas aparência, uma mera ilusão. A água não foi perdida ou transformou-se emnão-ser. Essa mudança é apenas uma alteração no próprio Ser. Ela não deixou de existir, ela só mudou. Parmênides vai além, afirmando que essa própria mudança no Ser é uma ilusão. Na verdade não há mudanças, pois o Ser é eternamente o mesmo e o próprio tempo, o passado, o presente e o futuro são uma e a mesma coisa."

2 de ago. de 2015

retorno

"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento"
Facebook da vida

Hesito muito em vir aqui. Principalmente por que acredito que descobri uma nova forma de lidar com meus demônios. Talvez eu tenha seguido o conselho da minha psicóloga e ido procurar um hobby.
A questão agora é que desisti de colocar tantos nomes no que sinto. Não sei mais escrever sobre as coisas. Não sei escrever sobre felicidade; é isso que tenho sentido a maior parte do tempo. Sempre fui completa e hoje me transbordo. Tive a coragem de arriscar no caminho, sem focar no final dele.

Entretanto, durante todo esse tempo, reconheço que ainda venho me reconstruindo. Ainda tenho pesares e dúvidas do ano passado... céus, dos anos passados.
Em especial nessa semana tenho refletido todas impossibilidades criadas ao longo do tempo que me relaciono com pessoas. Todas amizades e o porque delas se perderem; e também dos amores.

Tenho achado engraçado as coisas de que me lembro. Nunca é o primeiro beijo ou o primeiros contato, sempre é o momento da decepção. E lembrar disso faz aquela menina de 13 anos se decepcionar com quem ela se tornou. Ela escolheu não lembrar do ruim e pensar no porque deu certo.

Talvez nessa etapa da reconstrução eu tenha que passar por isso.
Um médico me disse que é melhor perdoar, sempre é o melhor remédio. Talvez os novos hobbies tenham contribuído para que eu me sinta bem, saudável, longe daqueles problemas que me rondaram. As pílulas ainda estão na gaveta da escrivaninha, acho que sobraram 7. Sempre duvidei do diagnóstico.

Perdoar os outros, ok. Mas e a si mesmo?

Penso se até hoje não existe alguém nesse mundo que tenha mágoa de mim e que não consiga me perdoar. Sempre fui muito inconsequente... talvez até egoísta.


Vejo toda essa felicidade que não sei se mereço, todo esse sorriso e olhar amável me olhando de volta e penso se já não causei mais dor que felicidade... Não importa o momento, ele sempre acha o meu melhor.
Eu sabia que o ponto baixo chegaria, havia muito tempo que eu estava nas nuvens.
Sobre a conversa de ontem... não sei se fui ouvida ou se a mensagem foi entendida. Me pareceu que eu era a errada e ponto, que eu deveria me ajustar.
Não queria que tudo ficasse bem assim tão rápido. Queria ter tido algum sinal de compreensão do meu problema. Sinto como se não tivesse sido nada.


Por outro lado, eu acredito. Acredito em filmes, em livros, em pessoas. Acredito que seja verdade e que as pessoas tenham em seu interior sentimentos bons e generosos. E não me importo em ser feita de boba, manipulada ou mentida porque eu escolhi acreditar. Eu tomei a decisão e corri o risco. Há 50% de chance de quebrar a cara.
Sei que não reconheço quando devo pular fora, pode ser burrice mas eu atribuo também ao fato de acreditar. Porque eu acredito que todos tem seu lado bom, acredito que é possível parar de ser feita de boba e ter arrependimento e pedir perdão.

É difícil largar a luta e assumir que perdi e que algumas coisas (e pessoas) não tem sentimentos, sendo elas antipáticas e até beirando a sociopatia. É difícil acreditar em um mundo egoísta e que o meu afilhado tenha que lidar com ele.
Nós sempre fazemos escolhas, entre o caminho mais fácil e o mais difícil. Acreditar é o mais difícil, é o mais vulnerável.


