27 de dez. de 2013

a tal da retrospectiva

"3. Eu estou viva. 2mil&13 me matou um bocadinho. Geralmente os ímpares me matam, nos anos pares eu colho. Parece coincidência, mas não é. Os ímpares matam (morrer é importante, deus me livre ser highlander) os pares acompanham, te dão suporte."
Li isso aqui. Fez total sentido. Talvez não do sentido pretendido, mas é assim não é? As palavras depois de ditas, tomam vida própria.

Esse ano foi maravilhoso, cheio de esclarecimentos e eventos. Mas por que não consigo me sentir assim agora, então? Agora tem o vazio e o sentimento de culpa. Sei que não deveria me queixar, tive um ano incrível e existem tantas outras coisas realmente difíceis. Um coração partido é apenas um coração partido até que ele se complete de novo e o ciclo se repita.

Sinto dor por ter falhado mais uma vez. Uma amiga solteira afirma que ela já sabe com quem vai casar, mas que no momento não é parar eles estarem juntos. Concluí que é isso que eu sinto. Quando finalmente me entreguei a todo sentimento, mandei uma mensagem dizendo que tínhamos todo tempo do mundo, porque eu não me imaginava mais sem ele. Continuo pensando a mesma coisa e estou me complicando.

Agora existem dias em que tudo é maravilhoso e quase não me sinto culpada por sorrir, entretanto a maior parte do tempo me sinto mal por ter provocado uma sensação tão terrível em quem eu amo. Eu queria entender porque eu gosto tanto de ti. Queria entender porque sinto como se nunca fôssemos conseguir ficar juntos. Quem sabe realmente não sejamos feito para estar juntos! Será que estamos insistindo em uma ideia fixa que nunca dará certo? Será que isso é amor?

Eu só queria o teu companheirismo e a tua risada estranha. Queria acordar contigo sempre, só para te ver sem óculos e não ser xingada por isso. Tu vais ficar guardado pra sempre. Agora eu preciso seguir a minha vida, de novo. E sozinha, de novo. Não vou morrer chorando dessa vez. Não vou dizer que nunca mais vou me apaixonar de novo e que o amor é uma merda. As coisas não são assim. O que falta é timming, não amor.

Aproveitando que 2013 foi um ano de descobertas e muito auto conhecimento, entro no clima de 2014. Ainda existem muitos obstáculos (internos e externos), e com certeza tudo que eu sinto agora já faz parte do primeiro desafio de 2014. Que venha o ano par!

3 de dez. de 2013

estação dos plátanos

A primeira coisa que a minha mãe me levou a fazer depois de quase 3 meses em Porto Alegre internada, foi ir até a igreja do calçadão (não sei nomes) e acender uma vela. Durante anos, a cada aniversário ela me levava para acender uma vela. Daqui a 10 dias, completo 20 anos e há uns 5 anos não acendo mais velas. 

A cada consulta em Porto Alegre, eu penso naquela igreja e agradeço. A cada véspera de aniversário e a cada virada de ano, eu agradeço. A cada vez que eu acordo naquela sala branca totalmente higienizada depois de uma cirurgia, ainda meio abobada, eu agradeço. Agradeço mais ainda por não proporcionar aos meus pais um sofrimento tão grande. Eu percebi que não acendia a vela por mim, acendia pela minha mãe que ficou do meu lado no sofá do hospital de uma cidade desconhecida, segurando a minha mão. Ela que rezava todos os dias. Eu tinha 8 meses, eu nem lembro e nem entendia o que acontecia. Hoje eu também agradeço por não lembrar, deve ter sido uma dor muito grande.

Todos são sempre muito gratos por eu ter sobrevivido (alguns me chamam de guerreira) mas eu não lembro! A minha família sim que é guerreira. Eles lembram e eles tem consciência de que podiam me perder. Eu? Só no instinto de sobrevivência. A cada aniversário tem a sessão nostalgia: 'Ela era tão pequeninha, cabia numa caixa de sapato! Agora está aí grande, já está fazendo *insira a idade aqui* anos!' e a fala é seguida de um afago no cabelo. 

A cada ano eu não acendo mais a vela, mas com certeza agradeço. Não sei direito para quem, mas agradeço mesmo assim. Agradeço por fazer parte da melhor família do mundo, por ter tido a oportunidade de conhecer toda essa gente exótica e companheira. Agradeço por todas as coisas boas que aconteceram e sobre como tudo deu certo. Agradeço pelas aventuras que ainda vão se seguir. Agradeço sem pedir nada. Agradeço pelo que vier, seja bom ou mau.

Em todos os momentos em que me sinto pra baixo, penso que se um bebê sobreviveu, eu sobrevivo também e é isso que me faz continuar. Nada é tão grande assim que dê para lidar. De todos esses anos, aprendi a viver a vida a cada dia, com mais calma e agradecendo sempre.

Estamos todos vivos, quer presente maior que esse?