30 de nov. de 2009

esperança de fim de ano



Só pra avisar: acho que vou me dar um tempo.
Não abandono isso, não conseguiria mas não quero mais a "obrigação" de escrever aqui.


Provas, exames e trabalhos me esperam a partir de agora e... 3º ano que me aguarde *-*








Mas que seja, isso tudo é muito fútil pra esse bloguezinho aqui.





Inicío o mês de dezembro (não no dia 1 precisamente mas em algum post perdido em dezembro) com uma historinha que eu fiz na aula de literatura que ainda estou trabalhando nela...



'Dream on brothers, while you can
Dream on sisters, I hope you find the one
All of our lives, covered up quickly
by the tides of time'
Wasting love - Iron Maiden







beijos e boas festas pra quem ainda se prestar a ler isso aqui :)







Phantom of the Opera - Iron Maiden


25 de nov. de 2009

11:11

Ok, me decepcionei, me deprimi um pouquinho e sumi. Voltei. Aliás voltei antes do que eu achava que ia voltar. Quando paro ainda penso em cada brincadeira, algumas palavras ainda me lembram de ti e claro, continuo falando em ti, ainda sinto falta... e muita falta mas graças a pessoas que sabem que as coisas vão ficar bem e me enchem de sorrisos fáceis com bobagens e brincadeiras estou muito melhor. Esse jeito foi o melhor para que continuemos nos falando mas o pior pra te tirar da minha vida. Quem sabe essa minha felicidade extrema seja fingimento? Talvez até seja mas eu sei que semana que vem eu estarei bem melhor e, enquanto isso não chega eu vou tentando aproveitar as alegrias diárias, as bobagens que são muitas das pessoas que, até na maior das tristezas, me fazem sorrir e ter esperança.
Agradeço a todos eles, todos que me levantam quando eu caio. Agradeço por sempre estarem comigo para o que for, agradeço por ajudarem a me libertar.





'Quando você ficar triste

Que seja por um dia, e não o ano inteiro

E que você descubra que rir é bom,
mas que rir de tudo é desespero
'
Frejat - Amor pra recomeçar.

22 de nov. de 2009

minha casa caiu

Eu sabia que isso ia terminar algum dia e ao decorrer dessa semana eu cheguei a pensar nisso. Eu percebi que já não sentia mais tanto a tua falta e que não pensava mais em ti a todo instante, mesmo que eu tenha pensado em ti, não era como antes.
Eu pensava em como nós haviamos nos afastado, pensava que talvez as tuas palavras tão frias eram sinceras e talvez as minhas, um pouco carinhosas eram um engano, eram apenas uma tentativa que as coisas continuassem bem, embora não estando.

Nesse tempo eu não pensei em te abandonar. Pensei que não estava bem mas nunca cogitei a hipótese de não estar mais junto contigo. Foi um choque. Não que eu já não estivesse preparada mas mesmo assim, meus medos se tornaram reais.

Ontem à noite as coisas foram bem difícies. Querendo ou não, nos últimos sete meses eu sempre pensei em ti antes de dormir e agora, simplesmente do nada eu não posso mais pensar em ti. Não posso porque, se acabou não devo ficar me martirizando e pensando em ti, nada vai mudar pra mim.

Acontece que, de vez em quando me pego pensando em todas as vezes que nos olhamos e que eu pensei que seria pra sempre mesmo sabendo que o pra sempre não existe; penso nas vezes que me dissestes que me amavas olhando no meu olho e eu, boba, te abraçava forte e deitava a cabeça em teu ombro.

