17 de mai. de 2010

the two of us

Aquelas paixões completamente burras e coloridas que nos pegam desprevenidos acontecem. E acontecem tão rapidamente que às vezes até as esquecemos. Eu já vi borboletas onde não existiam, olhei diretamente para o sol diversas vezes e fiquei enxergando bolinhas brilhantes nas coisas, parecia tudo surreal, assim como quando te olhei pela primeira vez.

Eu te idealizava de uma forma completamente diferente do que tu és realmente, a capital me forçou a te conhecer melhor e os barzinhos de beira de esquina nos convidaram para uma cerveja em um domingo, quatro horas da tarde em um sol escaldante e um ar costumeiro e completamente abafado.
O que eu posso te dizer é que a tua voz rouca é a mesma das rádios e que os teus olhos são mais profundos e reveladores de uma alma calejada do que eu jamais observei. Eles me dizem tanto.

Foi assim, num piscar de olhos anoiteceu e ventou, choveu forte, parou e deixou a garoa nos enganar, nos fazendo continuar naquele boteco que antes, nenhum dos dois faziam idéia que existia. Tínhamos exatamente um dia. Teu vôo saia as seis da manha e tu precisavas acordar cedo, o que era um desafio. Nos despedimos ás exatas onze horas da noite, 'eu preciso voltar, só por isso' tu me dissestes ao pé do ouvido usando e abusando da tua voz calma e rouca que me estremeceu e arrepiou toda. O que se seguiu foi um misto de confusão e o sentimento que perdurou foi aquele em que sentes que tu já conhecia aquela pessoa a tempos.

Eu nunca mais te vi pessoalmente e nunca mais me senti tão imensamente feliz quanto naquele dia em que eu voltei na chuva caminhando por uma metrópole anoitecida e quieta, voltei para a minha cidade, voltei para os meus costumes, sonhando com a noite passada e com a próxima onde eu passaria contigo.

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