Eu, que como sempre perdia algumas (leia-se muitas) horas do meu dia na frente dessa tela pensando fazer alguma coisa de útil, estava lendo alguns vários blogs com que eu me importo enquanto meus pais fingiam ver algum filme dos vários que estavam passando.
Enfim, em um dos posts, na realidade em um dos blogs o ser criador não parava de falar em café e... deu uma vontade tomar café! Aquelas que não dá de ignorar, tu precisas tomar, trata-se de vida ou morte. Simplesmente me levantei do sofá aconchegante onde me encontrava e desci as escadas que me levavam à cozinha.
Embora sempre tenha alguma água na chaleira, assim como de costume coloco um pouco mais de água, mesmo que não vá usá-la toda, apenas pelo gesto. Abro uma das portas do armário aéreo e pego a minha caneca (minha, só minha.). Abro a outra porta onde, normalmente fica o café passado ou o em pó e descobri que simplesmente não havia café?!
- Como assim não tem café?! - perguntei não sei para quem, apenas para registrar minha indignação na impossibilitação de tomar o santo café que nunca me dá vontade de sorver.
- Ironia talvez? - fala uma voz masculina das sombras no fundo da cozinha (imaginem que a minha cozinha é grande e que, fato real, ela tem duas lâmpadas para iluminá-la).
Não reconheço a voz de imediato e no entanto não me preocupo com ela, talvez por até nem ter registrado que alguém me respondeu, continuo tentando achar café. Passam-se alguns minutos até que, depois de ter procurado a casa inteira atrás do dito cujo me ponho em pé, com as mãos na cintura, no meio da cozinha tentando com todas as forças aceitar o fato de não existir café naquela casa.
"Que casa é essa que não tem café? Não pode ser!" penso.
- Já que não tem café, acho que não vais precisar da água, podes apagar o fogo. - novamente a voz fala e, agora, pareço escutar.
olho para o canto do qual ela vem. Não me prendo, a caneca solitária em cima da mesa parecia mais interessante.
- Não adianta me ignorar. Acho melhor apagar o fogo.
Aquilo já estava me irritando. Vou até o interruptor no início da cozinha e acendo a outra luz, revelando um Bob Dylan meio acabado sentado no banquinho que, costumeiramente, fica do lado do freezer.
- Ah, é tu! - finalmente me refiro àquele ser.
- Apaga o fogo! - ele exclama mostrando um pingo de irritação.
- Não! Deixa o fogo aceso, não está atrapalhando ninguém. Eu VOU conseguir tomar meu café.
Me sento em uma das cadeiras da cozinha pensando nas minhas possibilidades. Me lembro do pó do café. Repentinamente me levanto e vou até a despensa localizada embaixo da escada e relato: não tem pó de café!
- Porra mas não acerto uma! - exclamo (é eu gosto dessa palavra) indignada. Volto a me sentar na mesma cadeira que sempre sento enquanto aquela praga do Bob Dylan me observa com um sorrisinho maldoso no rosto.
- Agora, por favor, dá pra desligar o fogo ou ainda não te derrotasse?
- EU NÃO VOU DESLIGAR O FOGO! EU QUERO TOMAR UM CAFÉ! - grito, me levanto, esbravejo. Ele simplesmente me olha e sorri. Se levanta e apaga o fogo da água que, estranhamente ainda não havia fervido. Ele, calmamente volta ao seu lugar e só fica parado, esperando uma reação minha.
Deixo a cozinha. Ligo a luz do meu quarto, pego um halls (meu vício, admito) e como.
Lá de longe ele me observa e fala:
- Mas à meia noite o que tu queres comendo halls e tomando café?
- Eu estou de férias, não tenho hora para acordar, logo posso tomar café a hora que eu quizer e, se tu não andas acompanhando a minha vida ultimamente perceberás que de tanto tomar café nas madrugadas perdidas estudando essa bebida já não me estimula tanto assim.
- Hum... É realmente, não ando atualizado, ficou muito chato nas últimas duas semanas.
- E graças a ti estou comendo halls, já havia me curado desse mal e...
- Tu não vais te curar desse mal, é mais forte que tu e tu sabes. Podes até diminuir mas nunca parar.
- Que seja.
Volto à cozinha e me sento. Imediatamente volto a me levantar, abro a geladeira, olho e desprezo as coisas que ali estão.
"Tem Coca (*-*) mas não é isso que eu quero, eu quero café... Hum, sorvete... não, salada? também não..."
- Porque não tentas o chocolate ali do canto? - ele já estava do meu lado, olhando o conteúdo da geladeira e inteferindo nos meus pensamentos.
- Não, não quero chocolate, quero café!
- Hum, desculpa, percebi o quanto te fiz mal tomando aquela última caneca de café mas eu achei que ninguém ia querer...
- O QUE? Foste tu que tomasse o MEU café? - a raiva crescendo dentro de mim.
