1 de abr. de 2011

ela?

- até quando vai isso tudo? - reclamou ela, olhando para os céus. cheia de livros na mão, uma mochila quase caindo do ombro direito, olheiras fundas, sem maquiagem. foi como deu para vir pra faculdade. ela havia madrugado digitando aquele maldito trabalho de uma matéria completamente inútil mas que ainda possuia avaliação.

as coisas não eram as melhores, em lugar nenhum. montes e montes de matéria a ser estudada, cadernos com anotações enormes e muitas perguntas sem resposta. a resposta ela procurava em vão nos livros que carregava de um lado para o outro e que nada respondiam.

o celular tocou. estava em algum lugar de baixo daquele emaranhado de cadernos, livros, papéis amassados importantes, comida e até quem sabe alguma maquiagem, a qual ela não achou antes de sair de casa.

- fala.
- oi, não sei se eu estou ligando numa hora boa mas... precisava falar contigo.
aquela voz era conhecida. a amoleceu e ela parou, no meio do caminho, esquecendo que estava atrasada para a aula.
- fala.
- precisava te ver.
- não vai dar, to cheia de coisa pra fazer. não podes falar por aqui mesmo?
- então deixa, quando tu acabar todos esses exercícios tu me liga.
e desligou, desapontado.

essa conversa mudou sua vida mais do que ela imaginava, ela perdeu de casar, ter filhos e ser bem sucedida. ela perdeu noites chorando em vão. não haviam mais noites bem dormidas, ou ela chorava ou escrevia monografias, dissertações, artigos e teses regadas a café. sozinha. em seu apartamento luxuoso no exterior. que ela não dividia com mais ninguém, nem amigos.
ela perdeu a chance da sua vida e hoje se arrepende.

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