Todas as vezes que nos dávamos a mão ou então as que eu descansava a minha sob tua coxa. Relembro exatamente como é a sensação de te apertar com força durante um abraço.
Não entendo como as pessoas podem, de uma hora para outra, apenas não se importarem mais. Eu também não entendo a mim mesma. Em uma hora pensava em mim, desprovida de culpa e sem ti mas agora que realmente não tenho mais a certeza que pensas em mim, perdi o chão.
Fico pensando nas coisas que me dissestes, tão bonitinhas e, penso eu verdadeiras e me pergunto se não pensas também.
Meu medo era esse, era ser obrigada a voltar a fazer as coisas que eu fazia antes de ficarmos, meu medo era o de ser obrigada a te esquecer de novo. Talvez não sejamos feitos um pro outro, talvez não temos tanta sintonia assim e quem sabe seja melhor estarmos afastados, mas eu só quero que saibas que do jeito que me senti contigo, até hoje (nesses anos todos que eu tenho (: [ironia]) nenhum me fez chegar nem perto. Eu acho que os motivos para não te ter mais estão errados, eu queria ter certeza que não deu certo para que assim não me arrependa de novo mas talvez eu tenha idealizado um motivo para que não desse certo e, quando se idealiza é pior.


Queria poder ter uma terceira chance, mesmo não encarando-a como a terceira e sim a continuação da segunda, até porque, para mim ainda não acabou; só espero que não seja que nem a dois anos atrás onde eu também pensei que não havia acabado e acabou.

E se não tiver mais volta mesmo... espero consequir te esquecer de uma vez.



P.S.: Te quero de novo, apenas mais uma vez, apenas por hoje e quem sabe amahã tu me queiras. Poderiamos ficar brincando disso né?




21 de nov. de 2009

quase 16 aninhos *-*

Definitivamente está escolhido meu presente de aniversário e como eu sou uma guria muito legal ainda dei duas opções:

17 de nov. de 2009

só pra enxer lingüiça

Eu sei que a questão não é essa. Eu sei o que esse teu comportamento significa, acima de tudo eu sei o que o meu comportamento significa e é nisso que tenho pensado nos últimos quatro e intermináveis dias. Não digo que aconteceu muita coisa nesse tempo, só digo que serviu para pensar e, agora, sentada no sofá da sala sozinha esperando que a chuva caia, as coisas podem até começar a ter sentido.
A prequiça de preparar um café me impede, momentaneamente de voltar à pensar em ti. Minha trilha sonora voltou a ser Angra. Faziam uns três meses que eu só escutava Led Zeppelin. Ainda não sei o que isso quer dizer mas eu sei que diz, até porque as músicas que eu escuto sempre revelam uma parte que eu nem sabia que eu sentia.
É fácil dizer para deixar para lá e até que estou sendo bem sucedida dentre as possibilidades. Como sempre quero saber como está sendo para ti mas eu acho que tenho medo sabe? Prefiro não saber muito pra não me desapontar e, no final, a intenção é sempre essa... não me desapontar, não me magoar.
Quem sabe eu tenha cansado das coisas boas e queira me aventurar um pouco mais no que eu não conheço, o que seria normal pra mim mas, pra variar eu estou com medo do que esse novo é e mais medo ainda do que ele pode me trazer como conseqüência.

Agora não me reconheço mais, não sei mais do que eu sou capaz e não sei mais meus limites e isso complica um pouco as coisas mas eu também não sou retardada para ir fazendo as coisas sem pensar. Me cansei, não sei e adorei :)

14 de nov. de 2009

perdi

Deu. Acabou. Tudo o que eu tentei manter durante 7 meses vai ir embora essa noite e eu não vou poder fazer nada. O problema é que agora eu não posso fazer que nem a dois anos, simplesmente dizer que pra mim não dá mais e cair fora; agora eu já estou muito ligada emocionalmente. Ao mesmo tempo que eu luto entre querer e não querer continuar eu já não me imagino mais sem.

Ter ouvido as palavras da minha mãe, justificando a falta de confiança dela em mim doeram como eu nunca achei que fosse doer. Antes eu não me importava porque agora me importo? Ela disse que o problema era ele e eu discordo, quem quis fazer tudo isso era eu. Eu mando em mim.

De novo não sei o que faço, de novo tenho que tentar resgatar, o que eu não queria que acontecesse aconteceu e agora começo tudo de novo. Cansei de ter a minha consciência. Admiro tanto a comunicação nas outras famílias, queria que com a minha fosse assim. É que as outras famílias não se quebraram como a minha.

