25 de jul. de 2012

'quanto vale a vida?'

daqui
mesmo sabendo que nenhum canal passa algum programa que entretenha, insistimos em trocar os canais durante a madrugada vazia e fria.
mesmo sabendo que Porto Alegre, Gramado e o Chuí serão passeios já conhecidos, insisto em ir. sei que me entretenho como se fosse da primeira vez, sei que olho as mesmas paisagens com os olhos mais acurados e caídos.
mesmo sabendo que os sonhos não se realizarão, insisto em sonhar.

há quem diga que sou burra, eu só acho que tenho esperança demais. vivo esperando, mas vivo. e sobrevivo, a duras penas mas quem não?

mesmo sabendo que alguém surpreendente não virá, eu espero; e espero que eu mesma me supreenda. 
e espero.
e vivo.


17 de jul. de 2012

sorte


"o que está mal a respeito disso
tudo
é ver as pessoas
bebendo café e
esperando. gostaria de
embebê-los todos
na sorte. eles precisam bem
Coffee
mais do que eu.

sento nos cafés
e os vejo a
esperar. não creio
que haja muito mais
a fazer. as moscas
vão pra lá e pra cá
nos vidros das janelas
e bebemos nosso
café e fingimos
não olhar uns
para os outros.
espero junto com eles,
entre o movimento
das moscas
as pessoas vagueiam."



Charles Bukowski

15 de jul. de 2012

dia dos homens e mulheres recalcadas

durante umas 3 horas eu me controlei para não reclamar sobre o que as mulheres estão falando sobre o Dia dos Homens. inicialmente eu nem sabia que existia um dia para os homens e muito menos que estávamos já no dia 15 de julho.
pois então eu descobri, e descobri também que nas redes sociais o comentário das mulheres se resume a ironizar que para a maioria dos homens seu dia seria apenas no dia 12 de outubro, ou seja, dia das crianças.

eis que venho aqui defender os homens e sim, eu provavelmente sou machista. as mulheres (e não tenho medo de generalizar) pensam demais. é algo natural, assim como se atropelar nas palavras e pensar mais rápido que conseguimos falar. a diferença entre uma mulher falante e outra quieta é o autocontrole, mas todas nós falamos pelos cotovelos, até que aprendemos a nos controlar.

mulheres, vocês não tem que reclamar dos homens porque na maior parte das vezes quem inventa a fantasia somos nós e daí reclamamos que os caras não atendem a nossa expectativa mas claro, queremos o príncipe encantado! a culpa não é dos homens se mal conhecemos um cara legal e as amigas já pensam no nomes dos filhos!

pelo contrário, os homens são bem mais diretos e se dependesse deles o mundo seria bem mais objetivo. acontece que os coitados tem que pagar jantar durante noites e mais todas aquelas despesas só para poder te comer. é a mulher que acaba confundindo as coisas e não percebe que durante as 3 horas que tu falou durante o encontro, o cara escutou 1 hora, no máximo. daí quando eles não ligam no dia seguinte dizemos que ele nos iludiu, que os homens não prestam e que só tem segundas intenções enquanto ele foi bem objetivo e tu que enchesse de firula a situação. dêem uma chegada aqui e olhem a propaganda da vivo abaixo e vocês entenderão o que eu falo. nós somos muito chatas.



e dando esse exemplo falo apenas das mulheres 'normais' porque ainda existem as vagabundas, que ao meu ver não tem nada que reclamar dos cafajestes. elas confundem feminismo com putaria.

é claro que toda regra tem sua exceção e concordo que existam homens que, mesmo sendo caras feitos ainda agem como crianças e se encaixam em todas nossas reclamações mas a maioria dos homens não são como nós os pintamos. mulheres, já ouviram falar que o cara dos nossos sonhos está preso na 'área da amizade'? pois então! novamente a culpa é nossa por não dar a devida atenção a quem nos quer bem e insistir em quem deixa bem claro que só nos quer para o 'one night stand'. nós fingidas-auto-suficientes, achamos que podemos mudá-lo e moldá-lo da forma que quisermos. não se faz isso com ninguém.

finalmente, parem de ser burras, existem sim homens-criança mas para cada um existem outros 10 que são apenas teus amigos. não são eles que complicam a nossa vida, somos nós que não nos atemos à linguagem corporal e à obviedades na nossa cara e continuamos com uma mentalidade conservadora que só nos faz sofrer. se nós não estivéssemos tão desesperadas por namorar, casar e ter filhos, não atropelaríamos as etapas essenciais para realmente conhecer pessoas e encontraríamos o chinelo pro nosso pé cansado. romantismo ainda existe, educação e flerte também.
já li em algum lugar que a feminista é a primeira a querer que o cara abra a porta do carro pra ela e pague todas as contas do encontro. vocês reclamam que o cara não presta atenção em vocês mas vocês também subjulgam a capacidade do dito cujo, além de não conseguir manter um lábio encostando no outro.



