22 de jan. de 2015

sobre as pequenices da vida

É incrível como nos acostumamos com algumas situações. Desde a falta da poltrona que mais parecia soca-soca até a falta de alguém. Momentos em que apenas saber se a pessoa está viva e bem contrastam com os do passado, quando se sabia ou se previa cada pensamento.
A pessoa que mais tive medo de que acontecesse algo de ruim ou falecesse e eu não soubesse ou estivesse longe, hoje está no show do Foo Fighters. Eu não viajei pra ver ele, não fui na sua formatura e nem ele na minha - e eu senti muito a falta dele. São momentos como esse em que penso que esse era o combinado, cada um ir até metade do caminho e ter lembranças únicas, como aquelas daquele hotel.

Até ano retrasado as nossas conversas me lembravam aquelas pessoas que éramos quando nos relacionamos e espero que tenhas sentido todo meu apoio. Sei que hoje talvez não nos identifiquemos com metade do que fizemos e, principalmente, sei que muito do que fiz foi bobo. Simplesmente eu não era madura o suficiente.
O que sentimos foi de verdade e até hoje eu guardo os desabafos e conselhos que aquelas madrugadas nos deram; sempre te desejo o melhor pra tua vida. Vejo tuas fotos e penso que boba eu fui! Aquele sorriso ainda é o mesmo e as poucas vezes que escutei a tua voz foram suficientes pra gravá-la em mim. Só penso na tua cara vendo o Dave Grohl.

Só tenho a te agradecer, ursinho na pele de carneiro; Espero que tu saibas o quanto aquele ano foi importante e que sempre estarás guardado, principalmente como o grande amigo que fostes. Hoje as conversas são bem (beeeem) menos frequentes mas sempre que acontecem me trazem conforto e paz. Fico muito feliz de ver teu sucesso e sei o quanto batalhastes. 

Tudo que passamos, principalmente com todas pessoas que nos relacionamos, marcam. Não acho errado lembrá-las; acho errado esquecê-las e principalmente manipular o que efetivamente sentimos para ter lembranças só boas ou só ruins. Se o relacionamento chegou a um momento de desgaste foi devido a algumas decisões equivocadas e reconhecê-las nos faz evoluir.

Não sei finalizar nada, muito menos textos, por isso escolhi uma imagem por que afinal, todo texto precisa de uma imagem.



19 de jan. de 2015

A Ilha


"Eu sei, que existe uma ilha
Onde o homem nunca lá pisou
Não há, nem pegadas ou trilhas
Só uma onda que abria, abria, abria, abria

Vou guardar você em segredo
Vou sentir quando eu partir
Mas te trago na lembrança
Quando o céu me ver sorrir

Eu sei, que existe uma ilha
Onde o homem nunca lá pisou
Quando a chuva vem, refresca e partia
è terrau todo dia, dia, dia, dia

Eu sei, que existe uma ilha
Onde o homem nunca lá pisou
Eu sei que até parece ironia
Mas ela vai se só minha, minha, minha, minha

Vou guardar você em segredo
Vou sentir quando eu partir
Mas te trago na lembrança
Quando o céu me ver sorrir

Vou guardar você em segredo
Vou sentir quando eu partir
Mas te trago na lembrança
Quando o céu me ver sorrir

Eu sei que existe uma ilha
Onde homem nunca lá pisou
Eu sei que, até parece ironia
Mas ela vai ser só minha, minha, minha

Eu sei que existe uma ilha
Onde homem nunca lá pisou
Eu sei que, até parece ironia
Mas ela vai ser só minha, minha, minha

Eu sei que, até parece ironia
Mas ela vai ser só minha, minha, minha, por um dia"

11 de jan. de 2015

sobre a antiga rotina

Peguei minha bicicleta e fiz o caminho mais natural possível: em direção a praia. Antes parei na casa de um amigo, que já nem mora aqui; queria falar com seus pais. Depois de uma hora de conversa, voltei ao meu caminho.

A casa dele tem a grama mais alta que a rua, o que sempre dá um certo embalo ao início da pedalada. Por 6 anos sempre tomei o rumo sul. Dobrei na entrada para a praia e já enxergava novamente o mar. Mais cedo, havia tomado o primeiro banho do ano e agradecido a tudo que já me aconteceu. Pedalei por um tempo, até que o nordestão me fez parar. Então larguei a bicicleta próxima e encontrei uma duna para sentar.