Nesse mundo de perguntas eu me questiono se agora estou fazendo bem, se aprendi algo com todos romances que já tive.
Sou insegura. Só de pensar em causar algo que possa significar o fim...
E pensando em tudo que já fiz, vem o medo de me preocupar com o que eu possa fazer e esquecer que há outro alguém nesse relacionamento. E se ele...?
Percebi que queria causar muita felicidade, agradar quando e quanto possível.
Agora não me sinto tão a vontade. Não sei o que ando sentindo... queria mais tempo.


12 de mai. de 2015

7.6

As últimas semanas foram estressantes. Fui submetida a emoções descontroladas em um momento onde tudo deveria se alinhar ao foco. Minha mente ficava dividida entre o bem e o mal, entre perder o controle e ganhá-lo novamente. Foram muitas provas, com muitos slides e a cada entrega daquele bolo de folhas repletas de desenhos em tinta preta, minha confiança aumentava porque, mesmo em sofrimento consegui ter controle e expressar tudo que eu sabia. A consciência de ter dado o meu melhor supera a de ter feito um bom trabalho. Hoje já acredito que o bom trabalho é consequência do meu melhor. Mas existe um custo.

Ignorei meu corpo por duas semanas e, principalmente nos últimos 3 dias (e inclusive agora escrevendo isso) não dormi quando e quanto precisava dormir, não comi o que precisava comer, enchi meu corpo de cafeína e minhas unhas e mucosa bucal foram alvo da minha ansiedade. Mesmo assim dominei a mente e isso deveria ser um grande passo na minha jornada.

Porque hoje, quando tudo já está prestes a acabar eu ainda sigo fazendo planos? Porque estou dispersa e querendo tudo aos turbilhões? Maldita geração Y!
Quando saí da minha aula prática (na qual usei até o último fio da minha concentração), só pensava no que faria primeiro com todo tempo livre que agora tenho. O presente me levou a um caminho inusitado e em 5 minutos resolvi fazer algo diferente com a minha tarde.
Porque senti culpa quando percebi que, na verdade, não faria nada do planejado?

Resolvi escutar um pouco o meu corpo e alongar, principalmente a minha coluna (que sempre sofre muito com meu stress). Em uma sessão de 20 minutos procurei prestar atenção apenas na minha respiração e então a minha mente me presenteou com todos os tipos de pensamentos.

Primeiro, ressalto a palavra conexão.
Segundo, ressalto a série de pensamentos que me levou ao dia de ontem e que culminou na minha explosão platônica contra alguém que me é muito querido. 
Terceiro, ressalto a paz que senti ao levantar.

Visualizei o meu corpo sentado no vácuo. Dois ductos ligavam a minha cabeça ao resto do meu corpo, um com fluxo de entrada e outro de saída e emanavam um líquido radiante azul.

Percebendo o estado confuso em que estava, comecei a levantar questionamentos do motivo de ter chego neste ponto.
Acredito que o fato de ter falhado na penúltima prova, a mais difícil na minha opinião e na qual eu já esperava grande dificuldade, me fez perder toda confiança de que minha mente conseguiria se dominar.
Devido a uma noite extremamente mal dormida após uma sequência de dias sobrevividos, falhei. E se existe algo que me é complexo, é justamente falhar. Falhei as minhas próprias expectativas porque as fui construindo, prova após prova. Acreditei que já havia me recuperado mentalmente do fundo do poço no qual cheguei mês passado. Perdi o controle dos meus sentimentos quando encontrei uma barreira grande (e que me acompanha há uns meses) que me fez perder o controle da execução racional. E então explodi. Perceber que, além da prova, eu não poderia realizar uma tarefa que já me foi designada há meses mas que ainda não foi concluída por imprevistos me faz cair num velho padrão: achar que a culpa é minha. Ou seja, ansiedade porque canalizei todas minhas forças para que o mental se sobressaísse e então, acabei falhando no físico e no mental.

