27 de fev. de 2012

Querido L.

Andei pensado nas coisas que tu me falastes aquele dia e sei que tenho que parar de apenas pensá-las mas também agir. Ai meu querido, tem tanta coisa que eu gostaria de falar pra ti! Como eu quero o teu corpo de novo abracado ao meu!

Tu me acalmavas mas ao mesmo tempo me deixavas em pânico, só de pensar que eu poderia (e iria) te perder. Desejava todo dia que tu ficastes mais 24h comigo e a vontade não era apenas de te apertar mas sim de te fazer me melhorar. De certa forma tu estar ali fazia eu me deparar com o bom e o mal que tinha em mim e eu queria ver, porque me dava coragem saber que não estava sozinha, pela primeira vez na vida.

Mais do que isso, queria ter tido tempo para poder fazer isso contigo, tentar te ajudar porque nós precisamos muito de ajuda. Quero muito que tu voltes mas que dessa vez fique pra sempre.

percepções de infância

Quando eu estava na 6º série a coisa que eu mais temia, quando pensava na minha vida futura, era o chamado trote. Morria de medo de entrar na faculdade e ser pintada ou que me fizessem de palhaça e isso me atormentou muito até o meu primeiro ano do ensino médio.
Fiz meu ensino médio em um colégio que era vinculado à universidade, então a diretriz de ensino era igual. Lá aprendi que é presunção achar que o pessoal se importa conosco, é cada um por si e Deus por todos, se tu acreditares Nele.

Na minha cabeça de 12 anos todos veteranos te esperavam na tua sala de aula, te levavam para o pátio e te faziam passar vergonha na frente de todo o resto da faculdade. Quando cheguei no primeiro ano e me deparei com um ambiente completamente diferente do que estava acostumada. Eram professores nos dizendo que nós precisávamos aprender liberdade com responsabilidade, que não seríamos cobrados de nada e que faríamos caso quiséssemos. Agenda não existiu até quase o final do ano, chegando bem a tempo de utilizarmos a tabela de consultas de notas para o exame (e aprender que ela só serve pra isso). Aprendi que não se pede nada em sala de aula, era simplesmente levantar e sair em silêncio e se tu não quisesses assistir aula tu podias sair que ninguém chamava a tua mãe. Tivemos o primeiro ano de faculdade com 14 anos, pelo menos era o que costumavam brincar conosco.

Hoje, no meu primeiro dia de aula da faculdade, ansiava pelo trote porque alguma coisa dentro de mim dizia que eles podiam chegar a qualquer momento dentro da sala e começar a jogar ovo e etc. Mas como já aprendi a 4 anos atrás, ninguém quer saber se tu é bixo ou não porque simplesmente não importa pra eles e muito menos pra mim.

Quero que venha logo o temido cálculo para ver se ele é difícil mesmo como dizem, ou se as pessoas é que não estão preparadas para tê-lo. Aposto minhas fichas na segunda opção pois hoje na minha aula de Física I o professor perguntou quem já estudou vetores e de 30 pessoas apenas 5 levantaram a mão, sendo que 3 destes foram meus colegas no ensino médio.
Aposto que 10 passam de ano.

23 de fev. de 2012

"Menina."

Uma das coisas que eu mais me empenho em lembrar é da tua voz. Talvez seja por isso que esquecer é tão difícil mas eu simplesmente tenho muito medo de te apagar do meu coração e, com isso, esquecer do jeito que me chamas, da tua mão entrelaçando a minha, do sorriso que desses quando me falasse "eu te amo" pela primeira vez, olhando nos meus olhos.
Foi bonito demais para se tornar só mais uma lembrança minha. Eu tenho o sério problema de ir esquecendo dos detalhes, com o tempo, e seria realmente uma pena ir esquecendo daqueles dois dias e meio.
Não quero esquecer da tua voz, nunca.

voltar a ser o que não se é

Ultimamente respirar está sendo muito difícil. A gripe típica do período pós carnaval não ajuda, mas há algumas semanas parece que o mundo virou de cabeça pra baixo definitivamente e nós, meros mortais, estamos apenas esperando ele voltar ao normal, calmamente.
Veio o Carnaval e todos esqueceram mas eu, que não consigo nem respirar, não esqueci. Até porque quando o nosso nariz não funciona é automático abrirmos a boca e, sem filtrar o ar, engolimos todos os tipos de vírus e sapos que as pessoas expelem e para isso, não há remédio.
"Temos que esperar passar." É o que todos dizem. "Aproveita para tomar vitaminas, que daí elas ajudam o teu corpo a melhorar sozinho."
Será que o nosso corpo se cura sozinho de tudo ou é só da gripe mesmo?

1 de fev. de 2012

das interiorizações


Voltei com a música e a leitura. Reconheci que fiquei uma chata sem os antigos clássicos do rock. Ler me faz escrever e depois, pensar.
Com 13 anos gostava de me deitar na cama (ou no chão) e ficar escutando os clássicos que eu mais gostava, bem baixinho, do tipo que precisamos fazer esforço para escutar. Ali, eu pensava sobre tudo que podia e não podia pensar e foi nessa época que comecei a fazer as perguntas mais incríveis e até hoje mantenho essa mania.
De vez em quando fico quieta demais e minha mente trabalha em questões que eu nunca havia dado a devida atenção, como o comportamento de algum animal, dúvidas filosóficas ou até perguntas idiotas, daquelas que só as crianças na fase do 'porque' fazem. E às vezes eu admito que pareço uma.
Acho, na minha humilde opinião sobre eu mesma, que essa é uma das minhas melhores qualidades. Mantenho o equilíbrio entre a 'vida adulta' e a inocência da criança, sem medo de perguntar e ansiosa pela resposta, mas que só pelo contato com a poesia das músicas consigo me transportar facilmente para este mundo paralelo em que vivo.

Ultimamente passei a viver no mundo real durante todo o tempo e descobri que não sei e não gosto da pessoa que eu sou, então prefiro continuar com meus períodos de invisibilidade e paralelismo, seja no chão, na cama, na praia, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê.