É agora, escutando Dylan novamente que as coisas acabaram, de fato. Me falta algo, me falta tudo, me falta me colocarem no colo e me consolar, eu sinto que me perdi de mim e do mundo e por motivos tolos. Tenho medo de ter ficado fraca, temo não ter mais forças para seguir em frente quando esbarrar em um obstáculo maior.
Nada é como parece, preciso de amor, carinho, um sorriso que me encante como a tempos eu não vejo. Continuo com a idéia fixa de, quando tudo me for contra nessa cidade, simplesmente me mudar e começar de novo. Sim, eu fujo, e fugiria bem mais se não fosse essa cidade ridícula que cada vez mais me leva para o chão.
Por favor, por piedade, me dê um cigarro. Sim, esse aí que está na sua boca, eu topo. Me leve para um festival qualquer de rock e me dê uma cerveja na mão. Já está na hora de procurar esquecer o que não sai de mim, está na hora de arrancar, nem que seja à faca todos esses sentimentos que eu ainda levo comigo. Dylan me faz refletir na vida quando eu menos quero, talvez seja esse o motivo que eu não curto ele, eu nunca entendi isso. Eu nunca entendi o porque de muitas coisas e várias vezes inventei sentido e motivo para elas. Aliás é isso, as coisas nunca fizeram sentido. Nunca. A vida já não faz mais sentido e as ambições foram todas jogadas no lixo. A madrugada está pronta para chegar e os livros de química em cima da escrivaninha, abertos e rabiscados de raiva continuam ali. A água na chaleira ferve como nunca, ela não passará de 100ºC e infelizmente não atingirá temperatura suficiente para me queimar a boca e me impedir de falar bobagens, afastar mais pessoas de mim.
O café não se fará sozinho e o Dylan não pára de tocar nunca, pára pára te imploro. Dê sentido para suas letras e façam esses dedos pararem de digitar palavras loucamente, sono venha por favor, me cale até a manhã do dia seguinte, sempre há um dia seguinte, cheio de rotina, sono e conversas altas e na sua maioria exaltadas.
O cigarro ainda não chegou e eu estou aqui esperando, não me cansarei, não dormirei, quero meu vício de volta, quero meu tempo foda de novo, quero um sentido para o dia e não a justificativa 'tem prova na quarta' ou 'tu recebe certificado e conta horas de estágio'. Os 16 anos estão passando e o que faltava seis meses hoje estão saindo da marca dos três. É muita coisa em pouco tempo, a fantasia me surpreende e o cigarro não chegará. Estou fraca, presa, sozinha e no escuro, sem a possibilidade de explorar uma madrugada linda e fria. Dá pra dormir até tudo voltar ao ponto onde eu me perdi de mim mesma?
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