Em um passado não tão distante, quando os casais brigavam a ponto de pensar em terminar, o assunto mal era comentado abertamente. Os amigos mais íntimos poderiam ser chamados para consolar e argumentar, em vão, todos os clichês que estamos cansados de ouvir - sejam os chavões para esquecê-lo (a), seja para reconquistá-lo (a). Caso a segunda opção fosse escolhida, a pessoa ia na casa da outra, no local de trabalho/estudo, ligava e chamava pra sair e conversar. Em um tempo um pouco mais distante, o ritual de galanteio envolvia até uma serenata romântica.
Hoje em dia, a cada semana (sendo otimista), ocorrem brigas dignas de término, como se o fim da relação fosse uma chantagem. O ritual de conquista já não é mais a serenata ou o método intermediário de conquista, atualmente se escrevem textos enormes nas redes sociais, divulgando a briga e seu motivo, explicando quem está certo e quem está errado e contando com o apoio, palpites e comentários virtuais dos (pseudo)amigos. Deixando claro: o texto enorme é o gesto mais romântico que acontecerá para que a relação continue.
Onde foi parar o velho ditado: Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher? Onde está a discrição com a própria relação de vocês? Vocês realmente querem que eu saiba que vocês estão tendo sexo de reconciliação? Desde quando as briguinhas do cotidiano se tomaram proporções tão grandes? Vocês se matarão caso morem juntos, né? E a competição de quem sofre mais? O número de amigos que estão mais preocupados com seu término?
Está tudo desformatado e ninguém parece mais ligar para a privacidade. Se tu te arrependeu de brigar com o teu namorado, vai lá e liga pra ele, aparece na casa dele para conversar. Tu não precisas anunciar tudo para os outros. Inclusive guria que briga muito com o namorado - ou é grude demais mandando mensagens (que só tu acha) bonitinhas - está na verdade fazendo propaganda contra si mesma, pois quando terminar de vez com o atual, cara nenhum vai querer ter a vida transformada num inferno, seja pelas brigas por motivos inúteis seja por excesso de amor e carência - e de quebra, zoação dos amigos (dele).
Pensem um pouco mais antes de compartilhar algo da vida privada, não se exponham por nada. Pensem em quem irá ler e, porque não, o que esta pessoa irá pensar sobre ti. Preocupar-se com a opinião alheia nem sempre é ruim, às vezes é a dose de realidade perfeita para que não se cometam erros que tu te arrependerás posteriormente.
Atualmente, pensar é a contra-cultura. Ser rebelde sempre está na moda, então, porque não aderir às modas boas, e não só as ruins?