Agora usarei a intuição e a conexão e dormirei sem despertadores. Não farei planos nem exigências para amanhã. 
Recarregar as energias.

24 de abr. de 2015

engrandecimento

As 4 Leis da Espiritualidade ensinadas na Índia

A primeira diz:
“A pessoa que vem é a pessoa certa." 
Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação...

A segunda lei diz:
“Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido.“ 
Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

A terceira diz:
"Toda vez que você iniciar é o momento certo.“ 
Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.

E a quarta e última afirma:
“Quando algo termina, ele termina.“
Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.

23 de fev. de 2015

encontrando uma forma de viver sem fugir tanto...

Fiquei muito tempo pensando no que escreveria quando chegasse ao ponto de abrir essa tela com esse espaço em branco, e acredito que ainda não saiba muito bem o que sentir dados os acontecimentos. Essas férias foram bem pesadas emocionalmente e acho que desejo voltar a correria do dia a dia, pois tenho medo de ficar parada na cidade. Lembro de quando tive 3 meses em casa, sem planejar nada, sem esperar nada. Quero que a vida siga seu rumo, que venha cheia de agitações, quero tomar decisões. Quero que mais um semestre vá para conta, mas também tenho medo de quando o próximo não existir.

Sábado eu senti que tudo está próximo demais e encarei a realidade de que amigos próximos não estarão mais ao meu lado nos semestres que se seguirem. Da mesma forma que estou feliz, também estou triste e incomodada pelas decisões que as pessoas à minha volta tomam. Semana que vem posso abraçar mais uma vez um amigo querido que retorna de uma viagem longa e que estará em um momento sensível, ficará poucos dias, pois já vai embora para seus próximos semestres.

Uma irmã retorna a cidade, outra não gosta da escola nova, outro retorna e outra só retorna quando outra vai embora. Idas e vindas. Talvez por ter sido obrigada, desde 2006, a enxergar que o estar perto não é físico, hoje eu lide um pouco melhor com as chegadas e partidas que a Maria Rita tanto canta.

Entretanto partir fora do tempo e sem a devida necessidade me atormenta. Nos últimos anos assisto a ausências fortes e antecipadas e a cada vez que devo prestar meus pêsames, deixo de acreditar um pouco na vida e isso me traz uma desolação muito grande. Aos invés de deixar esse sentimento vir a tona eu o guardo para quando estiver sozinha e daí rezo soluçando. Essa foi a solução que aprendi em 2006 e a qual, por enquanto, vinha funcionando. Talvez ela já não seja a saída apropriada e eu deva vasculhar dentro de mim algo um pouco melhor. A verdade é que experimentar altos e baixos em um dia ou uma semana não é a melhor ação para mim pois sei que os baixos acabam indo muito ao fundo, até as minhas entranhas e, ao subirem, trazem a tona uma leva de sentimentos brutos que, na superfície, já se transformaram. E a confusão se instaura.

A estrada para o auto conhecimento tem sido longa e muito dolorosa e só agora, com mais de 2 anos de terapia semanal, consigo dizer que mudei para melhor. Controlo muito mais o que digo e, quando sei o que quero, consigo me expressar com exatidão. Quem muda, muda o mundo a sua volta e é nesse sentido que gostaria de compartilhar os frutos da minha terapia com aqueles que amo. Acredito que todos nós devemos visitar regularmente um psicólogo, não para que ele nos diga o que fazer, mas para que consigamos ter sangue frio para controlar nossas emoções até decidirmos o que fazer.

Ao todo, completo quase 4 anos de acompanhamento psicológico e pretendo continuar, não porque dependo disso, mas porque é o momento da minha semana no qual coloco a mão na consciência de verdade. No período em que acreditei que conseguia sozinha, andei em círculos. Quando entro naquela sala, não são emoções que tomam conta, pelo contrário, são divagações, às vezes monólogos nos quais percebo que por conta de uma única palavra, estava agindo errado. Ao falar em voz alta enxergo o que tenho capacidade para enxergar. Ainda não sou forte como desejo mas cada passo é comemorado vigorosamente.

