Fiquei muito tempo pensando no que escreveria quando chegasse ao ponto de abrir essa tela com esse espaço em branco, e acredito que ainda não saiba muito bem o que sentir dados os acontecimentos. Essas férias foram bem pesadas emocionalmente e acho que desejo voltar a correria do dia a dia, pois tenho medo de ficar parada na cidade. Lembro de quando tive 3 meses em casa, sem planejar nada, sem esperar nada. Quero que a vida siga seu rumo, que venha cheia de agitações, quero tomar decisões. Quero que mais um semestre vá para conta, mas também tenho medo de quando o próximo não existir.
Sábado eu senti que tudo está próximo demais e encarei a realidade de que amigos próximos não estarão mais ao meu lado nos semestres que se seguirem. Da mesma forma que estou feliz, também estou triste e incomodada pelas decisões que as pessoas à minha volta tomam. Semana que vem posso abraçar mais uma vez um amigo querido que retorna de uma viagem longa e que estará em um momento sensível, ficará poucos dias, pois já vai embora para seus próximos semestres.
Uma irmã retorna a cidade, outra não gosta da escola nova, outro retorna e outra só retorna quando outra vai embora. Idas e vindas. Talvez por ter sido obrigada, desde 2006, a enxergar que o estar perto não é físico, hoje eu lide um pouco melhor com as chegadas e partidas que a Maria Rita tanto canta.
Entretanto partir fora do tempo e sem a devida necessidade me atormenta. Nos últimos anos assisto a ausências fortes e antecipadas e a cada vez que devo prestar meus pêsames, deixo de acreditar um pouco na vida e isso me traz uma desolação muito grande. Aos invés de deixar esse sentimento vir a tona eu o guardo para quando estiver sozinha e daí rezo soluçando. Essa foi a solução que aprendi em 2006 e a qual, por enquanto, vinha funcionando. Talvez ela já não seja a saída apropriada e eu deva vasculhar dentro de mim algo um pouco melhor. A verdade é que experimentar altos e baixos em um dia ou uma semana não é a melhor ação para mim pois sei que os baixos acabam indo muito ao fundo, até as minhas entranhas e, ao subirem, trazem a tona uma leva de sentimentos brutos que, na superfície, já se transformaram. E a confusão se instaura.
A estrada para o auto conhecimento tem sido longa e muito dolorosa e só agora, com mais de 2 anos de terapia semanal, consigo dizer que mudei para melhor. Controlo muito mais o que digo e, quando sei o que quero, consigo me expressar com exatidão. Quem muda, muda o mundo a sua volta e é nesse sentido que gostaria de compartilhar os frutos da minha terapia com aqueles que amo. Acredito que todos nós devemos visitar regularmente um psicólogo, não para que ele nos diga o que fazer, mas para que consigamos ter sangue frio para controlar nossas emoções até decidirmos o que fazer.
Ao todo, completo quase 4 anos de acompanhamento psicológico e pretendo continuar, não porque dependo disso, mas porque é o momento da minha semana no qual coloco a mão na consciência de verdade. No período em que acreditei que conseguia sozinha, andei em círculos. Quando entro naquela sala, não são emoções que tomam conta, pelo contrário, são divagações, às vezes monólogos nos quais percebo que por conta de uma única palavra, estava agindo errado. Ao falar em voz alta enxergo o que tenho capacidade para enxergar. Ainda não sou forte como desejo mas cada passo é comemorado vigorosamente.
Admitir que precisamos de ajuda é o passo mais importante e devemos confiar em alguém mais forte para nos fornecer as iluminações necessárias para que sigamos sempre em movimento, capazes de compreender as diferentes óticas que outras pessoas possuem.
Eu quero que a vida seja otimista e colorida, que flua com o máximo de acontecimentos bons possíveis e quero ser capaz de tocar a vida de todos com quem me importo. Cada um segue sua estrada individual mas ao encontrarmos encruzilhadas, encontramos também pessoas que tem o gentil gesto de compartilhar sua estrada conosco, por um intervalo de tempo. Podemos pegar carona na estrada alheia, podemos forçar com que elas se encontrem novamente, mesmo que antes do tempo, ou podemos seguir tendo nossas próprias escolhas, rezando para que estas pessoas também decidam por si só e que, por algum acaso, coincidência, destino ou influência Divina, nos encontremos novamente. Até lá, são tantas as opções que só podemos e conseguimos pensar nas ações que tornarão nossa trilha bonita e, desde que esta seja nossa justificativa, tudo está justificado.
Eu? Eu acredito na ação e na reação. Quanto mais bonitos formos, mais encruzilhadas com pessoas bonitas teremos. Por isso eu rezo para os quais desejo encontrar novamente, para que tomem decisões bonitas também e que me encham de orgulho.
"You'll be on my mind
Don't give yourself away
To the weight of love"
Weight of Love - The Black Keys
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