29 de ago. de 2013

Carta Aberta

A gente perdeu o timming e sei lá eu mais o quê.
Perdemos o ponto da paixão onde tudo que importa é a outra pessoa e acho que isso não tem volta. Virou teimosia e uma série de tentativas em capítulos diferentes. Será que a gente sempre vai ser paralelos? Se acompanhar, de longe?
Porque sempre que as coisas vão dando errados e caindo, uma a uma, eu penso em ti? Mania louca essa e autocontrole maior ainda. Queria saber porque a ideia de estar juntos nos faz tão bem, se na verdade a execução é desastrosa. Será que só eu acho desastrosa?

Não sei se eu confio em ti e um dia eu queria que tu fosse sincero comigo. Quem sabe em 2015 a gente sente pra conversar e fique claro porque coisas como fazer ciúme no outro e monitorá-lo se tornaram usuais.

Maior situação não resolvida (será?) da minha vida.

"Love is our resistance,
They'll keep us apart and they won't stop breaking us down"

20 de ago. de 2013

a tal da simplicidade

Acho que tenho um gosto bem bagual. Na verdade, eu sou bagual. Bagual... grossa, rude.
Me interesso por uma literatura direta, sem floreios e para alguns, até desagradável. Na pintura vejo confusões, 'coisa de gente louca'. De certa forma, o mais simples pode ser o mais complicado. Nirvana. Até na música!

Isso é reflexo da personalidade, de alguém que nunca se importou em comunicar, simplesmente. Sinceramente não entendo o que mascarar a realidade pode colaborar. O engraçado é que sempre que posso, mascaro a verdade de mim mesma.

A única coisa que me importo é que talvez eu seja má interpretada pelas pessoas que amo e é por isso que tento ser um pouco mais delicada no meu jeito de falar. 
Na verdade, acredito que eu era outra pessoa por que acreditava que seria feliz numa floresta de concreto, trancada em um escritório, enfrentando trânsito pesado para voltar para um apartamento de um quarto. Vida cinza não é o que eu quero pra mim.

Quero o simples, quero aproveitar o sol e poder ter um pátio. Quero poder ser abagualada e poder ter uma duna dentro de casa e quero também não depender de alguém para cortar a grama e varrer a duna para fora da minha casa. Quero uma grade de horários que mude, assim como eu. Quero todas experiências que eu puder ter.

Quero poder continuar tendo ideias mirabolantes dentro do ônibus e não ir a um café com o notebook, mesmo que isso soe bem melhor. 
O importante é que a única coisa cinza seja o meu husky.

13 de ago. de 2013

Vincent

Setembro de 1888

(...) Parece que no livro Minha Religião Tolstói insinua que, independentemente de qualquer revolução violenta também haverá uma revolução íntima e secreta nas pessoas, da qual ressurgirá uma nova religião, ou melhor, algo totalmente novo, que não terá nome, mas que terá o mesmo efeito de consolar, tornar a vida possível, que outrora tivera a religião cristã.

Parece-me que este livro é bem interessante, acabaremos fartos de tanto cinismo, de tanto ceticismo, de tanta zombaria, e desejaremos viver mais musicalmente. Como isto se dará, e o que encontraremos? Seria curioso poder predizê-lo, mas ainda vale mais pressentir isso em vez de ver no futuro absolutamente nada além de catástrofes, que contudo não deixarão de se abater como raios terríveis sobre o mundo moderno e a civilização através de uma revolução, ou de uma guerra, ou de uma bancarrota nos Estados carcomidos. Ao estudarmos a arte japonesa, veremos então um homem incontestavelmente sábio, filósofo e inteligente, que passa seu tempo como? Estudando a distância da Terra a Lua? Não. Estudando a política de Bismarck? Não. Apenas estudando um talo de capim.
Auto-retrato (1888) 

Mas este talo de capim leva-o a desenhar todas as plantas, a seguir as estações, os grandes aspectos das paisagens, enfim, os animais, e depois a figura humana. Assim ele passa sua vida, e a vida é muito curta para fazer tudo isso.

Ora, não é quase uma verdadeira religião o que nos ensinam estes japoneses tão simples que vivem na natureza como se eles próprios fossem flores?

E não poderíamos estudar a arte japonesa, parece-me, sem que nos tornássemos muito mais alegres e mais felizes; e é preciso que voltemos à natureza apesar de nossa educação e de nosso trabalho num mundo de convencionalismos.

(...)
Retirado de Cartas a Théo pg. 271 e 272

11 de ago. de 2013

essa gente estranha na minha cidade

Acho que faz parte do ser humano exaltar o lugar onde nasceu e seu modo de vida. Aqui no sul existem muitas coisas erradas mas ao meu ver, nada supera um domingo frio e ensolarado na Praia do Cassino. Ali tem alegria (de uma família pouco descompensada para o riso), comida boa, o barulho do mar revolto algumas quadras para baixo, chimarrão, (a criança mais linda do mundo), uma gritalhada, as árvores sem folhas, e quando vamos embora o cheirinho de lenha queimando na lareira alheia.

Agora que sou obrigada a ter convívio com um pessoal de todos os cantos do Brasil, sinto que é a minha obrigação mostrar o lado bom do meu lugar e fazê-los sentir como em casa. Assim como sei que quando eu for visitá-los, me tratarão da melhor forma possível. Mas e quando as pessoas não aceitam?

"Será que você está realmente onde gostaria de estar?" Acredito que não importa o motivo da mudança, tu vieste e deu, agora é lidar com a adaptação. É ignorância negar a cultura local, falta de humildade em admitir que quem mora aqui sabe sim, muito mais, do que tu que recém chegaste. Os costumes podem parecer tolos para ti, mas sempre lembra que a recíproca pode ser verdadeira também.

Não é querer acreditar em destino ou força maior, porém eu acho que se tu tomaste uma decisão, foi por um motivo e tu deves estar (ou entrar) em equilíbrio emocional e viver com ela. Caso contrário, vai logo pro lugar onde tu queres estar, senão tudo que emanas é energia negativa e insatisfação.

Englobar não é renegar. Aceitar que o Brasil é enorme e que as pessoas desenvolveram técnicas de adaptação não quer dizer que as técnicas daqui são melhores que as de lá. A faculdade é mais uma das formas de aprendizagem e ter o jogo de cintura de agregar e (permitir) ser agregado vale mais (no mundo real) do que saber toda teoria.

Acima de tudo, saber para onde se está indo e perder um pouco de tempo pesquisando sobre o estilo de vida local pode te impedir de tomar alguma decisão errada ou cometer uma gafe. Como falam, se a vida te deu um limão, faz uma limonada. Ajuda dar o braço a torcer também.


verãozão, calorão, cassinão
Por isso, não enche o meu saco.