- Foi. - se ele não fosse o Bob Dylan e não tivesse tomado a última caneca de café da casa inteira e se não fosse meia noite (o que quer dizer que não existem muitos lugares abertos em que eu pudesse comprar café) até ficaria com pena dele, fez aquela carinha de cachorrinho com fome com olhinhos brilhantes.
Fechei a porta da geladeira com MUITA raiva. Estava pronta para sair daquele local quando me lembrei dos vários chás contrabandiados do Chuí. Liguei novamente o fogo ignorando as várias perguntas daquele Bob Dylan chato, abri o outro armário aéreo da minha cozinha e peguei o chá preto (penso eu ser a coisa mais próxima de café naquela casa e que, eu nunca havia provado Q). Pus um sache na caneca e guardei o resto, a água começou a ferver.
- Hum, muito bom, pensastes em outras opções já ia mencionar os chás. - com aquele ar de orgulho misto de arrogância (se é que isso existe meu Deus) ele, cossando o queixo falou.
- Cala a boca.
Peguei minha caneca com um pires em cima e apaguei as luzes da cozinha, já pensando que aquele incômodo iria comigo.
- NÃO ME DEIXA AQUI! - gritou aquela coisa e eu, quase que na escada voltei. Admito que não sei por que voltei mas eu fui.
- Porque? - seca.
- Por que eu não posso subir. Eu sou fruto da tua imaginação ou porque outro motivo eu estaria aqui nessa cozinha falando contigo? Não posso aparecer para os teus pais.
- Hum, graças a Deus*.
Abandonei ele. Por mais que ele encomodasse não iria voltar. Não o suporto. Não tenho razões, é verdade mas desde quando precisamos de motivos para não gostar de alguém. Admito também que tenho uns dois ou três álbuns dele e que escuto de vez em quando mas, pessoalmente, acho ele um porre.
Voltei ao meu lugar e quando finalmente me sentei minha mãe pergunta com que eu estava falando.
- Com o meu Bob Dylan imaginário. E sabiam que não tem mais café nessa casa!?
- É, tem que comprar.
Bebo meu chá preto e descubro que este não tem nada a ver com o que eu procurava. Não gosto mas agora tenho que beber. Infelizmente.
A única coisa que me salva de mais mau-humor em um outro um encontro ridículo com o Bob-Dylan-imaginário-da-cozinha é a propagando do perfume da Dior desço e silenciosamente, sem acender nenhuma luz, só deposito a caneca na pia, dou boa noite para o companheiro indesejado, recebo um boa noite sonolento e fecho a porta do meu quarto.
Tomara que ele não volte a me perturbar tão cedo e que alguém compre café!
* Mencionando Deus demais nessa história :S
Enfim, em um dos posts, na realidade em um dos blogs o ser criador não parava de falar em café e... deu uma vontade tomar café! Aquelas que não dá de ignorar, tu precisas tomar, trata-se de vida ou morte. Simplesmente me levantei do sofá aconchegante onde me encontrava e desci as escadas que me levavam à cozinha.
Embora sempre tenha alguma água na chaleira, assim como de costume coloco um pouco mais de água, mesmo que não vá usá-la toda, apenas pelo gesto. Abro uma das portas do armário aéreo e pego a minha caneca (minha, só minha.). Abro a outra porta onde, normalmente fica o café passado ou o em pó e descobri que simplesmente não havia café?!
- Como assim não tem café?! - perguntei não sei para quem, apenas para registrar minha indignação na impossibilitação de tomar o santo café que nunca me dá vontade de sorver.
- Ironia talvez? - fala uma voz masculina das sombras no fundo da cozinha (imaginem que a minha cozinha é grande e que, fato real, ela tem duas lâmpadas para iluminá-la).
Não reconheço a voz de imediato e no entanto não me preocupo com ela, talvez por até nem ter registrado que alguém me respondeu, continuo tentando achar café. Passam-se alguns minutos até que, depois de ter procurado a casa inteira atrás do dito cujo me ponho em pé, com as mãos na cintura, no meio da cozinha tentando com todas as forças aceitar o fato de não existir café naquela casa.
"Que casa é essa que não tem café? Não pode ser!" penso.
- Já que não tem café, acho que não vais precisar da água, podes apagar o fogo. - novamente a voz fala e, agora, pareço escutar.
olho para o canto do qual ela vem. Não me prendo, a caneca solitária em cima da mesa parecia mais interessante.
- Não adianta me ignorar. Acho melhor apagar o fogo.
Aquilo já estava me irritando. Vou até o interruptor no início da cozinha e acendo a outra luz, revelando um Bob Dylan meio acabado sentado no banquinho que, costumeiramente, fica do lado do freezer.
- Ah, é tu! - finalmente me refiro àquele ser.
- Apaga o fogo! - ele exclama mostrando um pingo de irritação.
- Não! Deixa o fogo aceso, não está atrapalhando ninguém. Eu VOU conseguir tomar meu café.
Me sento em uma das cadeiras da cozinha pensando nas minhas possibilidades. Me lembro do pó do café. Repentinamente me levanto e vou até a despensa localizada embaixo da escada e relato: não tem pó de café!