Pela posição do sol deviam ser umas 19:30h passada. As pessoas já estavam indo embora e um certo frescor pairava. Entre todas músicas altas e barulhos de carro, eu ainda conseguia escutar o barulho do mar e em menos de dois minutos, já estava arrepiada e com o olho cheio d'água. Dizem que esta reação tem sido muito recorrente.

Lembrei que da última vez que passei na casa do amigo e segui para a praia antes de ir para casa, ao me deparar com a imensidão do mar, pedi com todas as forças para que conseguisse a minha vaga para a Oceano. Aqui estou eu, indo pro 3º ano e cada vez mais maravilhada com tudo que aprendo. E nesse clima, segui observando com olhos de cientista-júnior a natureza a minha volta.

Agora a praia já estava quase vazia, com alguns resistentes que desejariam ver o pôr-do-sol. Lembrei das vezes que me senti incomodada pela quantidade de pessoas disputando seu lugar na areia. Lembrei de como fui mimada, tendo durante o ano inteiro uma praia com 250 km de extensão. Lembrei dos invernos de menos de 10ºC, onde mal se ensaiava um sol, e nós já estávamos mateando na praia.

Me fiz muitos questionamentos de diversas áreas e a única resposta que obtive foi: porque amo. Me entristece como quantos amigos partem sem necessariamente pensar em voltar. O ponto maior que penso é: se uma amizade prevalece até no outro lado do mundo, porque não?

Na sexta-feira estava certa que terminaria meu atual livro neste fim de semana e acabei conseguindo ler exatas meia página. Ali, na praia, o livro estava dentro da bolsa, mas me sentia boba por ignorar tudo ao meu redor. Este sempre foi o meu problema, eu queria a totalidade, não o específico.

Não me importo se as coisas não saem como planejei, o que me entristece e chateia é que tenham 'dado errado'. Em momentos onde os pensamentos bons são menos recorrentes do que os maus, acredito que seja 'dar errado'. Principalmente quando se trata de relacionamentos. E tenho dificuldades em aceitar e acabo cometendo erros por crer que a história só acaba quando 'dá certo'.
Algumas coisas tem que dar errado e permanecer erradas, por um tempo. Tipo eu. Eu dei errado e permaneci algum tempo errada. Vejo que, em momentos de isolamento, as coisas encontram o equilíbrio.

Agora, devo ser errada, egoísta e manipuladora para que desta forma os erros parem de ser cometidos. 'Se não pode vencê-los, una-se a eles' e, infelizmente vejo que este poderá ser o caminho. Sob perspectivas diferentes, devo ter sido todas essas coisas e, se de fato é isso que pensam de mim, devo aceitar. Não há nada que possa fazer. Tentei mostrar que tive meus motivos, tentei mostrar que minhas intenções foram boas.

Não tem sido fácil aceitar e existe um caminho tortuoso a frente - bem diferente da praia a perder de vista na qual estou acostumada. Como falei algumas horas mais cedo, a gente deve passar por fases difíceis para que, com o tempo, as feridas cicatrizem e só fiquem as lembranças boas. E como dizia a minha avó, água salgada cura!

"Acordar cedo
Sentir a energia salgada do vento 
E a doce brisa do mar 

Acordar cedo 
E dar uma sacada na bóia no tempo 
Será que vai rolar

Acordar cedo 
Fazer pela vida fazer por mim mesmo 
Eu hei de conquistar 

Acordar cedo 
Seguir pela trilha da onda da vida 
Rezar pra Iemanjá"

2 de jan. de 2015

da dificuldade de definir sentimentos

A verdade é que eu nunca me importei com o que os outros pensavam de mim. Essa atitude já foi um acerto e um erro. Me enxergo muito inocente. Não acredito que as pessoas sejam essencialmente más e que tenham intenções ruins. Eu sei que este lado existe, principalmente o vejo em mim, às vezes. O que não entendo é como esse lado domina ao longo do tempo.

A medida que vamos crescendo, encaramos situações que nos moldam. A escolha entre acreditar ou não nas pessoas, nos dirá se quebraremos a cara ou não. Eu, sempre escolho acreditar. Fui moldada sob essa perspectiva. Por escolher acreditar, necessito ajudar e causar reflexão no outro (e vice-versa). Sei que meus princípios não são os certos para todos, mas julgo ter sido criada por pessoas justas e amorosas e procuro no outro, alguém com quem se possa refletir nossos atos para corrigi-los. O que eu não aprendi é como não ser arrastada pela reflexão do outro. Penso que tenho melhorado um pouco, mas ainda estou longe do correto.

