17 de abr. de 2013

XXXVII

"De tuas cinzas nascerão
tchecoslovacos ou tartarugas?

Tua boca beijará cravos
com outros lábios vindouros?

Mas sabes de onde vem
a morte, de cima ou de baixo?

Dos micróbios ou dos muros,
das guerras ou do inverno?"


Pablo Neruda

4 de abr. de 2013

gente estranha e autentica

Acho engraçado como os idosos puxam assunto com estranhos. Não sei se é só comigo mas em qualquer lugar que eu estiver, com ou sem fones de ouvido, se eu estiver esperando alguma coisa ao lado de alguém, essa pessoa vai puxar assunto comigo.

Hoje eu estava esperando o ônibus e quando cheguei, já havia um senhor ali. Depois de uns cinco minutos, o senhor aproveitou para perguntar se tal ônibus passava por ali e me contou que o neto dele não queria nada com nada, daí mandaram o guri (que devia ter a minha idade) pro exército. Falou ainda da diferença que a cidade estava, cheia de gente de fora e que nós daqui éramos burros que não havíamos nos qualificado e agora só sobrava emprego ruim e que, acho que que por causa disso, ele não via dinheiro na casa dele.

Chegou o meu ônibus e eu tive problemas em me despedir. Não sei porque mas nunca sei o que falar, porque embora eu sempre pegue ônibus no mesmo local, nunca mais vou ver aquela pessoa e mesmo que eu veja, não sei se vou me lembrar. Não sei se me despeço friamente porque a pessoa geralmente conta coisas que eu considero íntimas. Sempre falo um 'chegou meu ônibus, vou indo, bom dia'. Na Páscoa teve até uma senhora que me deu três beijinhos.

De certa forma já até me acostumei com as pessoas vindo conversar comigo e já conto com essas informações da vida dos outros que as pessoas compartilham espontaneamente. Todo dia é um novo dia, todo dia é dia de conversar com estranhos (e ter vergonha de conversar com quem está ali do lado?).

3 de abr. de 2013

tua alma, minha alma.

Eu decidi que não ia te escrever naquela madrugada da tua despedida, quando estava deitada, tapada até as orelhas e escutando o barulho do mar. Eu te enxergava iluminado pela luz do notebook e sabia que aquele silêncio da madrugada, com o barulhinho do mar bem ao longe, resumia tudo que tinha pra ser falado. Provavelmente tu nem viu, mas eu estava sorrindo.

Da conversa na madrugada, eu falei que a ficha não tinha caído ainda. E realmente não caiu. Tu já estás até na cidade maravilhosa e eu ainda acho que tu estás em Pelotas. Ainda  não me desesperei ao entender o fato de que tens pelo menos 4 anos longe de mim.
Pra falar a verdade, acho que nem vou me desesperar. Não é que a amizade não é mais a mesma, pelo contrário, acho que se fortalece cada vez mais, mas é que eu vi o teu olhar quando fomos pro Rio. 
Lembro do teu olhar, percebendo o lugar e analisando cada cantinho e verificando que o lugar era mil vezes melhor que o que tinham te falado. "Como eu fiquei tanto tempo sem vir aqui?" era o que tu falavas.

Acho que é por isso que eu não dei muita bola. De certa forma, eu já sabia que a despedida era iminente. De certa forma, eu sempre me preparei pra te dar 'até mais' e te encontrar após algumas horas de viagem. Digamos que me preparar para te dar tchau é o que tenho feito nesses meses de terapia.
Tu resumes o que eu busco para a minha vida, queria que tu soubesses disso. Tu é um poço de coragem e alegria. Eu te levo muito a sério porque eu sei que a tua presença na minha vida sempre vai me fazer uma pessoa melhor.

Mas aqui estou, escrevendo; acho que escrevo para que a ficha caia. Acho que escrevo para exaltar a diferença entre as duas despedidas. O coração aperta mas eu lembro que o Rio é a tua cara e que é logo ali! Pra ti nada é impossível e eu quero te acompanhar pro resto da vida. Aos poucos eu vou me livrando das minhas inseguranças e das coisas que me atrasam e vou criando um mundo novo, sem coisas impossíveis. 
Te amo demais, obrigada por tudo que tu já me ensinou e espero que tu possas me ensinar mais coisas ainda. Me orgulho de ser tua amiga.


"Mande notícias do mundo de lá
diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
tô chegando"