31 de dez. de 2010

feliz ano novo


desejo a vocês muitos fogos de artifício em 2011. obrigada e até ano que vem.

23 de dez. de 2010

as pessoas tem o que merecem.

não sei porque sinto isso, essa insatisfação que não é bem uma insatisfação, é mais uma desesperança, se é que isso existe. poxa, é natal, tecnicamente a época mais feliz e efusiva do ano, quando se junta com o ano novo. meu aniversário ou o que quer que seja.

pois então, é sobre isso mesmo, dezembro. tantas coisas acontecendo e acelerando tudo para que as férias passem vazias e rápidas, resultando em mais um ano devagar, entediante e cansado. ano que vem será complicado, bastante complicado.

esses fins de ano me lembram da felicidade alheia que eu não possuo, e que talvez eu não queira possuir, só para poder ainda ter do que me lamentar, ter autodesprezo, para variar as coisas um pouco.

é só que eu penso que tudo mudou de uma forma tão bruta, desnecessária inclusive. eu já vi coisas que preferia não ter visto, senti e conheci pessoas que fazem parte da minha antiga vida mas, pera aí, eu continuo tendo uma vida só, isso não muda. eu lembro do que as pessoas fizeram pra mim, lembro o quão idiota eu fui e eu acho que melhorei mas pra isso precisei me livrar do amor que sentia por todo mundo. não é amor do tipo eu te amo como bom dia mas simpatia, achar que existe o bom dentro de cada um porque isso é só papo para o natal e não para o ano inteiro. cansei.

se eu me senti assim apenas por um sonho que eu não faço a mínima idéia do que houve, então é melhor parar de procurar o resquício de memória que sobrou. afinal a única coisa que eu consigo me lembrar ainda é que faz um ano inteiro desde que eu me toquei de várias coisas, um ano e um mês, 13 meses dos quais 11 e talvez até os próprios 13 e quase 14 eu me senti enganada. não, não eu não vou esquecer o porque eu deixei tudo ir, eu já esqueci e passei por isso mas a ferida continua aberta e sangrando, as pessoas só não vêem o sangue porque esse sangue já bombeia para outro lugar, infelizmente para longe de mim.

sim, me marcou, me chocou, acabou comigo mas principalmente nesse natal eu me lembro daquelas palavras bêbadas em uma madrugada qualquer me falando que fui eu quem estraguei tudo e que as coisas não poderiam ser consertadas, mesmo conosco podendo tentar novamente. eu só precisava falar que sim.


ainda bem que não falei que sim, as pessoas tem o que merecem, nisso eu acredito.

17 de dez. de 2010

eu estava pensando...


falei com alguns amigos que fazia horas que não falava e eles me perguntaram da mais nova (ok, não tão nova assim mas que pra eles é nova) pessoa na minha vida. ok, respondi, encantada, e eles me escutaram pacientemente, como sempre. me tremeram de apaixonadinha, logo eu e tudo o mais como todos meu amigos fizeram comigo (juro que não sei o motivo). foi aí que um tocou no assunto, afirmou, uma coisa que para os outros, seria a coisa mais normal do mundo quando se vive um romance a longa distância, a presença da web cam. neguei. ele (assim como todos) se surpreendeu.

ok, não foi nada demais mas me fez pensar que, pra mim é uma coisa tão boa mas que me machuca tanto que eu nem cogitei a hipótese de machucar tanto a ele também. somos tão parecidos que eu subentendo que perguntei a ele e tomo o controle da situação.

nossa, eu amo ver ele, ali, na minha frente, tão perto e tão longe ao mesmo tempo mas é exatamente esse o ponto. ver, realmente, é bom porque me lembra dos momentos que passamos juntos mas também me lembra que não tenho próxima data para vê-lo. me lembra que assim como todos casais que se ligam a hora que querem, que fogem de casa para se ver, que moram a quadras de distância, enquanto eu moro a 650km.

a sensação de observá-lo é única, me faz relembrar todos os traços mas me faz dormir com uma sensação de impossibilidade, com uma tristeza de não conseguir fazer nada a respeito que me deixa assim por dias. por isso não nos vemos todos os dias. desculpa.

