5 de jun. de 2010

da próxima vez, só uísque escocês


eu me lembro de escutar Anoiteceu em Porto Alegre quando eu era criança no quarto da minha tia mais nova. até hoje eu acho que ela só é gremista por causa do Humberto. eu não entendia muito bem o sentido da música, e mesmo naquela época sendo colorada me retumbava alguma coisa quando eu a escutava. eu dançava uma música lenta, eu só parei de cantar porque me contaram que essa música tratava do título de campeão mundial do Grêmio e mesmo assim eu só parei por alguns meses. claro que naquela época eu tinha uns no máximo cinco anos. minha tia tinha dezessete e era gremista fanática, ela e uma prima nossa que tem a mesma idade que ela.

algum tempo depois eu já tinha feito meus longos seis anos e me apaixonei por um gremista. meu primeiro amor. eu tinha até camiseta original do colorado! virei a casaca para nunca mais voltar. novamente me encontrei escutando essa mesma música no quarto da minha tia nos fundos da garagem. eu não sabia a letra mas decorei toda gravação da narração do título. tudo por causa do guri e da minha tia apaixonada pelo Humberto Gessinger.

hoje, dez anos depois desse momento, continuo escutando essa mesma música com a minha tia que continua apaixonada pelo Humberto. a diferença é que venderam a casa da minha avó e agora são duas apaixonadas pelo tricolor. e pelo cantor.

nesse final de verão, quando eu ajudava a arrumar as coisas dela e as minhas para sair da praia e voltarmos para a cidade essa música tocou na rádio e ela lembrou daquele momento. quando eu era criança e ela adolescente nós brigávamos muito porque eu sempre mexia nas coisas dela (coisas típicas de irmãos só que no meu caso era com a minha tia, já que sou a mais velha) e eu nunca ia imaginar que nós iamos acabar em cima da cama dela, dividindo um quarto e uma casa por quase dois meses.

ela não sabia que haviam feito uma música por causa do título do Internacional, assim como Anoiteceu em Porto Alegre, hoje ela não é tão fanática assim pelo Grêmio, talvez ela só precise de um empurrãozinho. ela diz que é chato torcer sozinha. nós conversamos e descobrimos que temos muito em comum, mais do que apenas duas paixões no coração. são doze anos que nos separam, ela diz que está velha demais mas ao mesmo tempo fazemos as mesmas coisas. doze anos. um time. uma banda. motivos e conselhos.

com certeza sofri naquela casa da minha avó no Lar Gaúcho mas foi lá também que aprendi muito do que sou hoje e obviamente não falo só de times e gostos musicais. falo de costura, culinária, limpeza, como maltratar uma criança (coisa que eu fiz bem nesses últimos nove anos, modéstia parte), como se defender de uma pessoa BEM maior que tu, como dar amor e como receber amor, como vencer a timidez, brincar, chorar, cantar. aquela casa viveu muita coisa, se aproveitou das experiências dos seus moradores. aquela casa faz falta. aquele tempo, a infância, faz muita falta.

EU DISSE QUE ACREDITASSEM
EU PEDI QUE ACREDITASSEM
EU NUNCA DEIXEI DE ACREDITAR
QUE O GRÊMIO IA SER CAMPEÃO DA AMÉRICA
HOJE...ESTA...NOITE EM PORTO ALEGRE





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