- como tu vais fazer outra pessoa se acostumar com estes teus costumes?
- fazendo, na verdade eu é que não vou fazer nada, vou ter meus próprios problemas me acostumando com as manias dele.
- mas tu sabes que tens que facilitar.
os dois ficaram em silêncio durante um tempo. o dia estava bastante bonito, um sol lá no alto e passarinhos cantando. ela estava sozinha. bem, para os outros sozinha, para ela, o Dylan bastava. ela estava insatisfeita, só não sabia qual o motivo.
- não adianta ficar com os olhos cheios, nada vai mudar. - ele dizia, para o desespero dela. ela nem conseguia falar nada, se falasse, chorava.
por um momento ele se levantou e saiu, deixando-a sozinha realmente na sala. haviam coisas espalhadas por todos os lados e ouviam-se os gritos de Janis Joplin baixinhos que vinham do som de seu vizinho.
- dylan?
- oi.
- vem aqui!
- pra que?
- não quero ficar sozinha.
- mas tu estás de qualquer jeito sozinha.
realidade.
- por favor. - disse ela baixinho, lágrimas escorriam pelo canto dos seus olhos.
ele apareceu na porta do quarto, ela estava sentada no tapete, em frente a cama. ela não sabia o que falar para ele, só queria sentir a presença de mais alguém, mesmo que essa pessoa não fosse quem ela gostava.
o telefone tocou. e continuou tocando.
- não vais atender?
- não.
- e se for importante?
- não tem nada mais importante do que o que eu estou sentindo agora.
- eu não sei o que falar para te consolar agora.
- não precisa. só fica aí.
a Janis parou, o telefone tocou alto. duas. três. quatro vezes. ela se levantou, parecia incapaz.
- oi.
- oi.
ela parou. suspirou. mais lágrimas caíram.
- tá tudo bem?
- tu sabes que não. - ela tentava, em vão, não soluçar e permanecer o mais calma possível.
- se tu deixares eu queria passar aí agora.
- não.
- mas...
- não quero, não quero que tu me veja nesse estado.
Dylan estava a sua frente.
- não estou sozinha.
ele permaneceu quieto, não esperava. não sabia o que falar. tentou, em vão, permanecer indiferente.
- ok então, eu só pensei que a gente poderia se acertar mas se tu foi tão rápida assim...
não dava mais para conter as lágrimas, caíam fortes. do outro lado da linha a pessoa desligou o telefone. ela caiu no chão. por minutos permaneceu ali, segurando o telefone, tentando parar de ser boba mas não conseguindo.
a campainha.
- atende. tu sabes quem é e tu sabes que precisas falar com ele.
- medo.
- eu abro então.
- cala a boca, tu não podes.
- aé?
Dylan levantou e caminhou até a porta, colocou a mão na maçaneta e abriu a porta. devagar Dylan sumiu e devagar ele se materializou na porta, correu até ela e a abraçou forte.
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