- Ah, menina, deixa disso. Vamos sim ao show juntos.
- Não, não posso.
- Mas ein, vamos, vamos ficar bem pertinho, ver se aquele cabelo loiro é real! Sabe, menina, acho que ele já está na idade de ficar grisalho e talvez esteja usando peruca.
- É, talvez ele já esteja grisalho mesmo mas não quero ver, prefiro pensar nele nos anos 80. Era lindo.
O assunto morreu e vi que a mão dele encontrou a minha, não movi um músculo.
- E então, menina, nove horas de sábado passo na tua casa. - voltou ele com o assunto. Permaneci quieta e então senti sua mão tocando meu rosto.
Olhei fundo em seus olhos e me enxerguei. "Menina". Aquilo não fazia sentido e não era certo.
- Olha, não vou ao show contigo, pára. - retirei as mãos dele de cima de mim com firmeza e as coloquei suavemente sobre seus joelhos.
Me inclinei para levantar mas ele segurou a minha mão. Olhei, com raiva, e disse:
- Não, não sou tua menina, nunca mais me chama desse jeito, ninguém mais vai me chamar assim e eu vou simplesmente deixar! Tu é daqui, me chama de guria! Menina! Me larga e me respeita.
E saí.
Foi só. Que audácia... menina, ele!