Eu sinto que
nunca te abandonei. Eu sinto que nós nunca morremos porque nunca vou ser capaz de esquecer.
Hoje, assistindo
uma aula sobre limites eu percebi duas coisas. A primeira, que eu fiz o pacto
de nunca te abandonar. Eu me comprometi com isso devido ao teu histórico de
abandono e porque eu sinto uma ligação tão forte que eu pensei que sim, nunca
te abandonaria porque até hoje, não faz sentido um mundo onde eu não saiba
alguma coisa de ti. A outra coisa que eu pensei foi na importância da nossa
conversa aquele dia no laguinho do 6. Me lembro de estar tão nervosa que eu
podia vomitar. Me lembro da tua cara de incrédulo quando eu respondi que sim,
se fosse necessário te bloquearia em todas redes sociais e por telefone. Lembro
que foi ali que tu não entendeste que, pelo menos da minha parte, não era
abandono.
Hoje eu vejo
como foi tudo caótico e como nós tínhamos as ferramentas na nossa mão para que
pudesse não ser caótico. A gente só não tinha a experiência de como construir
algo calmo, ordenado e feliz. E eu acho que me sinto mal em relação a isso. Me sinto
decepcionada, num primeiro momento contigo e depois comigo porque vejo que eu
coloquei poder demais na tua mão. Outra coisa que a experiência me ensinou.
Penso em ti
como um intensivão da vida. Hoje eu admito que tu estavas certo sobre muitas
coisas, que tu me enxergavas como eu realmente era, coisa que na época eu
achava que não, porque eu quem não me enxergava. Todo o papo da criança acuada
chorando no canto do quarto escuro estava certo! E daí me vem a pergunta, será
que eu consegui te enxergar mesmo? Na minha cabeça, eu te tenho muito bem delineado,
mas sempre me pergunto se eu te projetei ou se eu realmente olhei fundo dentro
de ti quando eu disse que gostava de ti, aquele dia naquela cama e naquele
quarto. Porque, por um segundo, eu cheguei até a escutar a tua voz me dizendo o
que tu só me disseste três meses depois.
Acredito que
eu seja tão cativada por esse assunto, mesmo com anos sem te ver, devido ao
quanto, cada fibra do meu Ser, me mandava confiar em ti e como mesmo confiando eu
quebrei a cara tão fundo. Como eu podia ter sinais tão conflitantes se a
mensagem que eu tinha era tão clara? Como eu realmente confiei no meu instinto
eu me dei tão mal? Como essa experiência afetou a minha vida depois disso? Porque
por muito tempo eu achei que não dava mais pra confiar no que eu sentia. Eu não
queria sentir aquela dor de perda nunca mais na minha vida. Se eu me
concentrar, até hoje dói. E o pânico de que essa dor não fosse só sentimental,
e sim física, de tu, teu corpo e teu Ser não existirem mais nesse tempo e
espaço, me deixa e deixou com o coração na mão, um nó na garganta e toda
entrevada da coluna.
Eu me coloquei
numa situação de responsabilidade que não era minha e hoje eu vejo que confundi
tudo. E ao mesmo tempo, aquele dia ensolarado no laguinho foi a oportunidade de
uma vida inteira, justamente porque foi tão doído e tão difícil. Porque muitas
frases que tu dizia e que eu me irritava, hoje fazem todo o sentido do mundo.
"ou a gente escolhe o certo ou o fácil. O fácil nunca é certo, e o certo nem sempre é fácil..."
e
"eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali"
"ou a gente escolhe o certo ou o fácil. O fácil nunca é certo, e o certo nem sempre é fácil..."
e
"eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali"
Todo trauma
que eu impus sobre o meu corpo e meu espírito quando, mesmo na beira da praia,
eu só ouvia aquele telefone cair na caixa postal e estar indisponível depois de
quase 14 horas de sumiço me colocou numa postura séria e desesperada. Me tornou
obsessiva e responsável por uma coisa que nunca foi minha, mas que eu assumi. Eu
nunca quis te abandonar e tu quis me abandonar. Eu queria que fosse recíproco,
desde o início. Eu confundi tudo e assumi a responsabilidade que tu deixaste
que eu assumisse. Eu não podia te abandonar, não importava o quão difícil
ficasse. Na minha cabeça, eu era a tua pessoa, aquela que tu correria quando
tudo desse errado.
A minha
ansiedade e o meu pensamento obsessivo me tiraram anos de reflexões, até que eu
descobri o trauma e o choque que eu vivenciei e me coloquei entregue a sentir
todos esses sentimentos em sua totalidade para então ressignifica-los. Eu sentia
que ia morrer sempre que eu pensava que tu podias morrer.
Meu pensamento
sempre foi: COMO QUE ELE NÃO SABE O QUE ELE FEZ COMIGO? Como ele não entende
que doeu, que ele me colocou como responsável pela vida dele, que eu me
sentiria culpada se os planos dele dessem certo, que ele realmente tinha um
plano tangível para que tudo acabasse? Como ele vem falar comigo tranquilamente,
fazendo piada e fingindo que nada aconteceu? Eu fiquei presa naquela praia com
aquele telefone chamando e ninguém respondendo. Fiquei presa naquele momento em
que me atenderam, mas que não podiam me dar informações porque nem me passar
por namorada/irmã eu podia.
A medida que
eu fui entendendo que foi justamente aquele momento que me trouxe a
grandiosidade do meu sentimento em relação a ti e todo carinho que eu sentia,
as lágrimas pararam de cair quando eu relatava aquela situação. Uma série de
coisas foram sendo compreendidas. Até hoje o caminho mais fácil é entrar na
frase “mas como ele não entende o que eu senti naquele momento?” e ver que eu
nunca quis te abandonar e que, naquele dia de sol com o mar banhando meus pés,
que o telefone não parava de chamar sem ninguém atender que eu olhei pro céu e
pedi que tudo ficasse bem e então eu comecei a rezar, porque era a única coisa
que eu podia fazer... ver que, por meses, o único jeito de parar o meu
desespero era rezar até entrar num estado de exaustão e então conseguir dormir...
se isso não é amor e carinho, então eu não sei o que é.