- Porra mas não acerto uma! - exclamo (é eu gosto dessa palavra) indignada. Volto a me sentar na mesma cadeira que sempre sento enquanto aquela praga do Bob Dylan me observa com um sorrisinho maldoso no rosto.
- Agora, por favor, dá pra desligar o fogo ou ainda não te derrotasse?
- EU NÃO VOU DESLIGAR O FOGO! EU QUERO TOMAR UM CAFÉ! - grito, me levanto, esbravejo. Ele simplesmente me olha e sorri. Se levanta e apaga o fogo da água que, estranhamente ainda não havia fervido. Ele, calmamente volta ao seu lugar e só fica parado, esperando uma reação minha.
Deixo a cozinha. Ligo a luz do meu quarto, pego um halls (meu vício, admito) e como.
Lá de longe ele me observa e fala:
- Mas à meia noite o que tu queres comendo halls e tomando café?
- Eu estou de férias, não tenho hora para acordar, logo posso tomar café a hora que eu quizer e, se tu não andas acompanhando a minha vida ultimamente perceberás que de tanto tomar café nas madrugadas perdidas estudando essa bebida já não me estimula tanto assim.
- Hum... É realmente, não ando atualizado, ficou muito chato nas últimas duas semanas.
- E graças a ti estou comendo halls, já havia me curado desse mal e...
- Tu não vais te curar desse mal, é mais forte que tu e tu sabes. Podes até diminuir mas nunca parar.
- Que seja.
Volto à cozinha e me sento. Imediatamente volto a me levantar, abro a geladeira, olho e desprezo as coisas que ali estão.
"Tem Coca (*-*) mas não é isso que eu quero, eu quero café... Hum, sorvete... não, salada? também não..."
- Porque não tentas o chocolate ali do canto? - ele já estava do meu lado, olhando o conteúdo da geladeira e inteferindo nos meus pensamentos.
- Não, não quero chocolate, quero café!
- Hum, desculpa, percebi o quanto te fiz mal tomando aquela última caneca de café mas eu achei que ninguém ia querer...
- O QUE? Foste tu que tomasse o MEU café? - a raiva crescendo dentro de mim.
- Foi. - se ele não fosse o Bob Dylan e não tivesse tomado a última caneca de café da casa inteira e se não fosse meia noite (o que quer dizer que não existem muitos lugares abertos em que eu pudesse comprar café) até ficaria com pena dele, fez aquela carinha de cachorrinho com fome com olhinhos brilhantes.
Fechei a porta da geladeira com MUITA raiva. Estava pronta para sair daquele local quando me lembrei dos vários chás contrabandiados do Chuí. Liguei novamente o fogo ignorando as várias perguntas daquele Bob Dylan chato, abri o outro armário aéreo da minha cozinha e peguei o chá preto (penso eu ser a coisa mais próxima de café naquela casa e que, eu nunca havia provado Q). Pus um sache na caneca e guardei o resto, a água começou a ferver.
- Hum, muito bom, pensastes em outras opções já ia mencionar os chás. - com aquele ar de orgulho misto de arrogância (se é que isso existe meu Deus) ele, cossando o queixo falou.
- Cala a boca.
Peguei minha caneca com um pires em cima e apaguei as luzes da cozinha, já pensando que aquele incômodo iria comigo.
- NÃO ME DEIXA AQUI! - gritou aquela coisa e eu, quase que na escada voltei. Admito que não sei por que voltei mas eu fui.
- Porque? - seca.
- Por que eu não posso subir. Eu sou fruto da tua imaginação ou porque outro motivo eu estaria aqui nessa cozinha falando contigo? Não posso aparecer para os teus pais.
- Hum, graças a Deus*.
Abandonei ele. Por mais que ele encomodasse não iria voltar. Não o suporto. Não tenho razões, é verdade mas desde quando precisamos de motivos para não gostar de alguém. Admito também que tenho uns dois ou três álbuns dele e que escuto de vez em quando mas, pessoalmente, acho ele um porre.
Voltei ao meu lugar e quando finalmente me sentei minha mãe pergunta com que eu estava falando.
- Com o meu Bob Dylan imaginário. E sabiam que não tem mais café nessa casa!?
- É, tem que comprar.
Bebo meu chá preto e descubro que este não tem nada a ver com o que eu procurava. Não gosto mas agora tenho que beber. Infelizmente.
A única coisa que me salva de mais mau-humor em um outro um encontro ridículo com o Bob-Dylan-imaginário-da-cozinha é a propagando do perfume da Dior desço e silenciosamente, sem acender nenhuma luz, só deposito a caneca na pia, dou boa noite para o companheiro indesejado, recebo um boa noite sonolento e fecho a porta do meu quarto.
Tomara que ele não volte a me perturbar tão cedo e que alguém compre café!
* Mencionando Deus demais nessa história :S
muito bom. =D
ResponderExcluireu também quero ter um Bob Dylan imaginário na minha cozinha, como faz ?
gostei daqui, já estou seguindo.
beijos