17 de mar. de 2013

sobre a primeira vez que fiz uma criança dormir.

Eu, no meu 'poder' de neta mais velha, assisti a algumas crianças chegarem depois de mim. A família é muito unida e 8 crianças vieram tirar o meu lugar de criança mais nova da família. De todas essas oito, a única que eu tive o contato - e a responsabilidade - de fazer dormir foi a Catarina, nove anos mais nova, e admito que mais a agitei do que a acalmei. Ela já era grande, tinha uns quatro ou cinco anos, mas ainda dormia depois do almoço e todos dias eu deitava com ela na cama da vó e contava uma estória. Lá no meio da estória, eu já não lembrava o que de fato tinha acontecido e de propósito, começava a inventar histórias com abdução de alienígenas bonzinhos, roubos de cofres, acidentes e toda a sorte de filmes manjados que passam na Rede Globo. Obviamente caíamos na risada e eu aproveitava para brincar de 'monstro' e fazer o Massacre da Serra Elétrica (uma brincadeira (da nossa família?) que envolve cosquinhas).

Não teve nenhuma criança depois da Catarina, até que em 2010 a minha tia anunciou que estava grávida do meu afilhado. Hoje, depois de uma tarde ensolarada de brincadeiras embaixo da figueira, veio a hora da manha, quando a criança quer brincar mas os olhos já vão se fechando sozinhos. As minhas instruções eram que, quando essa hora chegasse, eu ligasse pra casa da minha tia que ela atravessaria as 4 quadras de distância e viria buscá-lo para a hora da soneca.
A minha avó, atrapalhada, ficou de fazer a ligação. Já o meu afilhado, se deitou na cama e eu fui junto para esperar. Mas ele dormiu. Comecei a contar a estória dos Três Porquinhos e de repente ele ficou de costas pra mim, achei que ele fosse fazer alguma graça, mas não. Sabe quando tu queres olhar pra ver se a pessoa está dormindo mas tens medo que acorde? Fiquei cuidando a respiração, olhando aquelas costas pequeninhas que já vão fazer 3 anos.

Quando tomei coragem de me levantar, fiquei na beirada da cama olhando a primeira criança que eu consegui fazer dormir na vida. Ele parecia tão sereno e as mãozinhas estavam posicionadas da mesma forma que estavam na primeira vez que o vi, recém nascido e no colo da mãe. Saí do quarto e disse pro meu avô: já dormiu.

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