Falar que eu
te amo não é uma coisa fácil. Porque eu não sinto um sentimento conhecido. Eu não
acho que muitas coisas que eu fiz enquanto estávamos juntos foi por amor. Muito
pelo contrário. Mas hoje, é isso. Eu não considero que quem ama, ama num tempo
verbal diferente do presente. Portanto, sim, eu te amo hoje e agora. Desconstruir
a palavra amor também foi uma coisa complexa mas foi só assim que hoje eu
consigo dizer que te amo.
Hoje eu
perguntei sobre as formas de comunicação contigo e um jogo bem complexo e sutil
apareceu. E principalmente, na posição da chegada de um novo nível de
consciência, a carta Os Amantes foi apresentada.
É preciso ter em mente estas três coisas: o
amor de nível inferior é o sexo -
este é físico - e o refinamento maior do amor é a compaixão. O sexo encontra-se abaixo do amor, a compaixão está acima dele; o amor fica exatamente no meio. Bem pouca gente sabe o que é o amor. Noventa e nove por cento das pessoas, infelizmente, pensa que sexualidade é amor - não é. A sexualidade é por demais animal; certamente, ela contém o potencial para transformar-se em amor, mas ainda não é amor, apenas potencial... Se você se tornar consciente e alerta, meditativo, então o sexo poderá ser transformado em amor. E se a sua atitude meditativa tornar-se total, absoluta, o amor poderá ser transformado em compaixão. O sexo é a semente, o amor é a flor, compaixão é a fragrância. Buda definiu a compaixão como sendo "amor mais meditação". Quando o seu amor não é apenas um desejo pelo outro, quando o seu amor não é apenas uma necessidade, quando o seu amor é um compartilhar, quando seu amor não é de um pedinte, mas de um imperador, quando o seu amor não está pedindo nada em troca, mas está pronto para dar apenas - dar só pela total alegria de dar -, então, acrescente a meditação a ele, e a pura fragrância é exalada. Isso é compaixão; compaixão é o fenômeno mais elevado.
este é físico - e o refinamento maior do amor é a compaixão. O sexo encontra-se abaixo do amor, a compaixão está acima dele; o amor fica exatamente no meio. Bem pouca gente sabe o que é o amor. Noventa e nove por cento das pessoas, infelizmente, pensa que sexualidade é amor - não é. A sexualidade é por demais animal; certamente, ela contém o potencial para transformar-se em amor, mas ainda não é amor, apenas potencial... Se você se tornar consciente e alerta, meditativo, então o sexo poderá ser transformado em amor. E se a sua atitude meditativa tornar-se total, absoluta, o amor poderá ser transformado em compaixão. O sexo é a semente, o amor é a flor, compaixão é a fragrância. Buda definiu a compaixão como sendo "amor mais meditação". Quando o seu amor não é apenas um desejo pelo outro, quando o seu amor não é apenas uma necessidade, quando o seu amor é um compartilhar, quando seu amor não é de um pedinte, mas de um imperador, quando o seu amor não está pedindo nada em troca, mas está pronto para dar apenas - dar só pela total alegria de dar -, então, acrescente a meditação a ele, e a pura fragrância é exalada. Isso é compaixão; compaixão é o fenômeno mais elevado.
Comentário:
Aquilo que chamamos de amor é na verdade todo um espectro de modos de se
relacionar, abrangendo desde a terra até o céu. No nível mais terreno, o amor é
a atração sexual. Muitos de nós continuamos presos nesse nível, porque o
condicionamento a que fomos submetidos sobrecarregou nossa sexualidade com toda
sorte de expectativas e de repressões. Na verdade, o maior "problema"
do amor sexual é que ele nunca perdura. Só quando aceitamos tal fato é que
podemos celebrá-lo pelo que ele realmente é - dar as boas-vindas a seu
aparecimento, e dizer adeus com gratidão quando ele se vai. Então, à medida que
vamos amadurecendo, podemos vivenciar o amor que existe além da sexualidade, e
que honra a individualidade singular do outro. Começamos a compreender que o
nosso parceiro funciona frequentemente como um espelho, refletindo aspectos
desconhecidos do nosso ser mais profundo, e ajudando-nos a nos tornarmos
completos em nós mesmos. Esse amor é baseado na liberdade, não em expectativas
nem na necessidade. Em suas asas, somos levados cada vez mais alto em direção
ao amor universal, que vivencia tudo como uma coisa só.
Talvez seja
por isso que, a cada ano, eu vá descobrindo mais lições sobre o nosso tempo
juntos e na forma de ir amadurecendo o que vivemos. Talvez seja por isso que eu
sinta tanto medo e tanto medo de me jogar no desconhecido porque as lições que
a nossa ligação nos dá são transcendentais. Que fomos a experiência certa no
momento certo. E que tudo que veio depois, honra e reverencia o que vivemos
porque estávamos na base de todo conhecimento, que está sendo assentado e
integrado para que novas lições apareçam.
Hoje eu busco
integrar, luz e sombra. Hoje, eu deixo o pedaço de bacon fazer o que ele quer. Por hoje, eu só queria dizer que eu não dou as costas
para a tua energia na minha vida, que eu sinto muito pelas memórias de dor que
compartilho contigo, te peço perdão por unir meu caminho ao teu para a cura, te
agradeço por estar aqui para mim e te amo por ser quem tu és.