27 de jan. de 2014

'tudo que vai'

Hoje parece que eu sinto toda a dor do mundo.
Sinto a dor daquele cachorro atropelado na faixa, segunda-feira passada. Sinto a dor do gato morto no acostamento no dia do término do meu namoro. Sinto o vazio que existe há 7 anos no meu peito e a aparente certeza de que nunca vou conseguir superar isso.
Sinto a falta do meu avô e as suas sábias palavras. Sinto a dor da quase perda do meu afilhado, que uma certa tarde tropeçou pra dentro da piscina. Sinto a dor da insegurança e da falta de acompanhamento das atitudes do cara que amo. Sinto a insônia e as noites de pesadelo, encarando o teto do quarto e pensando se ele está vivo ou fez algo que pode se arrepender.
Sinto a dor de não poder ajudar, a dor de ver alguém cavando seu próprio buraco e acabar me perdendo no buraco alheio. Sinto a dor das minhas respostas mau humoradas e o vazio que a bebida proporciona. Meus dedos coçam e um cigarro iria bem. Sentiria a dor do meu estômago pedindo que eu não exagere.
Sinto a dor física que a dor mental causa nas pessoas ansiosas. A minha ansiedade acaba deixando meus dedos e lábios em carne viva e o meu bruxismo atinge níveis exorbitantes. Ocasionalmente ainda vem uma dor na lombar.
Sinto a dor de querer mudar e não conseguir. Eu quero que a curiosidade vá embora.
Sinto a dor da saudade de todos que já se foram e dos que saíram da minha vida. Sinto a insatisfação e a falta da aceitação de que nem sempre todo mundo caminha junto contigo.  Às vezes as pessoas tem caminhos paralelos e aceitar é preciso. Sinto a dor de ser trocada, de ter sonhos e expectativas roubados. 

Sinto que o futuro está muito longe e que tudo podia acabar agora. Não quero perspectivas, só queria um remédio para dormir e fazer calar essa voz insuportável da minha cabeça. Queria acreditar que tudo vai ficar bem.

23 de jan. de 2014

ninguém sofre sozinho

Na minha cabeça, pelo menos, tem coisas que ficam ali martelando durante dias. Uma dessas coisas me fez procurar históricos de 2009 apenas para ler o sofrimento alheio. Sempre falei sobre o que eu passei quando me senti traída mas nunca pensei se tinha causado isso em alguém.
Resolvi fazer contas e usar a memória. Resolvi ler.

Eu vi o vazio. Olhei para a solidão alheia, direto do túnel do tempo. Finalmente compreendi porque ela deve ter raiva de mim, assim como eu tive dela.
Pura bobagem. Estamos aqui as duas, uma no passado e outra no presente, olhando para nossos vazios.
Eu me lembro o quanto embaraçada eu ficava quando a via pelos corredores do meu antigo colégio. Eu sabia que eu representava uma ferida muito aberta. Quem sabe eu só ficasse toda atrapalhada perto dela porque eu já tinha estado no lugar dela.
Por mais maldade que os nossos amigos em comum tenham dito (para ambas) acredito que ficou tudo bem. 

Espero que hoje ela não guarde mais mágoas e que a ferida já tenha fechado. Desejo tudo de melhor nessa fase ainda mais decisiva.

13 de jan. de 2014

no caminho

A única coisa que eu quero é esclarecer. Tomei a decisão mais difícil que poderia ter tomado há 3 meses atrás. Decidi que isso teria um fim, bom ou mau. Hoje estou aqui tentando terminar uma história complicada e longa. Tão longa que por causa das nossas atitudes, é confusa.

Eu disse que esse vai-e-vem se resolveria e agora, por mais que me doa demais, eu vou até o final. Nós dissemos que seríamos amigos e cá estou eu passando por cima de tudo e tentando.
A verdade é que nunca ninguém se importa tanto quanto a gente gostaria.
Ao tentar a amizade, eu queria a desmitificação que tens na minha cabeça e no meu coração. Nós todos erramos e ninguém é perfeito. Eu que tenho que parar de voltar à ti quando tudo mais vai mal.
Ao tentar ser tua amiga, quero saber das tuas más decisões e ver se consigo te ajudar quando necessário. Eu quero tentar, mas uma amizade não é feita de uma pessoa só.

Dentro da tua bipolaridade, a minha cabeça se confunde e cada vez dói mais. Dói ter esperança, dói ver que não posso ajudar, dói ter que me controlar perto (e longe) de ti. Hoje eu vejo que tomei a decisão de ser tua amiga para que doa mesmo. Pode soar meio depressivo mas eu quero sofrer, quero ter noção de todos os teus erros e perceber que, quem sabe, as nossas diferenças são grandes demais.

Quem sabe assim esse livro consiga ser guardado de vez.