Acredito que o mal pode dominar por períodos e acredito que sozinhos, não vamos a lugar algum, apenas para baixo. Ninguém é uma ilha. Todos somos parte de uma rede e acabamos afetados pelas atitudes e pensamentos alheios e, por causa disso, desenvolvemos estratégias de convívio.
Saber se relacionar é uma arte, e aprendi isso da forma mais dolorida possível. Não sei como não guardei rancor e não sei como pude alimentar a parte ruim de mim por tantos anos. Resolvi amar todos e acreditar no bem em todos. Não quero ver apenas o lado ruim e mau. Escolho guardar boas lembranças e sentimentos sobre os que já entraram na minha vida. Sei que cada presença é passageira, uns por mais tempo e uns por menos. Acredito que todos contribuem em algum aspecto para a nossa evolução.

Por isso, sempre levei em consideração as ações e não as palavras. Principalmente, a razão psicológica para os atos. A verdade é que nem sempre sabemos como absorvemos internamente as coisas. Muitas vezes pensamos que temos determinada atitude devido a tal acontecimento importante que nos marcou mas, ao analisarmos, percebemos que a atitude é devido a outros tantos acontecimentos pequenos, mas insistentes. A gente nunca sabe o que efetivamente vai nos moldar, até que já repetimos o padrão tantas vezes que quebrá-lo se torna um exercício de contínuo foco. Foco. Palavra mais repetida pelo meu pai em toda sua vida, eu acho.

Eu, por ter acreditado nas pessoas, quebrei a cara e não soube me recuperar. Encarei o lado negativo da vida, me isolei e constatei que o meu fundo do poço – naquele momento – havia chegado. Não há lugar para ir, a não ser para cima. A grande questão é que o comportamento antigo já se consolidou. O que fazer? Procurar ajuda. Em si ou nos outros? Ambos. O antigo sempre buscará se sobrepujar ao novo e te puxará aos velhos hábitos, que morrem devagar. Mas morrem!

Seguir encarando a vida com olhos preto e branco era uma das coisas que me faziam mal. Fui descobrindo as cores e, aos poucos, acreditando mais nas pessoas. Fui puxada para o fundo do poço novamente. E sigo sendo. Mas a cada escalada, percebo que chego mais longe e fica cada vez mais difícil o ruim alcançar – embora eventualmente, ele chegará.

E aí que chegamos onde eu queria começar o texto! O ano de 2014. Me senti puxada para o meu buraco apenas duas vezes este ano. Penso que finalmente quebrei um ciclo, que eu julgo ser o principal motivador da autodestruição que eu tanto luto contra. E um ciclo extremamente importante. Colocar fim em uma montanha russa de alegrias e tristezas que durou oito anos inteiros significa muito. E talvez eu não tenha perdido a minha essência – acreditar – e tenha amadurecido um pouco quando se trata de saber deixar o problema de cada um com seu respectivo. Não se pode abraçar o mundo.

E então, cheguei a segunda vez que fui atirada no buraco. Esta, inesperada e sob muita luta. O que senti durante agosto/setembro foi desespero. Eu vi potencial, acreditei, me esforcei, lutei, amei e pra que? Concluí que, realmente não posso forçar a minha entrada onde não quero ser recebida. Não devo procurar ajudar quem não quer ser ajudado (inclusive a lição que eu achava que já tinha aprendido). Não posso contribuir e carregar fardos cujos donos não querem ser questionados pois acreditam que apenas seu jeito é o certo.

Aceitar foi a parte dolorosa. Perceber que havia entrado no meu modo autodestruidor a partir do momento em que me permitia continuar nutrindo esperanças de que o reslumbre de bom que havia visto ao longo dos atos, na verdade, era ofuscado sob pilhas de julgamento e opiniões solidificadas sem um mísero de questionamento, foi a minha ruína. Desistir significava que eu errara e não havia cumprido com o meu papel.

Aqui, acho desnecessário falar sobre o lado bom de nós. Ele foi grande para caber nessa pseudo retrospectiva-reflexão. Creio que o meu erro tenha sido justamente esse: avaliar com diferentes pesos os lados bom e ruim da relação, sempre considerando mais o lado bom.