E eu achando que o momento em que mais precisamos ser unidos foi quando me operei! Eu já tentei resgatar, nesse caso criar uma comunicação mas sempre que eu tento eu erro, já não tenho mais forças pra me reerguer sozinha. É horrível saber que eu estou sozinha, é horrível falar falar e ninguém acreditar em ti. Seria mais fácil se eles não quizessem que eu falasse.

De novo eu só quero ficar sozinha, de novo fico pensando se não tivesse acontecido tal coisa. Eu não consigo mais olhar pro meu pai e ver desconfiança, não consigo mais que suspeitem de cada palavra que eu faço e agora não consigo suportar a idéia de que nem a ti tenho do meu lado.

Preciso que me apoiem, preciso continuar mas do jeito que está não pode. Não quero te dizer que não podes ficar com raiva e que tens que estar sempre do meu lado porque isso é teu direito mas eu só quero que compreendas o que eu passo e que compreendas que eu tentei fazer certo só que eu demorei demais a isso e, de novo, a mentira me pegou.

Se eu passo por tudo isso é porque tu não és qualquer um, se eu perco noites chorando é porque eu fiz errado tentando fazer o certo. Não quero pedir um tempo pra arrumar as coisas, não quero porque senão te perco, quero fazer tudo junto, como sempre fiz, quero que as coisas voltem a ser como eram antes mas quero, dessa vez, que o meu fantástico mundo de Bob se doe um pouco à realidade. Eu não vou suportar perder tudo junto, me recuso a perder tudo junto.


Eu vou dar um jeito, sempre dou. Tenho que conseguir.

12 de nov. de 2009

por você ♪

Embora tudo isso esteja acontecendo eu tenho certeza que, depois de uns cinco anos eu vou me lembrar de ti como uma boa lembrança. Vou me lembrar do jeito que me desse oi aquele dia e da tua cara de faceiro naquela segunda que virou passado.
Às vezes quando me deito antes de dormir, me lembro, além do teu rosto e de algumas palavras que, ao serem pronunciadas por ti me fazem estremecer, dos teus sons e das tuas caretas. Me lembro do teu jeito quieto-inconseqüente-angelical de ser.
Aquilo sobre nunca ter se entregado completamente à alguém, acho até que é verdade por que basta estarmos juntos para ti ser outra pessoa completamente diferente e isso não é ruim. É apenas uma versão tua própria para o momento; queria eu ser assim também.
Não confunda não mudar com não se entregar, prova disso foi aquele telefonema ontem antes de dormir, mais uma vez provei minha insegurança sobre estar tão fundo nisso e, do nada,
ser abandonada. Eu gosto demais disso para deixar que acabe novamente. Agora, quero fazer diferente e, ao invés de agir como uma criança, igual à dois anos atrás, enfrentei e essa é a maior prova do meu amor por ti; pelo menos a maior por agora.

Eu gosto de cada milímetro do teu corpo, eu admiro cada piscar de olhos, estou atenta a qualquer palavra pois estas me fazem perder o chão.
Nunca achei que fosse sentir o que sinto hoje, nunca achei que essa saudade pudesse tomar tanta conta de mim; não sabia nada de nada e agora começo a tentar compreender.

Eu só tenho a te agradecer o tempo que passamos juntos porque eu sei que eu amadureci demais e a tendência é melhorar, eu não quero te perder então eu sei que tenho que melhorar em vários aspectos.
Eu sempre serei teu bebê, eu sou sim muito insegura mas é só porque tenho medo de acabar gostando demais e, em algum ponto do relacionamento, alguma coisa aconteça com a gente e eu acabe sendo obrigada a te esquecer, que eu seja obrigada a não passar mais o dia inteiro pensando no que estás fazendo, que eu não te veja mais e que não veja mais tuas caras e bocas tão perto do meu corpo.

Não tenho certeza que tudo vai ficar bem mas essa é a minha maior esperança, me agarrei à ela e farei de tudo para que torne-se realidade.