8 de dez. de 2010

ainda bem que as pessoas mudam.

afinal, aprendemos coisas valiosas amadurecendo. antes precisávamos chocar, mostrar a todos que tinhamos aquele tipo de pensamento e que nos orgulhávamos dele e pego como exemplo todas aquelas pessoas que, quando tinham 12 anos rebelaram-se contra o mundo e vestiam-se só de preto, maquiadíssimas (as gurias) ou eram donos de cabelos enormes (no caso dos guris) e pagavam de fodões de qualquer maneira possível. ainda bem que amadurecemos.

não critico, entendam, eu fui uma dessas e me orgulho disso. acontece que percebo cada vez mais que essa maneira de agir afasta as pessoas. tenho certeza que não conheceria metade das pessoas que conheço e que estas não me achariam uma pessoa legal e confiável só pelo jeito que me visto. claro que a opinião das pessoas não conta muito mas a opinião das pessoas que eu gosto e que considero amigas conta, pelo menos pra mim e eu não teria essas pessoas do meu lado se continuasse no meu mundinho pequeno e restrito que eu vivia com meus 12 anos.

claro que a culpa é da mídia, de todas as pessoas que trabalharam arduamente no esteriótipo que todos roqueiros abominam e que, dentro do estilo, brigam, mas pessoas maravilhosas são taxadas de satanistas e todas aquelas coisas horrorosas por aspectos externos. continuamos acreditando nas mesmas coisas, ou pelo menos nas que valem a pena acreditar, amadurecemos e confirmamos conceitos e gostos musicais, apenas para analisar superficialmente.

a grande diferença é a maneira que nos expessamos. atualmente só exponho minhas ideias mais radicais para pessoas que já possuam um conceito formado sobre mim e que eu tenha certeza que compartilhe-as comigo. cautela. não preciso mais chocar ou magoar alguém apenas para expor meu ponto de vista, eu sei que ele existe e isso é tudo. não me trará nada de conhecimento extra discutir religiosidade com um católico, nós dois temos o pensamento formado e nenhum se renderá ao outro, só discutiremos até o fim dos dias e não chegaremos a lugar algum e ainda é capaz de brigarmos.

aprender, perceber que a vida não é tu contra o mundo e sim tu e pessoas que tu gosta e ama contra o mundo que te puxa pra baixo. é sim necessária cautela e não é necessário expor todos teus pensamentos formados sobre tudo para todos. a lição mais valiosa que eu aprendi é empatia.

6 de dez. de 2010

tiempo al tiempo

- eu só queria saber porque não consigo escrever como antes.
- mas tu ainda estás escrevendo, igualzinho ao 'antes'.
- não estou não.
- mentalmente, está. publicar ou não é a diferença.
- e isso quer dizer o que?
pausa.
- quer dizer que... agora tens mais coisas para esconder.
- mas é claro que não, que retardadisse.
- não? antes tu fazias tudo que tu querias, mais espontânea impossível.
- e ?
- que guria burra ein! e agora tens medo, caisse na real que as coisas acontecem sim contigo.
- isso deveria ser uma coisa boa.
- e é, espera mais um tempo.

16 de nov. de 2010

sobre as coisas que não deveriam ser esquecidas

eu o vi na frente do bar, ali na esquina, fumando sozinho. hesitei em me aproximar, me contentei em ficar do outro lado da rua, encostada à parede tomando meu café. depois de alguns segundos ele me viu e ficou um tempo me olhando. a rua estava vazia mas o bar às costas dele estava lotado e barulhento e eu acho que ele tinha amigos ali, esperando por ele. eu, sozinha. mais uma caminhada pelas ruas de POA pelo início da noite. o dia havia sido corrido e uma caminhada de duas quadras era fundamental.

meu celular tocou, mensagem da minha mãe, perguntando quando eu voltava. não respondi de imediato, guardei-o no bolso novamente e quando me dei por conta ele já estava atravessando a rua. parou a minha frente e sorriu, disse um oi meio tímido. eu apenas sorri, minha voz faltou e ele sorriu com mais vontade. sentou-se na soleira da porta de uma casa amarela onde morava uma velhinha pequena e aparentemente frágil. sentei com ele.

meu café havia acabado e ele me perguntou o que eu fazia a noite, sozinha olhando o bar.
- precisava ficar sozinha um pouco, ver gente que eu não conhecia.
- então eu atrapalhei?
- eu não te conheço e estou te vendo.

ele apenas sorriu, lá dentro do bar havia música ao vivo, Engenheiros... ele cantarolou, me perguntou se eu gostava. primeira pergunta-chave. depois de uns dois anos eu descobri que ele faz perguntas-chave pras gurias que ele conhece, 'pra saber se são pessoas legais e de confiança' segundo as próprias palavras dele.

era semana de grenal e muito provavelmente era por isso que ele estava em POA, nunca perguntei. as únicas coisas que eu perguntei foram o que ele fazia ali e se ele ainda gostava dela. peguei pesado. em seguida que estas últimas palavras saíram da minha boca ele olhou para baixo, puxou o maço de cigarros do bolso da camisa e procurou o isqueiro, meio que tentando organizar os pensamentos. estendi um isqueiro para ele, nem agradeceu de tão perdido.

