22 de set. de 2011

posso ir pra Porto Alegre agora?

um dia uma sábia pessoa me alertou que tomar um porre é a melhor maneira de saber se ainda gostamos de alguém ou se apenas pensamos que não gostamos mais. eu não acreditei, disse que haviam outras maneiras mais fáceis, a pessoa saberia, acabaria por se envolver com outra pessoa. errei haha
essa mesma pessoa me falou que podemos perceber o quanto uma pessoa já sofreu por amor quando comparamos as músicas que esta escuta com as de outro alguém. sempre haverá algumas músicas de dor de cotovelo ou então artistas que são meio autodestrutivos, por exemplo. quando este alguém já não percebe que o que escuta normalmente é extremamente triste, podes ter certeza de que este sofre (ou já sofreu) tanto que pra ela, a letra daquela música já não é tão triste assim e logo não a deixa triste. enquanto outra pessoa pode acabar por estragar seu dia só porque escutou tal música. esta segunda pessoa com certeza sofreu menos por amor do que a primeira.

claro que são só teorias e estão um pouco defasadas até porque o alguém que me falou agora já está bem longe mas ontem, logo em seguida antes de dormir me lembrei dessa conversa, há uns 4 anos atrás. lembrei do vinho ruim e da companhia maravilhosa. a noite estava mais chuvosa e tempestuosa possível e eu acabei por ficar trancada no Cassino e foi uma das melhores noites da minha vida, só teorias daquelas pessoas meio entorpecidas. conversamos até desmaiarmos de sono (ou será que foi por causa do vinho?).
agora acredito em ambas teorias. e tu me dissestes que eu acreditaria um dia, e que isso significava que eu já tinha amadurecido o suficiente pra te procurar. posso ir pra Porto Alegre agora?

20 de set. de 2011

fato

e por mais que eu tente chorar, já não consigo.

19 de set. de 2011

mais uma de amor.

agora só tenho vergonha. vergonha de mim mesma, vergonha por ter falado muita coisa sem pensar, vergonha por precisar de ajuda e mais vergonha ainda por não saber como pedir.
essa vergonha já me visitou uns meses antes e eu a odiei como odeio hoje.

parabéns a ti, mais uma vez tu me surpreendeu e mais uma vez o texto de hoje é sobre ti e eu tenho vergonha disso. não que tu saibas mas eu escrevi ontem sobre como estava certa de que nada aconteceria e, aconteceu. nem tinha mais bolso pros butiás caírem porque nem esperava ter butiás, que dirá bolsos para carregá-los. hoje, de novo. achei que tinha vendido os butiás de ontem mas hoje eles caíram das minhas mãos. tenho vergonha disso. e como tenho.

a nossa conversa ontem foi fria não? eu senti que alguma coisa em mim congelou e talvez tenha sido o meu coração que virou um cubinho de gelo e não o teu, como eu escrevi no texto anterior. mais vergonha ainda por isso. preciso de ajuda, férias e um porre homérico.

continuo seguindo a vida, atarefada e focada. dia 03 de novembro vou no cardiologista ver como está o novo marcapasso e se o cubinho de gelo continua do tamanho normal.

15 de set. de 2011

bloco de gelo chamado coração

- tu mudou.
- não, não mudei.


claro que mudou, colocou o bloco de gelo de volta no lugar do coração. nós que te cercavámos estávamos acostumados com uma pessoa diferente, um pouco mais emocional. uma pessoa que até abraçava os amigos assim, do nada. agora voltamos ao bloco de gelo e vemos que sim, mudou. vemos que o que estávamos acostumadas antes dos abraços sinceros, era uma atitude autodestrutiva e que agora estás voltando a isso. não queremos teu mal.
todos teus comentários expostos apenas disfarçam o real sofrimento por ter colocado o bloco de gelo de volta. quem é sensível a isso (apenas sentimentos) enxerga. mas como sempre não conseguimos fazer nada para ajudar. podemos apenas oferecer um sorriso bonito e esperar poder te fazer um carinho e dizer que vai ficar tudo bem. mas só em momentos de fraqueza e para uma única pessoa, no máximo!
seu individualista! não deixas ninguém se aproximar. é o teu jeito, eu sei. também não deixo.
que engraçado.