12 de jul. de 2012

dramaticismo e álcool gel


Comecei a perceber as minhas loucuras e regras próprias quando me ‘nasceu’ uma bolota doída embaixo do ouvido. No 1º dia não dei bola, no 2º dia doeu, no 3º dia sonhei que esse era o sintoma de uma doença terminal e assim, fui ao médico. Não é nada demais, só uma inflamação e nada que um maravilhoso anti-inflamatório não resolva.

Enquanto eu e a minha mãe esperávamos no saguão do Centro Clínico, me apavorei com a quantidade de pessoas que estavam lá. É claro que não sou alienada, sei da situação de sucateamento que o sistema de saúde enfrenta e que a situação piora durante o inverno, cheio de gripes, rinites e outras coisas ranhentas e nojentas. Mesmo assim, eu juro que não esperava ver aquele saguão enorme lotado simplesmente porque até então nunca tinha visto. Me consulto lá desde os 6 anos e em 12 anos eu nunca tinha visto lotado.

Eu, que saio de uma gripe ralada de, no mínimo 2 semanas de podridão, não quero adquirí-la novamente. Tenho evitado contato com outras pessoas doentes, não abro mão da manta, não pego friage e tomo a minha vitamina C diariamente. Sempre tentei me manter afastada dos germes e só agora me dei conta que, sempre que manipulo dinheiro ou ando de ônibus, me recuso a fazer qualquer coisa com as mãos até que as lave corretamente. Sempre que chego em casa, troco de roupa e quase não entro no meu quarto com os sapatos da rua. Não sou tão neurótica assim, afinal tomo chimarrão (mas inventei a minha própria regra que é não derrubar o morrinho até que a primeira térmica seja terminada), ocasionalmente lambo os dedos e esqueço de lavar e posso comer no mesmo prato que alguém, usando o mesmo talher e o mesmo copo (desde que seja de alguém amigo), entretanto não suporto que coma-se da panela ou, se comer, que coma-se toda a comida/doce.




Enfim, fui forçada a ficar no mesmo saguão – não muito arejado - que outras 50 pessoas doentes e tossindo, meu lado hipocondríaco surgiu loucamente. Conseguia enxergar os germes saltando das tosses alheias e vindo parar no ar que eu respirava. Estava certa que todos tipos de gripe haviam sido introduzidos no meu organismo.
Pra piorar, tinha um médico – muito simpático – que APERTAVA a mão dos pacientes. Ou seja, a criatura vinha consultar, tossia e espirrava na mão, não lavava, apertava a mão do médico. Depois da consulta ele seguia a lista de nomes, chamava o próximo, apertava a mão do mesmo, dando lhe os germes dele e do paciente anterior e assim ia. Um ciclo vicioso e perigoso de germes e mais germes. Nas minhas fantasias, nem um banho de álcool gel deixava o médico limpo.

Com toda a minha sorte e ironia do destino, foi ele que me atendeu e por causa do seu sorriso tive que apertar a mão dele. Durante o aperto, visualizei nossas mãos e vi os germes tipo piolhos, pulando da mão dele pra minha e esperando que eu coçasse o nariz ou os olhos para que eles fossem bem vindos ao meu corpo, que passa por um delicado momento de recuperação. 
Durante a consulta ele afirmou que está gripado. Eu, que fui ao médico por causa de uma bolota me vi forçada a quase contrair peste bubônica. Depois de todo esse "passeio" minha mãe ficou louca comigo e mandou eu ir me tratar.


Lição de hoje: Sou quase paranoica. Entretanto, sem apertos de mão, sem tossir nas mãos, sem bolotas embaixo do ouvido, meu lado hipocondríaco não suporta tudo isso. Mais uma situação que reforça a loucura e regras próprias que invento.