- não precisa responder, desculpa.
- não, vou responder só que eu não sei qual é a resposta. tipo, eu acho que eu ainda gosto dela mas é como se eu só tivesse apegado a idéia de gostar de alguém e não porque eu quero namorar com ela.

não tinha o que falar, ele havia falado tudo que eu queria escutar. nós ficamos ali conversando durante um tempo, umas duas horas. ele prometeu me ligar antes de pegar o avião e na próxima vez que viesse a Porto Alegre. eu não estaria mais lá mas ele não precisava saber disso, pelo menos não por aquela noite. três meses depois ele descobriu e não se chateou nem um pouco, inclusive foi a Rio Grande pra me ver e amanhã fazem três anos que nos conhecemos e eu tenho certeza que ele vai me ligar. aquela noite me faz falta. toda vez que vou a POA olho para aquela casa amarela da velhinha simpática onde nos encontramos tantas vezes depois da primeira vez. o bar fechou, foi assaltado e quebrou. a velhinha continua lá, sorrindo para mim e eu ainda me pergunto se ela se lembra de mim e daquela noite.


'Não pense que vai apagar da memória,
são coisas que eles não vão saber,
eu sei muito mais do que os outros sobre você'

15 de nov. de 2010

Hey, Mr. Jack



'Is that the trick of your disguise?
Is that the cause of your demise?'


System of a Down - Mr. Jack

4 de nov. de 2010

verdades não ditas


- e as minhas sugestões de textos?
- aah... eu gostei mas tu sabes, são românticos demais pra mim.
- a tá.

'quem sabe eu precise ler sobre o romance para aprender como se faz, aprender o que se fala e quando se fala. preciso aprender para não decepcionar os outros. onde já se viu alguém que não saiba romancear tudo? é instrínseco...




ou deveria ser.'

20 de out. de 2010

love buzz



"Ele agarrou a caixa de charutos e tirou um pequeno saco plástico que continha cem dólares de heroína preta mexicana - era um bocado de heroína. Ele pegou metade, um chumaço do tamanho de uma borracha de lápis e colocou na colher. Sistemática e habilmente, preparou a heroína e a seringa, injetando-a logo acima do cotovelo, não muito longe de seu 'K' tatuado. Devolveu os instrumentos para a caixa e se sentiu uma nuvem, rapidamente flutuando para longe deste lugar. O jainismo pregava que havia trinta céus e sete infernos, todos dispostos em camadas ao longo de nossas vidas; se ele tivesse sorte, este seria seu sétimo e último inferno. Afastou para o lado seus instrumentos, flutuando cada vez mais rápido, sentindo sua respiração se reduzir. Ele tinha de se apressar agora: tudo estava se tornando nebuloso e um matiz verde-água enquadrava cada objeto. Agarrou a pesada espingarda, encostou o cano contra o céu de sua boca. Faria barulho; ele tinha ceteza disso. E então ele se foi." (Mais Pesado Que o Céu, cap. 24, Cabelo de Anjo).

18 de out. de 2010

sobre as coisas que fazemos sem nos dar conta

com os cabelos embaraçados, o coração com a tradicional batida forte e acelerada de poucas vezes e uma xícara de café na mão, ela pensa nele. é claro que o ele do escritor nunca é o ele do leitor... mas diga-se que seja... ele... é, ele.
- ele?
a noite já não era exclusiva dela e do maço de cigarros depositado ao canto da escrivaninha, que ela, inutilmente, tentava não alcançar. café forte era sinônimo de algo entre os dedos, algo para lhe lembrar de que a vida se esvai em uma tragada só, e de um jeito doloroso.
- porque não ficastes em Porto Alegre? Não era o que tu querias?
- acho que o que eu realmente queria não era Porto...
- e o que era?
fez-se silêncio por um momento, a resposta não chegava aos lábios dela nunca. tomou mais um gole do café. mudou o olhar, encarou os olhos cansados e então finalmente falou.
- o que tu queres com isso?
- eu? nada, já tu...
- não te entendo, não há motivo para o teu aparecimento...
- se assim tu achas.