Admitir que precisamos de ajuda é o passo mais importante e devemos confiar em alguém mais forte para nos fornecer as iluminações necessárias para que sigamos sempre em movimento, capazes de compreender as diferentes óticas que outras pessoas possuem.

Eu quero que a vida seja otimista e colorida, que flua com o máximo de acontecimentos bons possíveis e quero ser capaz de tocar a vida de todos com quem me importo. Cada um segue sua estrada individual mas ao encontrarmos encruzilhadas, encontramos também pessoas que tem o gentil gesto de compartilhar sua estrada conosco, por um intervalo de tempo. Podemos pegar carona na estrada alheia, podemos forçar com que elas se encontrem novamente, mesmo que antes do tempo, ou podemos seguir tendo nossas próprias escolhas, rezando para que estas pessoas também decidam por si só e que, por algum acaso, coincidência, destino ou influência Divina, nos encontremos novamente. Até lá, são tantas as opções que só podemos e conseguimos pensar nas ações que tornarão nossa trilha bonita e, desde que esta seja nossa justificativa, tudo está justificado.

Eu? Eu acredito na ação e na reação. Quanto mais bonitos formos, mais encruzilhadas com pessoas bonitas teremos. Por isso eu rezo para os quais desejo encontrar novamente, para que tomem decisões bonitas também e que me encham de orgulho.


"You'll be on my mind
Don't give yourself away
To the weight of love"
Weight of Love - The Black Keys

22 de jan. de 2015

sobre as pequenices da vida

É incrível como nos acostumamos com algumas situações. Desde a falta da poltrona que mais parecia soca-soca até a falta de alguém. Momentos em que apenas saber se a pessoa está viva e bem contrastam com os do passado, quando se sabia ou se previa cada pensamento.
A pessoa que mais tive medo de que acontecesse algo de ruim ou falecesse e eu não soubesse ou estivesse longe, hoje está no show do Foo Fighters. Eu não viajei pra ver ele, não fui na sua formatura e nem ele na minha - e eu senti muito a falta dele. São momentos como esse em que penso que esse era o combinado, cada um ir até metade do caminho e ter lembranças únicas, como aquelas daquele hotel.

Até ano retrasado as nossas conversas me lembravam aquelas pessoas que éramos quando nos relacionamos e espero que tenhas sentido todo meu apoio. Sei que hoje talvez não nos identifiquemos com metade do que fizemos e, principalmente, sei que muito do que fiz foi bobo. Simplesmente eu não era madura o suficiente.
O que sentimos foi de verdade e até hoje eu guardo os desabafos e conselhos que aquelas madrugadas nos deram; sempre te desejo o melhor pra tua vida. Vejo tuas fotos e penso que boba eu fui! Aquele sorriso ainda é o mesmo e as poucas vezes que escutei a tua voz foram suficientes pra gravá-la em mim. Só penso na tua cara vendo o Dave Grohl.

Só tenho a te agradecer, ursinho na pele de carneiro; Espero que tu saibas o quanto aquele ano foi importante e que sempre estarás guardado, principalmente como o grande amigo que fostes. Hoje as conversas são bem (beeeem) menos frequentes mas sempre que acontecem me trazem conforto e paz. Fico muito feliz de ver teu sucesso e sei o quanto batalhastes. 

Tudo que passamos, principalmente com todas pessoas que nos relacionamos, marcam. Não acho errado lembrá-las; acho errado esquecê-las e principalmente manipular o que efetivamente sentimos para ter lembranças só boas ou só ruins. Se o relacionamento chegou a um momento de desgaste foi devido a algumas decisões equivocadas e reconhecê-las nos faz evoluir.