Mesmo que para mim o fim tenha começado antes mesmo de termos terminado, demorei dois meses para perceber que eu deveria ter forças para lidar com o aprendizado escrachado nos meses anteriores, senão, tudo que havia sofrido anteriormente, teria sido inútil. E sob a lembrança do meu buraco anterior e já bem conhecido, engoli meus sentimentos bons e procurava expulsar os ruins e fazer com que eles se tornassem evidentes e insuportáveis. Não foi só ele quem concluiu que, de fato, somos muito diferentes. Mas eu também tive que concluir que não somos complementares.

O problema foi que, no caminho, lidei com emoções fortes. Tive sentimentos ruins sendo empurrados pelos poros em direção às trevas que se formavam ao meu redor, sentimentos que estavam guardados há muitos anos. Acabei acelerando o processo de autodestruição, que já vinha em curso. Gerei contradição (de ambas partes), lembrei de situações que dava por esquecidas e fiz coisas que julgo erradas. Percebi uma alimentação negativa, o julgamento dele se unia ao meu. Sabia que fazia errado mas não sabia outra forma de arrancar um sentimento tão forte que residia em mim, pronto para ser retribuído e então, pisado. Eu ouvia seu julgamento e me importava!

E foi assim que o outubro chegou. O que eu anteriormente havia levado anos para transformar em uma situação insustentável, consegui – e não me orgulho – transformar em aproximadamente um mês. E doeu tanto! Tinha nojo do que me tornei, e assim, aparentemente sem mais nem menos, eu dei fim. Ironicamente, o fiz com um beijo e sob extremo desejo. De repente, tudo que eu sentia não estava mais lá.

A medida que fui liberando meus pensamentos e culpas, resgatei um sentimento que eu ignorava. O que poderia ser bom, estava enterrado sob camadas e camadas de medos e incertezas. Acho importante esclarecer que, para retirar o máximo de sentimentos bons que eu carregava da pessoa que havia me entregado novamente o direito de ser feliz acompanhada, eu mudei e acredito que jamais serei a mesma. Eis que, aparentemente sem cerimônia e sem sofrimento, eu segui em frente. Aos trancos e barrancos.

O mais irônico de tudo é que eu não teria tomado atitude alguma se não fosse por ti, pelo teu jeito de não se deixar levar pelo sentimento. A verdade é que eu não teria esperado mais uma semana. Eu já não estava ali. Pelo menos não da forma como nós havíamos existido. Por alguns instantes virei um fantasma do que eu era e acabei nos transformando em fantasmas também. Por isso, te peço perdão. Ter sido forçada a atos tão drásticos me fez refletir e perceber o momento em que meu mecanismo de autodestruição é atiçado. Eu só tive boas intenções e atualmente, só desejo teu bem – seja ele qual for e sob qualquer tua atitude, mesmo que ocasionalmente eu vire apenas um número (5).

Eu não sei se aceitei o teu jeito de ser. Ainda é muito complicado. Mas eu respeito. Talvez sob tuas mesmas vivências eu também reagiria dessa forma ( e vice versa). O fato é: continuaria sem dar certo por mais tempo.

E então, sob tempestades e trovões, dei um passo que não teria como ser retirado. Eu tinha duas opções, continuar ou abandonar. Da forma como eu estava, provavelmente teria escolhido a segunda opção. Provavelmente teria caído na tua manipulação de me manter à volta, sendo tua e indo contra meu próprio julgamento. Mas porque existe um amigo merecedor envolvido, eu continuei. E agradeço todos os dias.

Encarei muitos momentos de dualidade e momentos onde o que queria era me isolar. Com sorte as provas e o foco me mantiveram fora do buraco. E assim, evitei grandes destruições. Neste momento, lutava contra o intuito natural de esquecer do meu próprio sofrimento e focar nos danos que minhas ações causavam, ou simplesmente aprender a me fortalecer, tentando unir os aprendizados novos à minha essência.

Levo de 2014 a certeza de que coloquei à minha frente inúmeras pessoas e sentimentos, alguns bons e alguns ruins. Ainda aprendo com todos. Fiz amigos, dei muitas risadas, sofri bastante. O importante foi só ter caído no buraco duas vezes. Os dois, valeram muito a pena. Inicio 2015 com a presença da família e com paz no coração. Vejo harmonia e fico maravilhada com a evolução dos sentimentos, afinal, para tudo deve haver o equilíbrio. Ainda devo aprender a lidar com o sentimento de impotência criado por ter desistido de ajudar uma pessoa querida, entretanto devo saber respeitar meu próprio limite. Aproveitei 2014 até as últimas forças.

E que venha 2015!