espero que tenham pessoas por aí que tu possa deitar na cama e só ficar olhando o rosto dela. isso funciona mais do que qualquer palavra, funciona pra pessoas como nós que não gostamos de falar sobre os nossos sentimentos diretamente a alguém.
espero que alguém certo venha e retire o cubinho de gelo e coloque o teu coração no lugar certo, já que eu não consegui. daqui só pude colocar um marcapasso externo no cubinho.

14 de set. de 2011

H

"(...) - Ouça: 'A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer.' Não é engraçado? Naturalmente, não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E, naturalmente, não querem pensar: foram criados para viver e não para pensar! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas, sem dúvida estará confundindo a terra com a água e um dia morrerá afogado."
Hesse, H.; O Lobo da Estepe; pág. 20.

11 de set. de 2011

Sicko

Uma amiga precisava ver um documentário para a faculdade e como não nos víamos a algum tempo, decidi fazer uma janta e ver o documentário com ela. Estávamos vendo porque era necessário e achávamos que seria uma droga e, estávamos completamente erradas. Sicko, do Michael Moore é incrível, pura verdade e contraste de realidade.
É um documentário estadounidense que avalia seu sistema de saúde e o compara com os sistemas de saúde socializados de países como França, Inglaterra e Cuba. Moore mostra casos médicos onde a negligência (compra) do sistema causou a morte desnecessária de crianças, pais de família e adolescentes com a vida inteira pela frente. Chorei e me revoltei.
Ao visitar os outros países, a mentalidade americana me surpreendeu. Como são idiotas, egoístas, gananciosos e arrogantes estes americanos! Com certeza a mensagem do filme que deveria se espalhar pelo mundo todo é "a de que um país que teme a reação de sua população vai obviamente pensar bastante antes de desrespeitá-la. Da mesma forma que um povo consciente de seus direitos e deveres não deveria temer os governantes que ele mesmo escolheu, e só assim essa cadeia de abusos estaria perto de ser desfeita."

Outro ponto forte e que ocupou muito a minha cabeça, me forçando a fazer esta postagem logo no dia 11 de setembro foi o encontro de Moore com alguns heróis do World Trade Center. Estas pessoas foram voluntárias na tragédia e quando começaram a desenvolver problemas devido à exposição a substâncias tóxicas, procuraram a ajuda médica prometida pelo governo e, como não estavam na folha de pagamento da época, não tinham direito a assistência grátis pois não tinham como comprovar que realmente adquiriram a doença pelo voluntariado. Através do desfecho do filme, parte deste grupo acaba em Cuba, o eterno inimigo dos Estados Unidos da América. Lá, foram atendidos de graça e obtiveram o diagnóstico e os remédios certos, além de um atendimento extremamente humano. Para nós brasileiros não é novidade que o sistema de saúde de Cuba é um dos melhores do mundo mas o que é mostrado no filme é a total alienação, arrogância e manipulação de massas dos americanos.
Agora me pergunto, na época do filme, a tragédia fazia 5 anos, onde estão estas pessoas que são mostradas no filme? Após 5 anos adoraria saber se sua condição de saúde melhorou e se estes transformaram-se em mais números para o governo.

