"Ele agarrou a caixa de charutos e tirou um pequeno saco plástico que continha cem dólares de heroína preta mexicana - era um bocado de heroína. Ele pegou metade, um chumaço do tamanho de uma borracha de lápis e colocou na colher. Sistemática e habilmente, preparou a heroína e a seringa, injetando-a logo acima do cotovelo, não muito longe de seu 'K' tatuado. Devolveu os instrumentos para a caixa e se sentiu uma nuvem, rapidamente flutuando para longe deste lugar. O jainismo pregava que havia trinta céus e sete infernos, todos dispostos em camadas ao longo de nossas vidas; se ele tivesse sorte, este seria seu sétimo e último inferno. Afastou para o lado seus instrumentos, flutuando cada vez mais rápido, sentindo sua respiração se reduzir. Ele tinha de se apressar agora: tudo estava se tornando nebuloso e um matiz verde-água enquadrava cada objeto. Agarrou a pesada espingarda, encostou o cano contra o céu de sua boca. Faria barulho; ele tinha ceteza disso. E então ele se foi." (Mais Pesado Que o Céu, cap. 24, Cabelo de Anjo).
20 de out. de 2010
18 de out. de 2010
sobre as coisas que fazemos sem nos dar conta
com os cabelos embaraçados, o coração com a tradicional batida forte e acelerada de poucas vezes e uma xícara de café na mão, ela pensa nele. é claro que o ele do escritor nunca é o ele do leitor... mas diga-se que seja... ele... é, ele.
- ele?
a noite já não era exclusiva dela e do maço de cigarros depositado ao canto da escrivaninha, que ela, inutilmente, tentava não alcançar. café forte era sinônimo de algo entre os dedos, algo para lhe lembrar de que a vida se esvai em uma tragada só, e de um jeito doloroso.
- porque não ficastes em Porto Alegre? Não era o que tu querias?
- acho que o que eu realmente queria não era Porto...
- e o que era?
fez-se silêncio por um momento, a resposta não chegava aos lábios dela nunca. tomou mais um gole do café. mudou o olhar, encarou os olhos cansados e então finalmente falou.
- o que tu queres com isso?
- eu? nada, já tu...
- não te entendo, não há motivo para o teu aparecimento...
- se assim tu achas.
ele esticou-se, pegou o maço, puxou um único cigarro, puxou do bolso um isqueiro verde-limão, parecido com o dela e acendeu o cigarro. ela sorriu para ele e olhou para o lado oposto, não fumaria.
- Porto Alegre te lembra a mim não né?
- lembra. lembra um tempo da minha vida também, dois na verdade.
- ambos bons?
- não. só um.
- não sei porque da tua relutancia, são coisas normais, tens que te adaptar. vai ser bom pra ti, tu sabes.
- não sei se será bom, não quero ter essa oportunidade...
- assim, sem aceitar é pior e tu sabes disso.
- pára de tentar me proteger, Dylan, eu sou tu, esse não é o teu papel.
- parei de te encomodar então.
e sumiu.
ela olhou para baixo, abriu as mãos e quase deixou cair o cigarro aceso por entre as pernas, assim, derrubou umas gotas de café quente em cima da coxa. não acreditava que havia realmente acendido o cigarro. olhou através da janela, uma paisagem de estrada... olhou para o relógio, duas horas da manhã. encostou a cabeça para o lado e adormeceu, abrindo os olhos apenas quando o ônibus fez uma curva acentuada, na entrada da rodoviária de Porto Alegre.
17 de out. de 2010
meu, só meu
me apavora pensar que tu pensas em mim de uma maneira nojenta, porque eu agi como qualquer uma. o teu silêncio me consome e eu fico cada vez mais frágil a cada segundo que passa. não consigo mais me concentrar, quero que tu fales comigo, preciso, nem que seja de uma discussão mas essa indiferença aparente me mata.
eu só imagino o que tu não deves estar pensando de mim, deves ter raiva ou descrença, eu não sei! não sei qual a tua reação, tenho medo de ter jogado tudo fora, tenho medo de ter, de alguma forma, que e esquecer.
to agüentando até onde está dando mas eu não me controlo mais, não consigo mais não te ligar, não dá. te quero, muito.
16 de out. de 2010
mulheres iludidas ?
agora eu entendi, as pessoas podem falar as meias verdades ou podem esclarecer tudo, o que as difere é a interpretação dos outros e, pra mim, agora tudo faz sentido. as pessoas não me mentiram, a verdade está lá e nós duas não a entendemos. não tenho mais peso na consciência.
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11 de out. de 2010
no caminho certo
Procuro um caminho que me faça voltar a esquecer, gostaria de jogar as coisas para o alto, nem que fosse durante um único dia. Fazer tudo aos poucos está me cansando. Procuro por um novo velho amor que me faça estremecer ao toque, procuro pelo banho de mar após uma boa pedalada pela praia, apenas observando o vai e vem das ondas.
Procuro quem sabe por uma vida nova, ou apenas uma adaptação da que eu me encontro. Busco o inalcançável, sedenta por detalhes que me ajudem a montar o quebra-cabeças. Pela primeira vez em algumas semanas volto a me sentir otimista e agora eu sei que jogarei tudo para cima nesse feriadão.
É bom ver as coisas finalmente voltarem a seus devidos lugares e é incrível saber que logo recuperarei tudo que é meu por direito.
6 de out. de 2010
do caminho que me leva até o que eu quero.
nesse momento gostaria de sustentar um vício que larguei há um tempo atrás e que me faz falta. agora, cansada de tudo, era bom sentar, olhar o nada... vícios.
não tento mais falar de amores, melancolia e muito menos alegria, talvez por que não os sinta mais; pelo menos não explícitamente. introspecção e frieza. é o que parece. parece que a vida está de mal comigo mas eu me mostro superior a ela e simplesmente sorrio. bom seria.
sinto falta daqui e sinto falta da minha confusão diária mas já não sou mais só minha, na verdade não sou mais minha, sou de outros, tantos, perdidos, me perderam... não sei aonde e eu procuro.
Boa noite.
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