ele esticou-se, pegou o maço, puxou um único cigarro, puxou do bolso um isqueiro verde-limão, parecido com o dela e acendeu o cigarro. ela sorriu para ele e olhou para o lado oposto, não fumaria.
- Porto Alegre te lembra a mim não né?
- lembra. lembra um tempo da minha vida também, dois na verdade.
- ambos bons?
- não. só um.
- não sei porque da tua relutancia, são coisas normais, tens que te adaptar. vai ser bom pra ti, tu sabes.
- não sei se será bom, não quero ter essa oportunidade...
- assim, sem aceitar é pior e tu sabes disso.
- pára de tentar me proteger, Dylan, eu sou tu, esse não é o teu papel.
- parei de te encomodar então.
e sumiu.
ela olhou para baixo, abriu as mãos e quase deixou cair o cigarro aceso por entre as pernas, assim, derrubou umas gotas de café quente em cima da coxa. não acreditava que havia realmente acendido o cigarro. olhou através da janela, uma paisagem de estrada... olhou para o relógio, duas horas da manhã. encostou a cabeça para o lado e adormeceu, abrindo os olhos apenas quando o ônibus fez uma curva acentuada, na entrada da rodoviária de Porto Alegre.

17 de out. de 2010

meu, só meu

me apavora pensar que tu pensas em mim de uma maneira nojenta, porque eu agi como qualquer uma. o teu silêncio me consome e eu fico cada vez mais frágil a cada segundo que passa. não consigo mais me concentrar, quero que tu fales comigo, preciso, nem que seja de uma discussão mas essa indiferença aparente me mata.

eu só imagino o que tu não deves estar pensando de mim, deves ter raiva ou descrença, eu não sei! não sei qual a tua reação, tenho medo de ter jogado tudo fora, tenho medo de ter, de alguma forma, que e esquecer.

to agüentando até onde está dando mas eu não me controlo mais, não consigo mais não te ligar, não dá. te quero, muito.

16 de out. de 2010

mulheres iludidas ?

agora eu entendi, as pessoas podem falar as meias verdades ou podem esclarecer tudo, o que as difere é a interpretação dos outros e, pra mim, agora tudo faz sentido. as pessoas não me mentiram, a verdade está lá e nós duas não a entendemos. não tenho mais peso na consciência.

11 de out. de 2010

no caminho certo


Procuro um caminho que me faça voltar a esquecer, gostaria de jogar as coisas para o alto, nem que fosse durante um único dia. Fazer tudo aos poucos está me cansando. Procuro por um novo velho amor que me faça estremecer ao toque, procuro pelo banho de mar após uma boa pedalada pela praia, apenas observando o vai e vem das ondas.

Procuro quem sabe por uma vida nova, ou apenas uma adaptação da que eu me encontro. Busco o inalcançável, sedenta por detalhes que me ajudem a montar o quebra-cabeças. Pela primeira vez em algumas semanas volto a me sentir otimista e agora eu sei que jogarei tudo para cima nesse feriadão.

É bom ver as coisas finalmente voltarem a seus devidos lugares e é incrível saber que logo recuperarei tudo que é meu por direito.

6 de out. de 2010

do caminho que me leva até o que eu quero.

nesse momento gostaria de sustentar um vício que larguei há um tempo atrás e que me faz falta. agora, cansada de tudo, era bom sentar, olhar o nada... vícios.

não tento mais falar de amores, melancolia e muito menos alegria, talvez por que não os sinta mais; pelo menos não explícitamente. introspecção e frieza. é o que parece. parece que a vida está de mal comigo mas eu me mostro superior a ela e simplesmente sorrio. bom seria.

sinto falta daqui e sinto falta da minha confusão diária mas já não sou mais só minha, na verdade não sou mais minha, sou de outros, tantos, perdidos, me perderam... não sei aonde e eu procuro.


Boa noite.

30 de set. de 2010

pela matemática

eu sei que isso irrita. eu sei que já era. eu sei.









eu sei.

15 de set. de 2010

pequenas linhas, me desculpem.


todo esse tempo sem tempo me enlouquece. o silêncio já não faz mais parte da minha rotina e até a música sumiu. acho que ela se esqueceu de me procurar essa semana, tão importante e tão repugnante. as lembranças e fotografias que antes faziam parte de pelo menos um dos sete dias encontra-se bem longe daqui e eu nao tenho tempo nem para escutar meus próprios pensamentos, apenas para dizer 'mais café por favor!'.