É um filme sobre compaixão, empatia e direitos humanos. Após este documentário fiquei extremamente feliz por ter o SUS e por ser brasileira, pois se tivesse nascido nos Estados Unidos teria virado mais uma vítima do sistema ganancioso e corrupto que brinca de Deus.
Recomendo!

voltar a realidade

Depois de alguma confusão, esforço para não me atrasar (em vão) e considerável irritação e pressão psicológica, entrei no segundo ônibus incrivelmente atrapalhada. Passando a roleta, segurando bolsa, carteira aberta e classificador, acabei por me desequilibrar e segui aos trancos e barrancos ônibus adentro. Não consegui olhar para o fundo a tempo e quando avistei que não havia lugar tive que voltar para a frente, onde havia observado uma vaga ao lado de uma senhora, mas como era muito na frente optei por não sentar. Tive que dar o braço a torcer. Atrapalhada, deixei a pasta cair e quase bolsa e carteira abertas caem também. Uma mulher a recolheu pra mim, agradeci mas senti que meu sorriso foi forçado e talvez um pouco falso também. Quando vi era a senhora do lugar vago. Entre alguns mais tropeços, sentei. A música em meus ouvidos estava irritantemente alta mas pude escutar alguns risos das pessoas que acompanhavam a minha desventura.
Comentei com a senhora sobre o dia difícil que estava tendo e do quão atrapalhada eu era. Ela me sorriu e falou que de vez em quando isso acontece mas que tudo ia ficar bem. Comecei a pensar em todas as coisas que haviam dado errado e reclamava mentalmente.

Acontece que o ônibus que eu me encontrava era de deficientes e à minha frente estava uma guria cadeirante com alguma deficiência mental grave. Algumas paradas após a conversa e uma antes da minha, comecei a me lamentar psicológicamente pois a cadeirante desceria, logo perderia tempo precioso. Quando voltei à realidade, quem estava descendo a cadeirante era a senhora que estava ao meu lado, sua mãe.
Senti-me mal por ter reclamado, por ter esquecido meu caráter em casa e tantas outras coisas, afinal quem tinha me confortado para coisas tão inúteis, enfrentava desafios maiores todos os dias e havia demonstrado uma grandeza de espírito enorme.

Quando desci do ônibus caminhei rápido, atrasada e chorando de soluçar.

4 de set. de 2011

as melhores coisas do mundo --'

sonhei que estávamos na cama deitados olhando um pro outro. eu te fazia carinho no rosto e te cantava. boa parte da noite foi só isso. boa parte do meu dia foi só pensando nisso.
acredito que voltei a estaca zero. acredito que cada vez mais tenho raiva por não conseguir fazer isso sair de mim. quando eu penso que consigo levantar vai lá alguém e me empurra pra ficar de joelhos, novamente.

1 de set. de 2011

parabéns.

ontem o blog fez 2 anos e eu fiquei apavorada pensando no que falaria. resolvi não falar nada, só pensar em tudo que ele já significou. não sinto necessidade de parar e nem de mudar de endereço. não me enjoei daqui e sei que não posso parar de escrever. mesmo que escreva pra mim (hoje vi que isso é uma expressão de refúgio), me sujeito a aprovação/reprovação de qualquer um que pare pra ler isto.
escrevo porque preciso e não me importo que leiam, mas sinto vergonha caso me falem. sei que muitos destes textos não foram exatamente bons do ponto de vista literário mas já me falaram que escrevo com sentimento, logo me apego a essa ideia. transformei o blog em um algo sentimental, mesmo sem querer. me tornei sentimental, mesmo sem querer.

nesses pensamentos de ontem cheguei a muitas conclusões e percebi que gosto de mim, do que me tornei. gosto dos meus gostos musicais e literários, das minhas opiniões e das minhas palhaçadas. poderia ser autossuficiente mas escolho não o ser. abandonei a ideia de ser feliz sozinha, não penso mais em ter vários amigos mas sim na qualidade destes poucos. admiro meus defeitos acima de tudo e tenho feito o máximo para melhorar.
ontem vi que mudei, mais do que tinha planejado. ontem vi que meu coração não tem mais um dono mas que está cheio de carinho. demorou.

demorou dois anos. dois anos de desilusões, dois anos de alegrias, dois anos de perdas. dois anos de batalha. fico feliz de ter registrado tudo aqui e fico feliz de planejar registrar mais outras tantas coisas.