'vous aime et ne savez pas déjà comment vivre sans toi'
'elsker dig og ikke allerede ved, hvordan man kan leve uden dig'
'liebe dich und nicht bereits wissen, wie man ohne dich nicht leben
'
'te quiero y aún no saben cómo vivir sin ti'
'grá duit, agus níl a fhios conas cheana féin le maireachtáil gan tú'
'ti amo e non già sanno vivere senza di te'
'te amo e já não sei viver sem ti'



11 de nov. de 2009

me diga com quem andas e te direi quem és

São algumas poucas pessoas que fazem tudo isso ter alguma importância.
O jeito que nos sentimos quando sabemos que ali é onde tínhamos que estar, a satisfação de perceber que somos importantes.
O telefonema desesperado no meio da noite, as brincadeiras, os consolos... Momentos em que todos estiveram juntos, importantes e que te fazem perceber que a vida não tem graça se tu não tiveres uma boa história para contar.
São os irmãos que nós escolhemos, os amigos. Aquelas pessoas que farão de tudo para te ajudar, que largarão tudo para te socorrer se preciso for.
É imediato, é um olhar de confiança, são características em comum que não são tão comuns assim, é o costume de estar sempre junto, é sentir a falta de alguém, conhecê-los tão bem que sabemos exatamente o que essa pessoa faria ou falaria em frente à tal situação.
É preciso ter pessoas especiais para compartilhar momentos especiais; é preciso confiar, é preciso apoiar.




- Depois eu quero que tu me ajude numa coisa...
- Tá.
- Como assim tá? Não sabes nem o que é!
- Mesmo assim eu vou te ajudar.




Amo demais :)

7 de nov. de 2009

please, don't leave me


- Foi porque eu senti a sua falta?

- Não.

- Foi porque eu te liguei ontem à noite?
- Não.

- Porque foi então?

Ele se calou. Dos olhos dela começaram a transbordar lágrimas. Finalmente ele achou palavras:

- Eu acho que só não foi mais satisfatório. - levantou-se.

- Só isso? - perguntou ela enxugando as poucas lágrimas do seu rosto.

- É... Não sei. - disse ele, andando de um lado para o outro. - Acho que já não tenho mais nada pra fazer aqui, não é?
Tentou sorrir mas olhou-a pela última vez, foi até a cama, onde ela estava sentada, chorando. Agachou-se e pôs as mãos dela entre as dele.
- Eu só quis que acabasse bem, que nenhum dos dois ficasse com raiva do outro. A verdade é que eu estava distante, mesmo ainda sentindo algo por ti, só que não era o suficiente e...

Ela colocou seu dedo indicador na boca do rapaz, como em sinal de silêncio; ele obedeceu e calou-se. Ela inclinou-se e o beijou, silenciosa e lentamente o beijou pela última vez. Ele a olhou nos olhos e deixou que uma lágrima escapasse. Levantou-se e saiu do quarto.
Ela deitou-se e desabou a chorar e ele, ainda escutando aqueles sons cada vez mais distantes se pôs também, não sabia que seria tão difícil.

Seguiu pela rua movimentada apenas caminhando sem rumo, sem pensamento.
Algumas horas depois até sentiu uma enorme vontade de telefonar para ela e dizer que tudo não passou de uma brincadeirinha de mal gosto dele e que a queria de volta, ensaiou discursos até mas conteve-se. Mais cedo ou mais tarde se acostumaria com a falta dela. Tinha que se acostumar.



6 de nov. de 2009

necessidade


Não vou mais fugir, não vou mais ter medo. Quero provar que consigo. Constantemente as coisas andam fugindo do meu controle e eu até gosto assim, me adaptei até, me acostumei a idolatrar cada segundo que te toco, passei a admirar teus olhos cada vez mais fundo, a te beijar mais ternamente. Confesso que ainda sou um desastre como eterna romântica mas estou tentando.
Sinto tua pele como uma extensão da minha, sinto vontade de manter contato 24hrs, quero usar e abusar, quero saborear cada beijo, suspirar a cada toque em meu rosto e sentir tuas mãos deslizando pelas minhas pernas.
Na minha cama, já existe um espaço reservado para o teu corpo descansar; preciso tanto te ter...
Quero tanto que até esqueço das outras coisas, sonho tanto que acho até que já virou realidade.

