20 de mar. de 2013

idiot wind*

Saí do auditório pronta para tomar um banho de chuva e pouco me importando se chegaria em casa um pinto molhado. Até pensava que compraria material escolar novo (viva a greve e as papelarias vazias). Vi que a mãe tinha mandado mensagem e meio distraída atravessei a rua do campus e me abriguei na parada de ônibus. Ventava muito e respingava, dia típico de inverno. Esboçava um sorriso enquanto digitava com dificuldade. A mensagem não foi enviada porque aparentemente eu falo demais ao celular, então liguei a cobrar. Foi quando percebi que a guria do meu lado chorava de soluçar.

Olhei pra ela porque sabia o que ela estava sentindo. Há um mês atrás eu saí daquele mesmo auditório enxugando as lágrimas que, teimosas, caíam. Pensei em tentar consolá-la mas não saberia o que responder se ela teimasse que o ano dela estava 'perdido'. Achei que ela acharia muito estranho.

Esperei alguns minutos, pensando no que fazer e com o número da mãe ali, pronto para ser discado. Pensei na vez que liguei pra mãe dando a notícia de que haviam chamado 4 pessoas e eu era a 5º. Pensei na baita 'injustiça' que era, eu ali agora contando que já tinha sido matriculada e a guria querendo uma matrícula. Vai saber se ela queria medicina? Vai saber se ela já tinha sido reprovada em outras universidades? Será que ela estudou mesmo? Senão não estaria chorando de soluçar!

Me contentei em sair do abrigo e contar para a mãe o mais longe possível. Na hora que todos teus sonhos foram aparentemente destruídos, tu só queres chorar mesmo. Aquela era a hora dela de achar que tudo estava dando errado e que o mundo era uma droga. Deixa ela chorar em paz.

Só queria dizer que no fim, as coisas podem sempre dar certo, como deram pra mim. 
Tomara que chamem ela. Nem que seja em maio.


17 de mar. de 2013

sobre a primeira vez que fiz uma criança dormir.

Eu, no meu 'poder' de neta mais velha, assisti a algumas crianças chegarem depois de mim. A família é muito unida e 8 crianças vieram tirar o meu lugar de criança mais nova da família. De todas essas oito, a única que eu tive o contato - e a responsabilidade - de fazer dormir foi a Catarina, nove anos mais nova, e admito que mais a agitei do que a acalmei. Ela já era grande, tinha uns quatro ou cinco anos, mas ainda dormia depois do almoço e todos dias eu deitava com ela na cama da vó e contava uma estória. Lá no meio da estória, eu já não lembrava o que de fato tinha acontecido e de propósito, começava a inventar histórias com abdução de alienígenas bonzinhos, roubos de cofres, acidentes e toda a sorte de filmes manjados que passam na Rede Globo. Obviamente caíamos na risada e eu aproveitava para brincar de 'monstro' e fazer o Massacre da Serra Elétrica (uma brincadeira (da nossa família?) que envolve cosquinhas).

Não teve nenhuma criança depois da Catarina, até que em 2010 a minha tia anunciou que estava grávida do meu afilhado. Hoje, depois de uma tarde ensolarada de brincadeiras embaixo da figueira, veio a hora da manha, quando a criança quer brincar mas os olhos já vão se fechando sozinhos. As minhas instruções eram que, quando essa hora chegasse, eu ligasse pra casa da minha tia que ela atravessaria as 4 quadras de distância e viria buscá-lo para a hora da soneca.
A minha avó, atrapalhada, ficou de fazer a ligação. Já o meu afilhado, se deitou na cama e eu fui junto para esperar. Mas ele dormiu. Comecei a contar a estória dos Três Porquinhos e de repente ele ficou de costas pra mim, achei que ele fosse fazer alguma graça, mas não. Sabe quando tu queres olhar pra ver se a pessoa está dormindo mas tens medo que acorde? Fiquei cuidando a respiração, olhando aquelas costas pequeninhas que já vão fazer 3 anos.

Quando tomei coragem de me levantar, fiquei na beirada da cama olhando a primeira criança que eu consegui fazer dormir na vida. Ele parecia tão sereno e as mãozinhas estavam posicionadas da mesma forma que estavam na primeira vez que o vi, recém nascido e no colo da mãe. Saí do quarto e disse pro meu avô: já dormiu.

13 de mar. de 2013

interação social: uma merda.

Nunca se sabe como as pessoas realmente são. 
É sempre incômodo pra mim passar por alguém que um dia significou grande parte de um período na tua vida, e perceber que hoje em dia, não resta mais nada.
Estava voltando pra casa depois de um dia corrido, distraída lendo e pelo jeito de andar, percebi que conhecia a pessoa que tinha entrado no ônibus. Esperei um oi, um tudo bem ou na melhor das hipóteses aquelas perguntas sobre o que ambos andam fazendo. Na minha cabeça é o que faria sentido, pois a nossa amizade não terminou em brigas nem nada, ela simplesmente foi deixada de lado. E a verdade é que eu nunca entendi porque paramos de nos falar. E depois de hoje, continuo sem entender como ela pode ser tão fria de não querer mais saber como eu estou.

Eu sentia falta dela, até que desisti. Do lugar onde eu estava, no ônibus, ela poderia ter dado um sorriso e ido embora... Foram pouco mais de 4 anos de convívio diário, era o mínimo que eu esperava. Não recebi nada e espero que o motivo foi que ela realmente não me viu. Se ela me viu e escolheu não me cumprimentar...

daqui


Porque eu sempre espero o melhor das pessoas?

1 de mar. de 2013

fortaleza

Mesmo depois de tudo que tenho passado e visto, a maior banda do universo conseguiu me fazer sentir, de novo, que o meu lugar é aqui e agora.