11 de set. de 2011

voltar a realidade

Depois de alguma confusão, esforço para não me atrasar (em vão) e considerável irritação e pressão psicológica, entrei no segundo ônibus incrivelmente atrapalhada. Passando a roleta, segurando bolsa, carteira aberta e classificador, acabei por me desequilibrar e segui aos trancos e barrancos ônibus adentro. Não consegui olhar para o fundo a tempo e quando avistei que não havia lugar tive que voltar para a frente, onde havia observado uma vaga ao lado de uma senhora, mas como era muito na frente optei por não sentar. Tive que dar o braço a torcer. Atrapalhada, deixei a pasta cair e quase bolsa e carteira abertas caem também. Uma mulher a recolheu pra mim, agradeci mas senti que meu sorriso foi forçado e talvez um pouco falso também. Quando vi era a senhora do lugar vago. Entre alguns mais tropeços, sentei. A música em meus ouvidos estava irritantemente alta mas pude escutar alguns risos das pessoas que acompanhavam a minha desventura.
Comentei com a senhora sobre o dia difícil que estava tendo e do quão atrapalhada eu era. Ela me sorriu e falou que de vez em quando isso acontece mas que tudo ia ficar bem. Comecei a pensar em todas as coisas que haviam dado errado e reclamava mentalmente.

Acontece que o ônibus que eu me encontrava era de deficientes e à minha frente estava uma guria cadeirante com alguma deficiência mental grave. Algumas paradas após a conversa e uma antes da minha, comecei a me lamentar psicológicamente pois a cadeirante desceria, logo perderia tempo precioso. Quando voltei à realidade, quem estava descendo a cadeirante era a senhora que estava ao meu lado, sua mãe.
Senti-me mal por ter reclamado, por ter esquecido meu caráter em casa e tantas outras coisas, afinal quem tinha me confortado para coisas tão inúteis, enfrentava desafios maiores todos os dias e havia demonstrado uma grandeza de espírito enorme.

Quando desci do ônibus caminhei rápido, atrasada e chorando de soluçar.

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