Que mal faria um filmezinho em uma tarde chuvosa? Aqueles que as gurias choram e os guris as consolam? Ou ainda aqueles de terror que as gurias sentem medo e os guris estão lá para protegê-las, rindo? Quero isso, quero o dia-a-dia; te quero todo o dia.

3 de nov. de 2009

sitting in a english garden waiting for the sun...

Ajeitou os cabelos castanhos e cacheados em um coque muito bagunçado, caminhou até a estante alta e repleta de CDs organizados em ordem alfabética e escolheu o clássico 'White Album'; nunca foi muito fã dos Beatles, mesmo reconhecendo sua máxima importância para a música em geral. Havia alguma coisa em Paul McCartney que ela não conseguia aceitar, talvez fosse um cinismo ou alguma coisa de vilão que ela achava que não combinava com a imagem como um todo da banda The Beatles; mas era uma opinião dela.
Admirou a capa do álbum e sorriu ironicamente. Colocou o encarte de volta ao seu lugar e acendeu um cigarro. Abriu a janela para que o fim de tarde adentrasse na sua sala e sentou-se na varanda a pensar.
Após alguns minutos sentada olhando a paisagem e apenas escutando sem julgar levantou-se e apanhou um copo de whisky. Quando ela terminou sua bebida já havia anoitecido, ela então fechou a janela e fez o que tinha que fazer: organizar o álbum de fotografias.
Sentou-se no chão, em frente à estante e de costas para a janela e apanhou as fotos. Por um minuto hesitou em continuar, fazia apenas um mês.
Talvez a vontade repentina de escutar Beatles se devesse ao fato de seu pai sempre ter sido fã. Quem sabe isso a faria sentí-los ali com ela naquele momento tão difícil.
Levantou-se uma última vez para apanhar, dessa vez, a garrafa toda de Jack Daniel's que estava próxima dela, em cima da mesinha de centro. Voltou para o lugar onde estava sentada e começou a remexer nas fotos. À medida que ia organizando ia chorando e claro, bebendo.
Ou ela chorou tanto ou ela bebeu tanto que adormeceu no tapete da sala, ao lado das fotos e ao som do John Lennon.
Abriu os olhos e percebeu onde estava, sentou-se com dificuldade e apenas observou as fotos, eram momentos eternizados de seus pais, ali ela poderia olhar para eles quando quizesse, quando a saudade apertar o coração.
Novamente quis terminar o trabalho e ficou horas a organizar as fotos, parando apenas para comer e tomar água, bastante água. Escolheu a melhor foto com a intenção de colocá-la em um porta-retratos ao lado da discografia dos Beatles.
Ela lembrava direitinho como havia sido tirada a foto. Ela ainda era criança e estavam no zoológico, a intenção da foto era que aparecesse o hipopótamo mas eles o taparam, mais especificadamente ela havia tapado o hipopótamo. Naquele dia eles tiraram fotos de todos os animais afim de fazer um único álbum dedicado à viagem, ela tinha seis anos.
Quando as fotos foram reveladas ela chorou durante uma semana, culpada que havia tapado o animal na foto. Tolice, coisa de criança, naquela época a foto era importante, a viagem havia sido importante. Ela sorriu com lágrimas no olhar.