9 de set. de 2010

truth


3 de set. de 2010

o que fica


o tipo de coisa que eu nunca achei que fosse viver, realmente. eu, que sempre saí contando tudo pra quem se interessasse agora me vejo com vontade de manter tudo só pra mim. eu, ele e o histórico. eu tenho vontade de deixar quieto porque essas lembranças serão só minhas, se acabar e eu não tiver coisas físicas para trocar.

eu deixo quieto com a esperança que, quanto mais eu deseje, ela se torne real e não apenas uma criação por quem está embriagado pelo sono. não há nada mais para ser falado sobre esse amor silencioso que eu sinto. é só meu e dele.

31 de ago. de 2010

um ano


Em uma tarde tediosa e enlouquecedora, por assim dizer, eu senti vontade de fazer realmente uma sessão de terapia, expondo tudo que eu queria falar para certas pessoas e foi assim que eu criei o Isso e Aquilo.

Escrever eu escrevo desde os 11 anos eu acho, claro coisa infundadas mas mesmo assim exercito. Nunca achei que alguém podesse se interessar pelos meus lamentos e continuo achando isso. Eu escrevo para me livrar de algumas coisas, inventar outras, do jeito que eu gostaria que elas fossem e, às vezes, treinar alguma mentira, por que não? É tão fácil criar palavras, juntá-las então é divertidíssimo. Pode-se criar tudo. É por esse mundo de possibilidades que eu me rendi. É para me satisfazer que escrevo, é a minha nova antiga terapia.

Quando me enjoei do Isso e Aquilo criei o Até que se prove o contrário. Estas são as minhas palavras maduras, ou pelo menos deveriam ser. O primeiro blog se tornou o último em questão de prioridade mas foi assim apenas porque eu prefiro manter o primeiro como o mais verdadeiro. Pode ser tolice minha mas eu prefiro continuar achando isso.

Hoje eu mantenho os dois porque não me imagino mais sem nenhum ou com um só. Existem milhões de escritos rabiscados entre meus cadernos de aula, em pastas perdidas no meu computador, rascunhos dos dois blogs e mais ainda, trechos de vários na minha cabeça. Quem sabe eu deixo um deles ver a luz do dia.

Um ano de alegrias e um ano de tristezas. Fantasias e assuntos diversos. Até mudei de idéia (estou mudando na verdade) sobre um cantor do qual sempre odiei... Este blog me proporcionou inúmeras mudanças internas importantes e hoje eu sei melhor até onde posso ir. Este meu 'livro' ainda tem muitas páginas para serem escritas, aos poucos, visando o seu segundo ano, a princípio. Nunca nos esquecendo que só dá para ver um lado da história. Este lado é o lado mais público de todos. O Isso e Aquilo é o mais próximo que eu posso chegar de contar tudo, o mais próximo que eu consigo de me expor tentando não ser julgada, e quem os lê já conhece 2/3 de mim.

Sinto informar que 2/3 já é o mais íntimo que alguém chegou de mim e sinto te informar que não leves todas palavras aqui em consideração, sempre tem um pega-ratão. Talvez sejam necessários mais alguns anos para eu e vocês me compreenderem, mas esse não é o objetivo.

Escreva para si, escreva para a sua imaginação, possua leveza no que almeja e sempre determinação. Estes sentimentos transparecerão e quando você perceber, acabaram suas palavras, momentaneamente. Deixe a mente e seus dedos agirem sozinhos, não importa se não possues um tema, apenas veja que a folha em branco á sua frente não pode permanecer limpa.

29 de ago. de 2010

esses dias

- como tu vais fazer outra pessoa se acostumar com estes teus costumes?
- fazendo, na verdade eu é que não vou fazer nada, vou ter meus próprios problemas me acostumando com as manias dele.
- mas tu sabes que tens que facilitar.

os dois ficaram em silêncio durante um tempo. o dia estava bastante bonito, um sol lá no alto e passarinhos cantando. ela estava sozinha. bem, para os outros sozinha, para ela, o Dylan bastava. ela estava insatisfeita, só não sabia qual o motivo.

- não adianta ficar com os olhos cheios, nada vai mudar. - ele dizia, para o desespero dela. ela nem conseguia falar nada, se falasse, chorava.

por um momento ele se levantou e saiu, deixando-a sozinha realmente na sala. haviam coisas espalhadas por todos os lados e ouviam-se os gritos de Janis Joplin baixinhos que vinham do som de seu vizinho.

