11 de jan. de 2015

sobre a antiga rotina

Peguei minha bicicleta e fiz o caminho mais natural possível: em direção a praia. Antes parei na casa de um amigo, que já nem mora aqui; queria falar com seus pais. Depois de uma hora de conversa, voltei ao meu caminho.

A casa dele tem a grama mais alta que a rua, o que sempre dá um certo embalo ao início da pedalada. Por 6 anos sempre tomei o rumo sul. Dobrei na entrada para a praia e já enxergava novamente o mar. Mais cedo, havia tomado o primeiro banho do ano e agradecido a tudo que já me aconteceu. Pedalei por um tempo, até que o nordestão me fez parar. Então larguei a bicicleta próxima e encontrei uma duna para sentar.

Pela posição do sol deviam ser umas 19:30h passada. As pessoas já estavam indo embora e um certo frescor pairava. Entre todas músicas altas e barulhos de carro, eu ainda conseguia escutar o barulho do mar e em menos de dois minutos, já estava arrepiada e com o olho cheio d'água. Dizem que esta reação tem sido muito recorrente.

Lembrei que da última vez que passei na casa do amigo e segui para a praia antes de ir para casa, ao me deparar com a imensidão do mar, pedi com todas as forças para que conseguisse a minha vaga para a Oceano. Aqui estou eu, indo pro 3º ano e cada vez mais maravilhada com tudo que aprendo. E nesse clima, segui observando com olhos de cientista-júnior a natureza a minha volta.

Agora a praia já estava quase vazia, com alguns resistentes que desejariam ver o pôr-do-sol. Lembrei das vezes que me senti incomodada pela quantidade de pessoas disputando seu lugar na areia. Lembrei de como fui mimada, tendo durante o ano inteiro uma praia com 250 km de extensão. Lembrei dos invernos de menos de 10ºC, onde mal se ensaiava um sol, e nós já estávamos mateando na praia.

Me fiz muitos questionamentos de diversas áreas e a única resposta que obtive foi: porque amo. Me entristece como quantos amigos partem sem necessariamente pensar em voltar. O ponto maior que penso é: se uma amizade prevalece até no outro lado do mundo, porque não?

Na sexta-feira estava certa que terminaria meu atual livro neste fim de semana e acabei conseguindo ler exatas meia página. Ali, na praia, o livro estava dentro da bolsa, mas me sentia boba por ignorar tudo ao meu redor. Este sempre foi o meu problema, eu queria a totalidade, não o específico.

Não me importo se as coisas não saem como planejei, o que me entristece e chateia é que tenham 'dado errado'. Em momentos onde os pensamentos bons são menos recorrentes do que os maus, acredito que seja 'dar errado'. Principalmente quando se trata de relacionamentos. E tenho dificuldades em aceitar e acabo cometendo erros por crer que a história só acaba quando 'dá certo'.
Algumas coisas tem que dar errado e permanecer erradas, por um tempo. Tipo eu. Eu dei errado e permaneci algum tempo errada. Vejo que, em momentos de isolamento, as coisas encontram o equilíbrio.

Agora, devo ser errada, egoísta e manipuladora para que desta forma os erros parem de ser cometidos. 'Se não pode vencê-los, una-se a eles' e, infelizmente vejo que este poderá ser o caminho. Sob perspectivas diferentes, devo ter sido todas essas coisas e, se de fato é isso que pensam de mim, devo aceitar. Não há nada que possa fazer. Tentei mostrar que tive meus motivos, tentei mostrar que minhas intenções foram boas.

Não tem sido fácil aceitar e existe um caminho tortuoso a frente - bem diferente da praia a perder de vista na qual estou acostumada. Como falei algumas horas mais cedo, a gente deve passar por fases difíceis para que, com o tempo, as feridas cicatrizem e só fiquem as lembranças boas. E como dizia a minha avó, água salgada cura!

"Acordar cedo
Sentir a energia salgada do vento 
E a doce brisa do mar 

Acordar cedo 
E dar uma sacada na bóia no tempo 
Será que vai rolar

Acordar cedo 
Fazer pela vida fazer por mim mesmo 
Eu hei de conquistar 

Acordar cedo 
Seguir pela trilha da onda da vida 
Rezar pra Iemanjá"

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