Buscou o porta-retratos e pôs a foto no lugar escolhido. Admirou-a por alguns instantes, acendeu um cigarro e voltou à varanda quieta. Roeu as unhas como quando era garotinha. Ficou ali até o fim da tarde, mesmo querendo ficar por todo resto da vida. Cantou alto e desafinada, com voz de choro o refrão que seu pai costumava cantarolar para ela como canção de ninar: 'Anna you come and ask me girl to set you free girl / You say he loves you more than me so I will set you free'. Cantou chorando e rindo; pensando em que pai cantaria essa canção para uma criança, quando ela descobriu o que dizia na música, aos nove anos de idade, saiu correndo para sua mãe, chorando e dizendo que seu pai não gostava dela. Apenas dez anos mais tarde foi entender, a única música dos Beatles que tinha seu nome, ela, bebezinha só dormia escutando essa música e então seu pai começou a cantá-la. Chorou até seu peito doer, até não ter mais água nenhuma no corpo, chorou o resto de tarde, chorou a vida inteira. Novamente, chorou até adormecer, sonhou com eles, eles estavam ali com ela, ao seu lado sempre. Ela sabia disso.

- Desde sempre para sempre meu amor, agora boa noite. - sempre dizia seu pai.






'Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right '

Here comes the sun - The Beatles

2 de nov. de 2009

um amor de verão


É só essa vontade de chorar. Vontade de me livrar de tudo que me prende, de tudo que eu não gosto e sou obrigada e agüentar, sem nem saber porque. É uma vontade tão grande jogar tudo pro alto e fazer o que der na telha, é uma vontade de viver um amor de cinema, de lutar cegamente por um objetivo e de tentar fazer a coisa certa. É uma vontade de não desapontar os outros e à mim mesma. Algo incontrolável que existe em mim que sempre tenta fazer pelo não-comunicável e não consegue. Eu não aprendo mesmo.
Eu tenho medo de perder as coisas que eu quero e que eu amo apenas por medo de conversar mas eu não sei por onde começar. Estou completamente perdida.
Esse aperto no peito está encomodando e nem chorando com força passa. Já contei várias noites de travesseiros molhados, de promessas quebradas e de insônia.

Queria que chorando passasse; queria que me consolaste; queria um amor pra toda vida.

1 de nov. de 2009

esteja onde estiver

Mais um ano que ela rearrumava o seu guarda-roupa. É aquela coisa típica de início da estação, trocamos as roupas pesadas e blusas de lã e gola por shortinhos e blusinhas cavadas e, ela sempre gostou disso.
Dentro de seu guarda-roupa, há quatro anos existe um conjunto de roupas, camiseta de banda, calça jeans surrada clara e um casaco preto, que, embora não sirvam não serão dados em ocasião nenhuma.

É ridículo mas ela quer guardá-los para sempre. São recordações; más recordações diga-se de passagem mas são e são importantes.

Há quatro anos coisas importantes aconteceram com aquela roupa e ela, a cada vez que olha o conjunto lembra-se de uma pessoa em especial. Talvez ela tenha medo de esquecê-lo se jogar as roupas fora; talvez ela já tenha se acostumado com o fato de vê-las diariamente, talvez ela as mantenha ali para, mesmo que em pensamento, lembre-se de seu vô, da risada dele, da infância e, principalmente dos jogos de dominó.

Só Deus sabe o quanto ela mudou há quatro anos atrás. Quem sabe ela guarda as roupas como marco do que mudou na sua percepção. Talvez para lembrar da dor de ter perdido o segundo pai e por ainda querer ter tido a oportunidade de compartilhar várias coisas com ele. Às vezes é para lembrá-la de dar carinho e amor para todos porque, quando menos se espera eles vão embora.


Mais um ano ela apenas mudou-as de lugar, tirou da prateleira de cima e as colocou na prateleira de baixo. Aliás, houve sim uma mudança: ela deu a camiseta. Sem motivo aparente, apenas decidiu doar; ela ainda tem como lembrança o casaco e a calça.

Sua mãe a xingou mas ela nem aí estava; ela ainda tinha o casaco e a calça.



'Tive poucos amores em minha vida...
Destes raros afetos conto nos dedos os que ficaram gravados de forma permanente em minha lembrança.
Uma garotinha de quem tirei uma foto rara que ocupa presença entre as páginas do meu livro de matemática, ternura nos dias nevoentos da minha vida.
Cacá, és uma lembrança que ficou marcada permanentemente em minha vida, teu avô não te esquece nunca porque já fazes parte de mim.'

Vô Gether
17/09/1925 - 20/07/2005