- dylan?
- oi.
- vem aqui!
- pra que?
- não quero ficar sozinha.
- mas tu estás de qualquer jeito sozinha.
realidade.
- por favor. - disse ela baixinho, lágrimas escorriam pelo canto dos seus olhos.

ele apareceu na porta do quarto, ela estava sentada no tapete, em frente a cama. ela não sabia o que falar para ele, só queria sentir a presença de mais alguém, mesmo que essa pessoa não fosse quem ela gostava.
o telefone tocou. e continuou tocando.

- não vais atender?
- não.
- e se for importante?
- não tem nada mais importante do que o que eu estou sentindo agora.
- eu não sei o que falar para te consolar agora.
- não precisa. só fica aí.

a Janis parou, o telefone tocou alto. duas. três. quatro vezes. ela se levantou, parecia incapaz.

- oi.
- oi.

ela parou. suspirou. mais lágrimas caíram.

- tá tudo bem?
- tu sabes que não. - ela tentava, em vão, não soluçar e permanecer o mais calma possível.
- se tu deixares eu queria passar aí agora.
- não.
- mas...
- não quero, não quero que tu me veja nesse estado.

Dylan estava a sua frente.

- não estou sozinha.
ele permaneceu quieto, não esperava. não sabia o que falar. tentou, em vão, permanecer indiferente.
- ok então, eu só pensei que a gente poderia se acertar mas se tu foi tão rápida assim...

não dava mais para conter as lágrimas, caíam fortes. do outro lado da linha a pessoa desligou o telefone. ela caiu no chão. por minutos permaneceu ali, segurando o telefone, tentando parar de ser boba mas não conseguindo.

a campainha.

- atende. tu sabes quem é e tu sabes que precisas falar com ele.
- medo.
- eu abro então.
- cala a boca, tu não podes.
- aé?

Dylan levantou e caminhou até a porta, colocou a mão na maçaneta e abriu a porta. devagar Dylan sumiu e devagar ele se materializou na porta, correu até ela e a abraçou forte.

27 de ago. de 2010

um sonho acabou

hoje eu venho aqui pra me lamentar. dia 06/09/10 acaba uma jornada que começou há um ano atrás por um grupo de amigos COMPLETAMENTE (essa palavra tem que ser frizada MUITAS VEZES) descompromissados. eu estou falando de uma coisa simples mas que pra mim representou muito e eu só descobri isso hoje, às 20:36h pra ser precisa.

foi uma vez em alguma aula de física II no segundo ano, a qual rumamos para a biblioteca, em que nós 11 nos reunimos para formar uma chapa para o Grêmio Estudantil. eu entrei pela Amanda e só peguei de vice-presidente pq foi o que sobrou. eu não levei a sério, tanto que eu praticamente nem fiz campanha e não fiquei no dia da apuração dos votos. eu sei que nós ganhamos, eram 4 chapas eu acho e mesmo com 20 votos tirados da gente por injustiça (alegaram boca de urna, no entanto quem falava pra votar na gente, sem citar nomes de chapas ou integrantes, era uma colegaque nem fazia parte da chapa e BEM longe da votação) nós conseguimos, disparado. até aí foi um mar de rosas, sorrisos falsos e cafés em uma sala só nossa. não durou muito, começamos a descobrir quem realmente estava do nosso lado e quem queria nos manipular.

o primeiro evento que nos testou foi o campeonato de futebol. aquele campeonato foi realmente o divisor de águas. nós quase nos matamos, não contávamos com NENHUM apoio da direção e da coordenadoria pedagógica, não tínhamos NENHUM dinheiro em caixa e com TODO colégio praticamente nos fazendo pressão para sair um campeonato bom, não que isso importasse muito. ressalto, nós quase nos matamos mas no final foi o melhor campeonato que já tivemos. ficou muito bem organizado e quem olhava até dizia que nós estávamos todos bem. engulimos MUITO sapo, caminhamos muitas quadras atrás de patrocínio para o tal campeonato e no sábado nosso time foi campeão.

o pior estava por vir, na segunda-feira matamos as duas aulas para discutir, nos trancamos na sala do Grêmio e saiu de TUDO, desde lágrimas verdadeiras a gritos de ódio. eu mudei depois daquelas horas ali e as coisas nunca mais foram as mesmas. a segunda coisa mais marcante foi a 'revolta' conta a UNE, que hoje, uma faixa com os dizeres 'a UNE não nos representa' é ostentada na sala do G.E..