Não sei finalizar nada, muito menos textos, por isso escolhi uma imagem por que afinal, todo texto precisa de uma imagem.



19 de jan. de 2015

A Ilha


"Eu sei, que existe uma ilha
Onde o homem nunca lá pisou
Não há, nem pegadas ou trilhas
Só uma onda que abria, abria, abria, abria

Vou guardar você em segredo
Vou sentir quando eu partir
Mas te trago na lembrança
Quando o céu me ver sorrir

Eu sei, que existe uma ilha
Onde o homem nunca lá pisou
Quando a chuva vem, refresca e partia
è terrau todo dia, dia, dia, dia

Eu sei, que existe uma ilha
Onde o homem nunca lá pisou
Eu sei que até parece ironia
Mas ela vai se só minha, minha, minha, minha

Vou guardar você em segredo
Vou sentir quando eu partir
Mas te trago na lembrança
Quando o céu me ver sorrir

Vou guardar você em segredo
Vou sentir quando eu partir
Mas te trago na lembrança
Quando o céu me ver sorrir

Eu sei que existe uma ilha
Onde homem nunca lá pisou
Eu sei que, até parece ironia
Mas ela vai ser só minha, minha, minha

Eu sei que existe uma ilha
Onde homem nunca lá pisou
Eu sei que, até parece ironia
Mas ela vai ser só minha, minha, minha

Eu sei que, até parece ironia
Mas ela vai ser só minha, minha, minha, por um dia"

11 de jan. de 2015

sobre a antiga rotina

Peguei minha bicicleta e fiz o caminho mais natural possível: em direção a praia. Antes parei na casa de um amigo, que já nem mora aqui; queria falar com seus pais. Depois de uma hora de conversa, voltei ao meu caminho.

A casa dele tem a grama mais alta que a rua, o que sempre dá um certo embalo ao início da pedalada. Por 6 anos sempre tomei o rumo sul. Dobrei na entrada para a praia e já enxergava novamente o mar. Mais cedo, havia tomado o primeiro banho do ano e agradecido a tudo que já me aconteceu. Pedalei por um tempo, até que o nordestão me fez parar. Então larguei a bicicleta próxima e encontrei uma duna para sentar.

Pela posição do sol deviam ser umas 19:30h passada. As pessoas já estavam indo embora e um certo frescor pairava. Entre todas músicas altas e barulhos de carro, eu ainda conseguia escutar o barulho do mar e em menos de dois minutos, já estava arrepiada e com o olho cheio d'água. Dizem que esta reação tem sido muito recorrente.

Lembrei que da última vez que passei na casa do amigo e segui para a praia antes de ir para casa, ao me deparar com a imensidão do mar, pedi com todas as forças para que conseguisse a minha vaga para a Oceano. Aqui estou eu, indo pro 3º ano e cada vez mais maravilhada com tudo que aprendo. E nesse clima, segui observando com olhos de cientista-júnior a natureza a minha volta.

Agora a praia já estava quase vazia, com alguns resistentes que desejariam ver o pôr-do-sol. Lembrei das vezes que me senti incomodada pela quantidade de pessoas disputando seu lugar na areia. Lembrei de como fui mimada, tendo durante o ano inteiro uma praia com 250 km de extensão. Lembrei dos invernos de menos de 10ºC, onde mal se ensaiava um sol, e nós já estávamos mateando na praia.

Me fiz muitos questionamentos de diversas áreas e a única resposta que obtive foi: porque amo. Me entristece como quantos amigos partem sem necessariamente pensar em voltar. O ponto maior que penso é: se uma amizade prevalece até no outro lado do mundo, porque não?

Na sexta-feira estava certa que terminaria meu atual livro neste fim de semana e acabei conseguindo ler exatas meia página. Ali, na praia, o livro estava dentro da bolsa, mas me sentia boba por ignorar tudo ao meu redor. Este sempre foi o meu problema, eu queria a totalidade, não o específico.

