28 de ago. de 2012

¡Adiós, Menina!

- Ah, menina, deixa disso. Vamos sim ao show juntos.
- Não, não posso.
- Mas ein, vamos, vamos ficar bem pertinho, ver se aquele cabelo loiro é real! Sabe, menina, acho que ele já está na idade de ficar grisalho e talvez esteja usando peruca.
- É, talvez ele já esteja grisalho mesmo mas não quero ver, prefiro pensar nele nos anos 80. Era lindo.

O assunto morreu e vi que a mão dele encontrou a minha, não movi um músculo.

- E então, menina, nove horas de sábado passo na tua casa. - voltou ele com o assunto. Permaneci quieta e então senti sua mão tocando meu rosto. 
Olhei fundo em seus olhos e me enxerguei. "Menina". Aquilo não fazia sentido e não era certo.
- Olha, não vou ao show contigo, pára. - retirei as mãos dele de cima de mim com firmeza e as coloquei suavemente sobre seus joelhos.
Me inclinei para levantar mas ele segurou a minha mão. Olhei, com raiva, e disse:
- Não, não sou tua menina, nunca mais me chama desse jeito, ninguém mais vai me chamar assim e eu vou simplesmente deixar! Tu é daqui, me chama de guria! Menina! Me larga e me respeita.

E saí.
Foi só. Que audácia... menina, ele!

22 de ago. de 2012

o tradicionalismo sendo ensinado desde sempre


Bonito dia de sol no Balneário Cassino e a aconchegante casa da vó. O Arthur, no alto do seu ano e dez meses passa o tempo todo correndo, chutando lindamente de esquerda a “bó” e empurrando o carrinho vazio, onde o correto  seria alguém empurrá-lo – nossas costas agradecem e acho que ele foi ensinado errado propositalmente.

Nessa idade estamos acostumados a ficar o tempo todo vigiando e correndo de um lado para o outro, já que não adianta dizer para a criança não mexer, ocasionalmente ela vai e mexe igual.

Foi então que em uma pausa para um chimarrão, o Arthur pediu colo. O ato em si já me enche os olhos d'água porque agora ele já é metido a gente grande e quer sentar sozinho na cadeira e fazer tudo sozinho. Ainda nem saiu das fraldas e já diz "no, no, no" balançando a cabeça crespa negativamente.
Quando eu não dei muita bola para os braçinhos estendidos ele falou "Didi, có" e aí tive vontade de apertá-lo até saltar os olhos (haha).

Tipicamente, todos os objetos afiados e quebráveis foram removidos de cima da mesa mas foi com o chimarrão que ele se entreteu. Mostrei o "vavalo" da cuia e, com o chimarrão já quase frio, coloquei a bomba perto da sua boca para que ele provasse. O Arthur me olhou como quem pergunta "e eu posso?" e falou 'no, quenti'. Apenas ri, pelo menos ele não se queimaria.

Então ele apontou pra térmica onde tem um desenho de um cara montado num cavalo, quando trouxe a térmica para perto, ele rapidamente aponta e fala "vavalo", sorrindo. Concordei e, apontando para o guri em cima do cavalo, completei "e esse é o gaúcho". Após algumas repetições da minha parte ele apontou para o rapaz e falou "ggucho", sorrindo orgulhoso por ter aprendido mais uma palavra. Quando ele fizer dois anos o ensino a pedir para tomar chimarrão, por hora contentemo-nos com os desenhos das cuias e térmicas.

20 de ago. de 2012

meus amigos de fé...

é engraçado a forma com que as pessoas te tocam. um dia, aqueles que tu nunca gostasse da cara poderão se tornar teus melhores amigos.
sei que ainda vou conhecer milhões de pessoas mas fico pensando nas principais características das pessoas que quero bem. por mais que a vida seja corrida - e eu não seja a amiga exemplar - insisto em marcar um café, um cinema, uma janta ou uma ida ao teatro com os poucos e bons.
nunca fui de pensar que os melhores amigos eram os que estavam contigo no dia a dia, até porque sempre desconfiei dos que não se desgrudam. acho que todos merecem sua individualidade e ligar pro outro pra falar que foi ao banheiro não é a minha praia.

prefiro aqueles que podem passar meses mas que te ligam ou mandam uma mensagem perguntando como está a tua vida, a mãe, o avô, o cachorro e o papagaio. 
hoje encontrei uma amiga que nunca foi o meu esteriótipo de melhor amiga mas a cada dia me surpreende e me faz gostar demais. ela é o tipo de pessoa que eu tomo como exemplo de vida e sinto orgulho de dizer que sim, ela é minha amiga. além de ser linda é uma pessoa admirável e que eu só quero o melhor. é quase impossível descrever a felicidade que eu senti quando soube que ela estava namorando. acho que se tivesse sido comigo não teria ficado tão feliz. posso até me equivocar mas aonde ela precisar eu com certeza quero estar do lado, sendo o mais prestativa possível.

tem gente que desperta o teu melhor e te querer ser melhor diariamente. tem gente que te faz bem com um sorriso, um abraço e uma mensagem simples no meio da tarde. tem gente que nem sabe que é tão querida, tem gente que acha que é querida demais. tem gente por quem tu cruzaria o Atlântico só pra ver de novo. tem gente que é teu melhor amigo simplesmente sendo teu amigo e só.


"Deixa eu dançar pro meu corpo ficar odara
Minha cara minha cuca ficar odara
Deixa eu cantar que é pro mundo ficar odara
Pra ficar tudo jóia rara
Qualquer coisa que se sonhara
Canto e danço que dara"


Odara - Caetano Veloso

3 de ago. de 2012

teorias estúpidas



sabe quando tu tens medo de te aproximar de alguém que um dia já foi muito íntimo teu, por simples e bobo medo da amizade não ser mais a mesma coisa? acho normal sentir isso porque nem sempre a conversa flui naturalmente. já não falo mais sobre contar as coisas da tua vida atual, porque acho que as melhores amizades não se constituem disso, mas falo sobre as conversas - maravilhosas - sobre beterrabas e teorias furadas.

mas existem algumas pessoas com que tu sabes que pode-se até ter medo, mas vocês nunca ficarão sem assunto e tudo será como se vocês tivessem se falado ontem. acho que a grande sacada não é falar 'estou namorando fulano' mas sim 'fulano, meu namorado, me levou ao show e nossa, comecei a escutá-los e estou adorando, já comprei tal cd...'

quando esse nível de cumplicidade ocorre por anos a fio, começo a pensar sobre a divisão de almas. é pura bobagem essa minha teoria mas ela me explica muito bem muitas questões que assolam a minha cabeça ocasionalmente.
acredito que no início de tudo, em um mundo que eu não acredito (essa parte ainda não está bem elaborada), havia um número finito de almas e estas se dividem, entrando um pedacinho em cada nascido vivo. caso encontremos alguém com um pedaço da mesma alma, viramos amigos, nos reconhecemos. simples assim, dividimos algo muito profundo. nem que seja apenas um olhar.

é pura bobagem mas é uma das fantasias realistas que eu inventei e que talvez alguns amigos concordem.
o mais importante é que eu procuro manter quem eu me identifico, mantenho o máximo de pedacinhos de almas perto de mim para quem sabe um dia formarmos um só.



idiotice.