de lá pra cá saíram inúmeros eventos desde tentativas de campeonato de truco, manifestações contra a direção por causa do mesmo e por inúmeros outros motivos que não valem a pena serem revelados aqui, até acampamentos de boas vindas aos novatos do primeiro ano 2010.

iniciamos esse ano bem, já no ritmo para largar as funções do G.E. depois do acampamento mas em uma das nossas reuniões durante as férias surgiu a idéia de, além de organizar a votação para o próximo Grêmio, fazer a despedida do atual.

hoje foi o dia escolhido e eu fui às 08:00h da manhã para o CTI agilizar os esquemas da votação e organização do evento que contou com cama elática, torneio de golzinho fechado e dupla de vôlei, malabares, mini-aula de body jam, 'show de talentos', quentão saudável, pipoca e doces de graça, brincadeiras dos professores com os alunos. a apuração dos votos terminou às quase 21h e determinou que, dia 06/09/10 o Grêmio atual será substituido.

hoje, depois de anunciar a vitória dos guris meus amigos, depois de ter andado pra cima e pra baixo atrás de barbante, cordar, balão e banana, depois de ter xingado e agradecido a todo mundo, eu finalmente prestei atenção no que eu estava fazendo. eu já não conseguia nem pensar direito e todas as partes do meu corpo doíam. como sempre no nosso mandato, muitas pessoas não ajudaram na preparação e sobrecarregaram poucas, que às vezes nem teriam que ter esse tipo de preocupação.

a chave estava no meu nome, eu fechei a sala. mesmo sabendo que não era a última vez que eu ia entrar na sala e nem que o mandato acabava hoje eu me senti muito mal. eu achei que não fosse fazer diferença, achei que seria mais fácil mas sim, eu tive vontade de chorar ao olhar a sala, em um caos entre malhas, balões, faixas, copos descartáveis, papéis dos antigos, atuais e futuros Grêmios. não ia ser só mais um dia em que eu e mais alguns colegas entrávamos gritando e rindo na sala depois de um dia muito corrido e largávamos nossas coisas ou mesmo as coisas do próprio Grêmio... seria a última vez. eu havia acabado de decidir quem nos substituiria.

imediatamente eu lembrei de todas as vezes que nós nos reunimos, sempre mais pessoas do que a sala comportava de modo que ficavámos uns sobre os outros, no chão, no sofá de 3 lugares que acabava servindo para até 7 se duvidasse. as vezes que matávamos aula para só ficar conversando e tomando café na sala do Grêmio, as vezes em que nós íamos vinte minutos para lá, levantávamos e íamos embora, barulhentos em um pavilhão de professores. várias pessoas que iniciaram o mandato conosco não estavam mais lá. foram tantas idéias que surgiram ali... imediatamente eu olhei para o canto, aquele canto em que fica o protótipo de computador das cavernas que nos foi dado que funcionou apenas dois dias e morreu, e lembrei de um dia em particular. o dia da discussão. cara, foi tanta coisa dita ali naquele dia... eu senti saudades, quis viver aquele tempo de novo... quis ter todas aquelas preocupações novamente. aquela sala viu coisa demais para ser largada assim...

depois de todo sofrimento, das dores nas costas, cabeça... enfim, corpo todo que esse mandato me causou e eu tenho certeza que atingiu a todos integrantes do Grêmio oficiais ou não, eu assinei aquele livro da portaria. quem sabe eu entreguei meu documento pela última vez, quem sabe eu pronunciei 'a chave do Grêmio por favor' pela última vez. demorei um pouco mais para assinar meu nome, eu percebi. não sei se foi pelo caos que a minha cabeça estava ou por não querer que aquele momento terminasse mas mesmo assim o fiz consciente.