Não me importo se as coisas não saem como planejei, o que me entristece e chateia é que tenham 'dado errado'. Em momentos onde os pensamentos bons são menos recorrentes do que os maus, acredito que seja 'dar errado'. Principalmente quando se trata de relacionamentos. E tenho dificuldades em aceitar e acabo cometendo erros por crer que a história só acaba quando 'dá certo'.
Algumas coisas tem que dar errado e permanecer erradas, por um tempo. Tipo eu. Eu dei errado e permaneci algum tempo errada. Vejo que, em momentos de isolamento, as coisas encontram o equilíbrio.

Agora, devo ser errada, egoísta e manipuladora para que desta forma os erros parem de ser cometidos. 'Se não pode vencê-los, una-se a eles' e, infelizmente vejo que este poderá ser o caminho. Sob perspectivas diferentes, devo ter sido todas essas coisas e, se de fato é isso que pensam de mim, devo aceitar. Não há nada que possa fazer. Tentei mostrar que tive meus motivos, tentei mostrar que minhas intenções foram boas.

Não tem sido fácil aceitar e existe um caminho tortuoso a frente - bem diferente da praia a perder de vista na qual estou acostumada. Como falei algumas horas mais cedo, a gente deve passar por fases difíceis para que, com o tempo, as feridas cicatrizem e só fiquem as lembranças boas. E como dizia a minha avó, água salgada cura!

"Acordar cedo
Sentir a energia salgada do vento 
E a doce brisa do mar 

Acordar cedo 
E dar uma sacada na bóia no tempo 
Será que vai rolar

Acordar cedo 
Fazer pela vida fazer por mim mesmo 
Eu hei de conquistar 

Acordar cedo 
Seguir pela trilha da onda da vida 
Rezar pra Iemanjá"

2 de jan. de 2015

da dificuldade de definir sentimentos

A verdade é que eu nunca me importei com o que os outros pensavam de mim. Essa atitude já foi um acerto e um erro. Me enxergo muito inocente. Não acredito que as pessoas sejam essencialmente más e que tenham intenções ruins. Eu sei que este lado existe, principalmente o vejo em mim, às vezes. O que não entendo é como esse lado domina ao longo do tempo.

A medida que vamos crescendo, encaramos situações que nos moldam. A escolha entre acreditar ou não nas pessoas, nos dirá se quebraremos a cara ou não. Eu, sempre escolho acreditar. Fui moldada sob essa perspectiva. Por escolher acreditar, necessito ajudar e causar reflexão no outro (e vice-versa). Sei que meus princípios não são os certos para todos, mas julgo ter sido criada por pessoas justas e amorosas e procuro no outro, alguém com quem se possa refletir nossos atos para corrigi-los. O que eu não aprendi é como não ser arrastada pela reflexão do outro. Penso que tenho melhorado um pouco, mas ainda estou longe do correto.

Acredito que o mal pode dominar por períodos e acredito que sozinhos, não vamos a lugar algum, apenas para baixo. Ninguém é uma ilha. Todos somos parte de uma rede e acabamos afetados pelas atitudes e pensamentos alheios e, por causa disso, desenvolvemos estratégias de convívio.
Saber se relacionar é uma arte, e aprendi isso da forma mais dolorida possível. Não sei como não guardei rancor e não sei como pude alimentar a parte ruim de mim por tantos anos. Resolvi amar todos e acreditar no bem em todos. Não quero ver apenas o lado ruim e mau. Escolho guardar boas lembranças e sentimentos sobre os que já entraram na minha vida. Sei que cada presença é passageira, uns por mais tempo e uns por menos. Acredito que todos contribuem em algum aspecto para a nossa evolução.