Lembrete: Não comentar mais minhas loucuras, senão me chamam de louca e dramática e eu fico delirando se realmente sou tão louca e tão dramática, o que me deixa mais louca e mais dramática. Com uma bolota embaixo do ouvido.

P.S.: Sei que a atitude do médico é louvável e muito humana, considero-o muito simpático e provavelmente é um ótimo médico que, mesmo gripado atende os pacientes da melhor forma possível. Eu que sou uma chata dramática que vejo germes em todos os cantos.

9 de jul. de 2012

la pronuncia!


Hoje sentei no chão da minha sala, apanhando sol e tomando um chimarrão. Espalhei livros, cadernos, artigos auxiliares à gripe pelo tapete; apoiei almofadas.
Tudo isso para estudar italiano. Fiquei horas falando com o computador e a cada palavra repetida, mais empolgação. De vez em quando largava uma risada em seguida de um erro terrível - tentem falar guerra como os italianos! - ou uma exclamação sobre a minha perfeição fantasiosa na pronúncia. Eu não sei nada ainda, só sei repetir o que 18 anos de influências ítalo-braZileiras me ensinaram.

A lição de hoje foi: ao me perguntarem se estou bem, não vou mais responder “trankilo” imitando pronuncia castelhana – tão fortemente encontrada aqui no Sul – vou responder “trancuílo” fingindo uma colônia italiana forte.

7 de jul. de 2012

"I'll try anything once" Casablancas, J.

algumas coisas são pura perspectiva. assim como se a pia do banheiro, de repente pareça maior; assim como a nossa ignorância para com outro idioma - como eles conseguem se entender nessa língua?

perspectiva sobre como os equipamentos e aparelhos eletrônicos funcionam. surpresa ao perceber que talvez nós estejamos sim, errados.

nesse jogo insano às vezes esquecemos de que somos humanos e esquecemos do que realmente importa.
será que um dia saberemos?

3 de jul. de 2012

that's my spot

Meu nome é Carolina De-Zotti e eu tenho um problema. Aparentemente tenho sofrido da síndrome do Dr. Sheldon Cooper. Acho que estou ficando um pouco maniática demais.



Na minha sala existem dois sofás, um de dois lugares e outro de três lugares. Vendo a final da Eurocopa, sentei no sofá de dois lugares - que não me é de costume sentar - pois a minha mãe estava sentada no lugar que sempre sento. Passei todo segundo tempo reclamando mentalmente da dor no pescoço que estava sentindo por forçar meu pescoço para ver a tevê. Pois veja bem, estar confortável é primordial.

Eu tenho o meu lugar e a minha mãe estava sentada nele. Mãe é mãe, ela pode sentar no meu lugar, pensei. Gosto do ângulo que o meu lugar forma com a tevê, não é um olhar direto, tem uma leve inclinação pra esquerda e quando se coloca o notebook no colo o olhar fica dividido o que não resulta em iluminações que atrapalham que usa óculos.

O meu lugar - o lado direito do sofá de três lugares - é perfeito pois eu tomo chimarrão e preciso de uma mesa auxiliar para que não tenha que colocar a cuia e a térmica no chão - o que já me rendeu muitos chutes na cuia e aspiradores no tapete. Do lado do meu lugar tem uma cadeira - daquelas de madeira bonita e estofados de florzinha - a qual eu viro o estofado ao contrário e a madeira dá lugar a uma ótima mesa auxiliar, bem na altura que eu preciso.

De vez em quando a minha cabeça pesa e parece que o meu pescoço não vai aguentar, então uma almofada é colocada atrás da minha cabeça, apoiada entre o sofá e a parede e fica perfeito, sem esforço nenhum. Existe também o meu banquinho - ou mochinho, como quiserem - que me permite esticar as pernas.

Nos dias de sol, o meu lugar não fica em contato direto. Tenho sol nas pernas e o sol não causa reflexo na tela da tevê. Em dias de visitas, me encontro no meio da conversa e com apoio para os braços.

O meu lugar no sofá é perfeito e é meu. Todo mundo já sabe que é o meu lugar e até o episódio da final da Eurocopa, haviam me respeitado.
Vou dar uma de Sheldon quando sentarem no meu lugar, já estou avisando.