saudade. é o que vai ficar. todos nós, incontáveis que ajudaram hoje e durante todo o nosso mandato, devemos nos sentir orgulhosos, nós representamos bem. ainda não acabou eu sei mas eu tenho que agradecer ao apoio dos professores que me surpreenderam hoje principalmente. tenho que agradecer ao não apoio da direção do colégio, agradecer pelo ódio que a pedagogia têm de nós e principalmente agradecer a indiferença dos alunos do IFRS em grande parte do nosso mandato. agora sim, vamos aos bons agradecimentos, eu agradeço a todos meus amigos que entraram nessa empreitada comigo, a todos que mesmo não oficialmente participando do Grêmio nunca negaram ajuda e principalmente a minha presidente, Amanda Garcia, tu foi uma pessoa que eu me aproximei demais por causa dessa bomba que nós aceitamos e tomamos como nossa, eu já perdi a conta de quantas vezes tu me ligastes pra falar o que eu precisava fazer pra ti e, depois de enumerar uma lista de, no mínimo, 10 itens (os quais eu só escutava, sem anotar), eu parava e te perguntava qual era o primeiro e tu, muito cansada e apavorada achando que ia dar tudo errado apenas suspirava e dizia qual era, rezando para que eu não esquecesse e eu não esquecia. principalmente, eu aprendi a tomar as tuas dores e entrar nessas contigo mas sempre impondo meu ponto de vista também, até porque tu sabes que se tu tens alguém para entrar nas tuas enrrascadas tu vai fundo sem pestanejar e, precisas de alguém que te pare ou te dê toques para ti mesma reconhecer a bobagem que tu falou. é por tudo isso Amanda que eu te agradeço por ter me ajudado a me fazer crescer, a me fazer ter mais responsabilidades e me lembrar que não é bom desapontar as pessoas. eu consegui descobrir a pessoa que existe atrás dessa máquina de responsabilidades e atropelamentos.

enfim, já escrevi muito. desejo boa sorte aos guris que entraram no Grêmio, que eles façam muito bom proveito daquela sala e que, ao fim no mandato deles, olhem para ela e suspirem como eu suspirei lembrando de tudo já vivido.

26 de ago. de 2010

afinal, tudo isso se chama viver


tente não se importar tanto.
tente sorrir.
só tente.
aproveite.

16 de ago. de 2010

sobre as coisas que não vemos diariamente

- porque tão pensativa?
- ah, oi...
ela estava na janela de casa, apenas observando os carros e as pessoas seguirem seus caminhos. hoje, incrivelmente ela havia voltado para casa antes de anoitecer e pôde perceber que lá pelas 18, 19 horas o mundo todo voltava para casa.

- não vais me responder?
- desculpa. não estou pensativa, só estou observando.
- é, sei. mas me conta, porque voltastes pra casa cedo?
- tinha horas extras, decidi voltar pra casa. tenho muita coisa a fazer.
- e no entanto permaneces aqui, olhando as pessoas desconhecidas sem fazer absolutamente nada. que bom ein.
- não desdenhes, eu precisava exatamente disso, era isso que eu tinha a fazer.
- mas agora não te entendi, não fazer nada era o que tu tanto tinhas pra fazer?
- é, olhar as pessoas, ver a responsabilidade no rosto delas, admirar desde os mais estressados com o trânsito até os que se divertem em seus carros... olhar os pedestres apressados que cruzam a rua sem esperar o semáforo fechar... essas coisas que ninguém percebe.

ele permaneceu quieto, apenas olhando para ela. ela no entanto, não havia olhado para ele em nenhum momento da conversa, sua voz a irritava. ela sabia que teria de fazer muitas coisas ainda, era cedo e um artigo a esperava madrugada a dentro, assim como o Dylan já que ele estava aparecendo cada vez mais seguido e permanecendo mais tempo.

- eu te subestimei.
- porque?
- eu achava que tu era muito superficial, sabia?
- nunca duvidei disso.
- sobre o que se trata o teu artigo?
- é uma extensão do meu trabalho.
- huum.

houve uma longa pausa onde, pela primeira vez, foi ela quem iniciou a conversa:

- o que vamos comer hoje?
- pede uma pizza!
- que sabor tu gostas?
- eu não posso comer pizza.
- não?! então porque me sugeriste a pizza?
- sei lá, tu deve gostar de pizza... não tem ninguém que não goste.
- ta mas, tu existe?
- existo... tanto quanto um urso polar falante magro e dançarino bípede. não acredito que tu esqueceu que eu só existo na tua imaginação?

ela havia ficado sem jeito e em silêncio.

- então eu estou falando sozinha todo esse tempo?
- é.

ela olhou para frente. parou, pensou. voltou a olhar para ele a procura de palavras para a próxima conversa, quem sabe ela se justificasse com o porque de ela não ter levado ele para Porto Alegre mas ele já não estava mais lá. agora sim ela se estava sozinha. levantou foi até o telefone pedir uma pizza.