Por isso, sempre levei em consideração as ações e não as palavras. Principalmente, a razão psicológica para os atos. A verdade é que nem sempre sabemos como absorvemos internamente as coisas. Muitas vezes pensamos que temos determinada atitude devido a tal acontecimento importante que nos marcou mas, ao analisarmos, percebemos que a atitude é devido a outros tantos acontecimentos pequenos, mas insistentes. A gente nunca sabe o que efetivamente vai nos moldar, até que já repetimos o padrão tantas vezes que quebrá-lo se torna um exercício de contínuo foco. Foco. Palavra mais repetida pelo meu pai em toda sua vida, eu acho.

Eu, por ter acreditado nas pessoas, quebrei a cara e não soube me recuperar. Encarei o lado negativo da vida, me isolei e constatei que o meu fundo do poço – naquele momento – havia chegado. Não há lugar para ir, a não ser para cima. A grande questão é que o comportamento antigo já se consolidou. O que fazer? Procurar ajuda. Em si ou nos outros? Ambos. O antigo sempre buscará se sobrepujar ao novo e te puxará aos velhos hábitos, que morrem devagar. Mas morrem!

Seguir encarando a vida com olhos preto e branco era uma das coisas que me faziam mal. Fui descobrindo as cores e, aos poucos, acreditando mais nas pessoas. Fui puxada para o fundo do poço novamente. E sigo sendo. Mas a cada escalada, percebo que chego mais longe e fica cada vez mais difícil o ruim alcançar – embora eventualmente, ele chegará.

E aí que chegamos onde eu queria começar o texto! O ano de 2014. Me senti puxada para o meu buraco apenas duas vezes este ano. Penso que finalmente quebrei um ciclo, que eu julgo ser o principal motivador da autodestruição que eu tanto luto contra. E um ciclo extremamente importante. Colocar fim em uma montanha russa de alegrias e tristezas que durou oito anos inteiros significa muito. E talvez eu não tenha perdido a minha essência – acreditar – e tenha amadurecido um pouco quando se trata de saber deixar o problema de cada um com seu respectivo. Não se pode abraçar o mundo.

E então, cheguei a segunda vez que fui atirada no buraco. Esta, inesperada e sob muita luta. O que senti durante agosto/setembro foi desespero. Eu vi potencial, acreditei, me esforcei, lutei, amei e pra que? Concluí que, realmente não posso forçar a minha entrada onde não quero ser recebida. Não devo procurar ajudar quem não quer ser ajudado (inclusive a lição que eu achava que já tinha aprendido). Não posso contribuir e carregar fardos cujos donos não querem ser questionados pois acreditam que apenas seu jeito é o certo.

Aceitar foi a parte dolorosa. Perceber que havia entrado no meu modo autodestruidor a partir do momento em que me permitia continuar nutrindo esperanças de que o reslumbre de bom que havia visto ao longo dos atos, na verdade, era ofuscado sob pilhas de julgamento e opiniões solidificadas sem um mísero de questionamento, foi a minha ruína. Desistir significava que eu errara e não havia cumprido com o meu papel.

Aqui, acho desnecessário falar sobre o lado bom de nós. Ele foi grande para caber nessa pseudo retrospectiva-reflexão. Creio que o meu erro tenha sido justamente esse: avaliar com diferentes pesos os lados bom e ruim da relação, sempre considerando mais o lado bom.

Mesmo que para mim o fim tenha começado antes mesmo de termos terminado, demorei dois meses para perceber que eu deveria ter forças para lidar com o aprendizado escrachado nos meses anteriores, senão, tudo que havia sofrido anteriormente, teria sido inútil. E sob a lembrança do meu buraco anterior e já bem conhecido, engoli meus sentimentos bons e procurava expulsar os ruins e fazer com que eles se tornassem evidentes e insuportáveis. Não foi só ele quem concluiu que, de fato, somos muito diferentes. Mas eu também tive que concluir que não somos complementares.

O problema foi que, no caminho, lidei com emoções fortes. Tive sentimentos ruins sendo empurrados pelos poros em direção às trevas que se formavam ao meu redor, sentimentos que estavam guardados há muitos anos. Acabei acelerando o processo de autodestruição, que já vinha em curso. Gerei contradição (de ambas partes), lembrei de situações que dava por esquecidas e fiz coisas que julgo erradas. Percebi uma alimentação negativa, o julgamento dele se unia ao meu. Sabia que fazia errado mas não sabia outra forma de arrancar um sentimento tão forte que residia em mim, pronto para ser retribuído e então, pisado. Eu ouvia seu julgamento e me importava!

E foi assim que o outubro chegou. O que eu anteriormente havia levado anos para transformar em uma situação insustentável, consegui – e não me orgulho – transformar em aproximadamente um mês. E doeu tanto! Tinha nojo do que me tornei, e assim, aparentemente sem mais nem menos, eu dei fim. Ironicamente, o fiz com um beijo e sob extremo desejo. De repente, tudo que eu sentia não estava mais lá.

A medida que fui liberando meus pensamentos e culpas, resgatei um sentimento que eu ignorava. O que poderia ser bom, estava enterrado sob camadas e camadas de medos e incertezas. Acho importante esclarecer que, para retirar o máximo de sentimentos bons que eu carregava da pessoa que havia me entregado novamente o direito de ser feliz acompanhada, eu mudei e acredito que jamais serei a mesma. Eis que, aparentemente sem cerimônia e sem sofrimento, eu segui em frente. Aos trancos e barrancos.

O mais irônico de tudo é que eu não teria tomado atitude alguma se não fosse por ti, pelo teu jeito de não se deixar levar pelo sentimento. A verdade é que eu não teria esperado mais uma semana. Eu já não estava ali. Pelo menos não da forma como nós havíamos existido. Por alguns instantes virei um fantasma do que eu era e acabei nos transformando em fantasmas também. Por isso, te peço perdão. Ter sido forçada a atos tão drásticos me fez refletir e perceber o momento em que meu mecanismo de autodestruição é atiçado. Eu só tive boas intenções e atualmente, só desejo teu bem – seja ele qual for e sob qualquer tua atitude, mesmo que ocasionalmente eu vire apenas um número (5).

Eu não sei se aceitei o teu jeito de ser. Ainda é muito complicado. Mas eu respeito. Talvez sob tuas mesmas vivências eu também reagiria dessa forma ( e vice versa). O fato é: continuaria sem dar certo por mais tempo.

E então, sob tempestades e trovões, dei um passo que não teria como ser retirado. Eu tinha duas opções, continuar ou abandonar. Da forma como eu estava, provavelmente teria escolhido a segunda opção. Provavelmente teria caído na tua manipulação de me manter à volta, sendo tua e indo contra meu próprio julgamento. Mas porque existe um amigo merecedor envolvido, eu continuei. E agradeço todos os dias.

Encarei muitos momentos de dualidade e momentos onde o que queria era me isolar. Com sorte as provas e o foco me mantiveram fora do buraco. E assim, evitei grandes destruições. Neste momento, lutava contra o intuito natural de esquecer do meu próprio sofrimento e focar nos danos que minhas ações causavam, ou simplesmente aprender a me fortalecer, tentando unir os aprendizados novos à minha essência.

Levo de 2014 a certeza de que coloquei à minha frente inúmeras pessoas e sentimentos, alguns bons e alguns ruins. Ainda aprendo com todos. Fiz amigos, dei muitas risadas, sofri bastante. O importante foi só ter caído no buraco duas vezes. Os dois, valeram muito a pena. Inicio 2015 com a presença da família e com paz no coração. Vejo harmonia e fico maravilhada com a evolução dos sentimentos, afinal, para tudo deve haver o equilíbrio. Ainda devo aprender a lidar com o sentimento de impotência criado por ter desistido de ajudar uma pessoa querida, entretanto devo saber respeitar meu próprio limite. Aproveitei 2014 até as últimas forças.

E que venha 2015!